O que este conteúdo fez por você?
- A Petrobras apresentou fortes resultados no 1º trimestre, com lucro líquido recorrente positivo, crescimento do EBITDA e diminuição da dívida
- Na visão dos especialistas, papéis tendem a rumar de volta aos R$ 29, patamar de antes das interferências do governo na estatal
- Entretanto, dúvidas sobre interferências futuras ainda não desapareceram
A Petrobras anunciou os resultados do 1º trimestre de 2021 na noite desta quinta-feira (13). Segundo a petroleira, o EBTIDA (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado recorrente foi de R$ 47,7 bilhões (US$ 8,7 bilhões), um dos maiores da história. O fluxo de caixa livre foi 16,6% maior que o registrado nos três primeiros meses de 2020, passando de R$ 26,6 bilhões para R$ 31 bilhões.
Leia também
O lucro líquido da Petrobras também veio positivo em R$ 1,1 bilhão, revertendo o prejuízo de R$ 48,5 bilhões do mesmo período ano passado. Os números já impulsionam as ações PETR4, que sobem 4,36% às 12h30 desta sexta-feira (14).
Para Flavio Conde, chefe de análise da Inversa Publicações, a Petrobras obteve um desempenho bastante sólido. Na visão do especialista, os papéis agora tendem a se recuperar da crise instaurada na estatal, após troca de CEOs em função das insatisfações do presidente Jair Bolsonaro com a política de preços dos combustíveis.
Publicidade
Invista em oportunidades que combinam com seus objetivos. Faça seu cadastro na Ágora Investimentos
Atualmente, quem está na presidência da Petrobras é o general Joaquim Silva e Luna. Seu antecessor, Roberto Castello Branco, foi demitido após altas na gasolina e diesel – medidas impopulares que afetavam grupos importantes para a base eleitoral de Bolsonaro, como os caminhoneiros. “Excelentes resultados. As ações devem subir hoje e rumar aos R$ 29 (PETR4), cotação que estava em 18 de fevereiro de 2021, antes da intervenção do Governo Federal, quando Catello Branco foi “ameaçado” de demissão”, afirma Conde.
Os dados sobre a dívida bruta da Petrobras também surpreenderam positivamente. Houve uma redução de 20,5% na comparação com o 1º trimestre do ano passado, de US$ 89,2 milhões para US$ 70,9 milhões. “Com a redução da dívida bruta, a dívida líquida foi na mesma direção”, ressalta Conde. “O indicador ‘Dívida Líquida/EBITDA ajustado’ [que analisa o nível de endividamento da empresa] atingiu 2,03x em 31 de março de 2021, a melhor marca desde 2012.”
Essa também é a visão de Danilo Luna, consultor de investimentos e diretor de planejamento financeiro da IVEST. “Foram resultados muito fortes, que poderiam ter até sido melhores se não fosse o efeito negativa da variação cambial sobre a dívida da empresa. Eles também tiveram um controle de despesas muito grande, o que dá sinal de uma gestão de custos importante.”
Inseguranças não desapareceram
Os papéis ordinários da Petrobras (PETR4) ainda caem 16% no acumulado de 2021, passando de R$ 29,14 no início do ano para R$ 24,50 no fechamento de ontem (13).
O principal ponto de atenção seria quanto a possíveis desrespeitos à política de preços, já que a ingerência poderia acarretar em prejuízos à saúde financeira da Petrobras. Hoje, os combustíveis são reajustados em função da variação do dólar e da cotação do petróleo no mercado internacional.
Publicidade
“Se a política de reajuste de preços de derivados for mantida, as ações voltarão a subir. Porém, se for mantida, então, porque o presidente da Petrobras foi trocado?”, questiona Conde.
Para Danilo Luna, ainda é cedo para falar em recuperação da estatal e retomada de preço dos papéis. “O último sinal que foi dado com a troca da gestão foi muito negativo e a Bolsa brasileira tem outras empresas de petróleo com gestões privadas”, afirma o especialista. “Fora que a Petrobras tem algo a trabalhar que é se tornar uma empresa de energia, e não só de petróleo. Cada vez mais vemos esse tema de sustentabilidade, não sabemos até quando o petróleo continuará sendo adotado como fonte importante de energia.”
Silva e Luna, CEO da petroleiro, afirmou no relatório dos resultados que a empresa continuará a trajetória de geração de valor. “Gestão pautada na transparência, no diálogo e na racionalidade e com investimentos concentrados nos ativos em que somos reconhecidos como líderes mundiais”, disse o CEO.