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- A Petrobras (PETR3;PETR4) não conseguiu recuperar nesta terça-feira (24) as perdas de mais de 6% registradas no dia anterior
- Investidores temem risco político das medidas anunciadas no começo da semana, com interferências do governo e de partidos políticos na estatal
- Acionistas também reagem negativamente à possibilidade de redução dos dividendos
As ações da Petrobras (PETR3;PETR4) fecharam em leve alta nesta terça-feira (24), longe de recuperar as perdas de mais de 6% do dia anterior. A proposta da companhia para excluir os vetos para indicação de membros da alta administração continuou repercutindo mal no mercado, que teme risco político.
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Os papéis ordinários da Petrobras (PETR3) encerraram o pregão de terça-feira em alta de 1,56%, negociados a R$ 38,95, enquanto os preferenciais (PETR4) subiram 1,75%, a R$ 35,97. Além da queda do preço do barril de petróleo no exterior, o mercado continua reagindo com desconfiança às medidas anunciadas pela estatal na segunda-feira.
Em comunicado divulgado ao mercado, a companhia informou que seu Conselho de Administração aprovou, por maioria, a submissão de uma proposta de revisão do seu Estatuto Social à Assembleia Geral Extraordinária (AGE). Entre os pontos que chamaram a atenção dos investidores estão a criação de uma reserva de remuneração do capital, o que na prática pode reduzir o pagamento de dividendos.
- Veja também: Mercado elege suas petroleiras na Bolsa
Mas, para os analistas ouvidos pelo E-Investidor, o ponto mais preocupante do comunicado está no fim das restrições para a indicação de membros para a alta cúpula da administração da Petrobras. Ainda que a companhia tenha informado que a proposta mantém todos os requisitos previstos na Lei das Estatais, e que o objetivo é “tão somente manter o Estatuto Social da Petrobras atualizado”, o mercado teme que essa seja a porta de entrada para interferências políticas na estatal.
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Para Flávio Conde, analista da Levante Investimentos, a mudança abre espaço para que pessoas sem experiência empresarial e no setor de petróleo, como políticos ou dirigentes de partidos, assumam cargos decisivos na Petrobras. “A preocupação é que essas pessoas usem a Petrobras para seus próprios interesses, fazendo investimentos de retorno duvidoso ou até mesmo em projetos que dão prejuízo”, afirma.
Próximo foco de tensão
A Levante manteve a recomendação de compra neutra para a Petrobras, mas Conde afirma que tem dado preferência a outras companhias do setor, como PetroRio (PRIO3) e 3R Petroleum (RRRP3). “Nossos clientes hoje não têm Petrobras na carteira por causa do risco político”, diz.
Esse componente influencia também a reação do mercado com relação à reserva de remuneração de capital. Ricardo França, analista de investimentos da Ágora, explica que a mudança abre espaço para que a companhia use sua reserva de caixa para novos investimentos. Em tese, isso poderia gerar valor para a empresa no longo prazo.
“Em novembro a Petrobras vai anunciar o seu novo plano estratégico, e o mercado está atento para saber se os novos projetos serão economicamente viáveis e se vão gerar valor ou não”, aponta França.
Para Viccenzo Paternostro, gestor de renda variável da Gap Asset, a expectativa não é positiva. O temor é que a medida, assim como as indicações para a alta administração, acabe servindo aos interesses políticos do governo.
“Se o mercado acreditasse na capacidade de o atual conselho da Petrobras de fazer boa alocação de capital, essa lógica (de que priorizar investimentos pode gerar mais lucro e, portanto, mais dividendos no futuro) seria verdade. Mas não é o caso. O mercado acredita que as decisões de investimento serão políticas — e não visando o retorno para o acionista”, avalia Paternostro.
Dividendos
A Petrobras é hoje a maior pagadora de dividendos do País e segunda maior do mundo, segundo o ranking Janus Henderson Global Dividend Index. Mesmo com uma possível redução dos dividendos, Ricardo França, da Ágora, acredita que a companhia continuará sendo atrativa, tanto para os investidores locais, quanto internacionais, especialmente neste momento, em que os conflitos no Oriente Médio contribuem para a alta do preço do barril de petróleo.
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“Para o acionista global, que busca exposição a empresas de petróleo, A Petrobras continua sendo alternativa muito rentável”, avalia.