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Petróleo: entenda os fatores que dinamizam o mercado

Das ações da Petrobras a outros petroativos, entenda o que faz o "ouro negro" se valorizar

Petróleo: entenda os fatores que dinamizam o mercado
(Fonte: Shutterstock)
  • Segundo a Associação dos Engenheiros da Petrobras (AEPET), cada R$ 1 investido em exploração, produção e refino gera R$ 1,28 para a economia do Brasil. Assim, a empresa responde sozinha por quase 4% do PIB
  • A produção global de petróleo hoje beira os 100 milhões de barris por dia, e 20 milhões deles são dos Estados Unidos, o maior produtor mundial do óleo

(Por Carlos Pegurski, especial para o E-Investidor) –  Desde que a Petrobras foi fundada, nos 1950, ela tem um papel fundamental para a economia brasileira — o que ajuda a fazer que as ações PETR3 e PETR4 sejam muito visadas. Segundo a Associação dos Engenheiros da Petrobras (AEPET), cada R$ 1 investido em exploração, produção e refino gera R$ 1,28 para a economia do Brasil. Assim, a empresa responde sozinha por quase 4% do PIB.

Não é difícil entender por que o petróleo é tão importante. Mas como funciona esse mercado? Quais são seus fundamentos? O que faz as ações das petroleiras valorizarem?

O que impacta na variação do preço do petróleo?


Desde a década de 1970, a Opep regulou o preço do petróleo no mundo por meio do controle da oferta da matéria-prima. (Fonte: Maxx Studio/Shutterstock)

A matriz de mobilidade centrada no carro particular, somada ao fato de que o mundo hoje permite a circulação de pessoas, produtos e serviços em enorme velocidade, explica porque o petróleo é considerado o “ouro negro” e determinou o ritmo do mundo nos últimos 100 anos.

A produção global de petróleo hoje beira os 100 milhões de barris por dia, e 20 milhões deles são dos Estados Unidos, o maior produtor mundial do óleo. Mesmo assim, o consumo é tanto que a potência norte-americana ainda precisa importar o produto.

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A dependência dos EUA em relação à commodity explica seus conflitos com países do Oriente Médio, Venezuela, Rússia e outros produtores de petróleo nas últimas décadas, parte deles em termos francamente bélicos.

Embora tenham aumentado sua produção, os EUA seguem importando petróleo. (Fonte: Skorzewiak/Shutterstock)

Desde 1960, esses países têm respondido à pressão americana por meio da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep). Hoje, Angola, Argélia, Líbia, Nigéria, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Irã, Iraque, Kuwait, Catar, Equador e Venezuela compõem o bloco.

A atuação conjunta tem marcado o cenário internacional, sobretudo desde 1970, quando essas nações passaram a tratar o petróleo como um bem não renovável e, com base nesse argumento, regular a produção de acordo com o “calor” do mercado. Em 1973, os países diminuíram a produção, fazendo o preço do barril praticamente quadruplicar em um trimestre.

Por mais que ainda seja o principal produtor de petróleo, os EUA estão em um cenário completamente diferente de anos atrás, o que faz que a complexidade das variações de preço desse item tenha aumentado. Cinco países do Oriente Médio estão entre os 25 mais ricos do mundo. A empresa mais rentável de petróleo do mundo é a Saudi Aramco, estatal saudita com faturamento que ultrapassou a marca dos US$ 350 bilhões em 2018. Quase R$ 1,4 trilhão, segundo a cotação do dólar no fechamento do ano.

O que movimenta o mercado do petróleo e como ele tem se comportado

A demanda por petróleo diminuiu no início da pandemia de covid-19. (Fonte: Daniele Cossu/Shutterstock)

O petróleo oferece uma infinidade de usos. Após o refino, é possível extrair diferentes tipos de gás (desde variantes industriais até a doméstica), nafta, gasolina, querosene, diesel, uma série de óleos, asfalto, ceras e outros produtos.

Mas a principal razão pela qual ele é demandado se refere ao uso de combustível para deslocamento e abastecimento, por isso tem importância estratégica: quando sua negociação sofre impactos, positivos ou negativos, acende-se o “sinal amarelo” para todos os setores.

Alguns dos principais fatores que influenciam o preço do petróleo são:

1. Saúde do mercado mundial

Desde o início de 2020, quando a covid-19 começou a ganhar proporção global, o mercado se agitou. Empresários, investidores, políticos e analistas passaram a discutir os possíveis impactos do então novo coronavírus não só em termos humanos, mas também econômicos.

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Em março, houve três circuit breakers na B3 em apenas uma semana, algo que não havia ocorrido até então na Bolsa brasileira. Essa movimentação ocorre quando o Ibovespa, seu principal índice, cai mais de 10%.

O efeito foi sentido, é claro, na principal petroleira do País: as ações PETR4, com maior volume e maior liquidez, caíram de R$ 29 para R$ 12 em pouco mais de 30 dias. Os papéis da PETR3 saíram de R$ 31 para R$ 12 no mesmo período. Para se ter ideia da dimensão da crise, os títulos levariam um ano para se recuperar da queda.

A principal razão para isso é que o petróleo é vital para a logística, principal mudança no decorrer de 2020, do ponto de vista da economia. Segundo a pesquisa “Pulso Empresa: Impacto da Covid-19 nas Empresas”, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 40% das falências de empresas foram diretamente influenciadas pela pandemia. Ou seja, há relação direta entre o coronavírus e o desaquecimento da demanda por petróleo.

Nos primeiros meses de pandemia, a indefinição sobre as saídas para o vírus paralisaram as cidades brasileiras. (Fonte: Nelson Antoine/Shutterstock)

Isso não é exclusividade do Brasil. Quando potências como China e Estados Unidos demonstraram estar balançadas pelo Sars-CoV-2, as principais bolsas reagiram negativamente, e o preço dos papéis das petroleiras estão entre os motivos da depreciação, já que se anteviu a queda da demanda por barris.

Diante disso, alguns players internacionais também passaram a se movimentar para conter os danos do “efeito covid”. Quando o preço do barril diminuiu cerca de 20% em um mês, no início de 2020, a Opep+ (membros e aliados prioritários) se reuniu para decidir diminuir ou não a produção de petróleo como forma de baixar o preço.

2. Política local e internacional

O equilíbrio nessa balança era mesmo difícil. Por um lado, manter a oferta de petróleo em níveis elevados significava assumir riscos econômicos em um período especialmente sensível e de duração indefinida, afinal o preço do barril flutuaria em níveis reduzidos. Por outro lado, enxugar demais a produção poderia estimular a produção de xisto, matéria-prima que os EUA têm em boa quantidade.

O impasse permaneceu por longos meses, sobretudo entre russos e árabes. A eleição de Joe Biden nos EUA e a promessa de derrubar barreiras protecionistas parece ter pacificado os ânimos. Ao menos por enquanto, a Casa Branca tem procurado sinalizar uma ruptura em relação à política internacional tomada por Donald Trump. Em sua primeira viagem internacional, Biden disse no Reino Unido que “os Estados Unidos voltaram”. Assim, parece que o democrata não terá interesse em romper as negociações de petróleo.

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Voltando ao Brasil, a intervenção estatal também tem sido um fenômeno delicado quando o assunto é petróleo. Antes do coronavírus, a última queda no valor de mercado da Petrobras ocorreu em 2018, quando o governo de Michel Temer decidiu intervir no preço do diesel frente a uma paralisação de caminhoneiros. Os investidores não digeriram bem a decisão, e os títulos da empresa caíram 40% em poucos dias: a PETR4 foi de R$ 25 para R$ 15; e a PETR 3, de R$ 30 para R$ 18.

Se a intervenção econômica afasta o apetite do mercado, a intervenção política causa indigestão. Em fevereiro deste ano, o governo Bolsonaro trocou o comando da Petrobras e gerou em um único dia uma depreciação de cerca de 20% em ambos os papéis. O impacto foi profundo.

Mesmo vindo de um período muito rentável (o 4T2020 foi sete vezes mais rentável que o de 2020 graças à retomada gradual da economia e à valorização do dólar), a empresa levou quatro meses para recuperar o valor de mercado.

É por isso que se considera que o petróleo é uma matéria-prima tão central quanto sensível. E o fato de ser centralizada em gigantes do mercado exige ainda mais cautela: não há espaço para impulsividade.

3. Agentes do mercado

Existem pequenas grandes empresas de petróleo que merecem entrar no radar. Se é verdade que elas não têm o mesmo peso para o PIB do País, é fato que podem ser especialmente atrativas quando o assunto é sua carteira de investimentos.

Para localizar grandes reservas de petróleo, estudar a viabilidade de extração e efetivamente iniciar a perfuração, é preciso muito capital. Visando a projetos bilionários, as grandes empresas deixam de explorar uma cadeia de poços pequenos para seu tamanho, mas de ótimo porte para empresas menores, sobretudo quando se trata de perfurações on shore (sob a terra, e não sob o mar, que são off shore).

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Esse tipo de operação exige menos tecnologia e menos investimento em pesquisa e desenvolvimento, tornando a atividade lucrativa mesmo em uma cadeia menor. Assim, empresas de tamanho intermediário, como a PetroRio, têm menos riscos para lidar com um mercado com ótima demanda e uma dinâmica cambial perfeita, sobretudo com o real desvalorizado: custos em moeda doméstica e venda de barris em dólar.

Vale a pena considerar o mercado das petroleiras para além da PETR4, que é o “feijão com arroz” dos investidores.

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