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O que esperar de Petrobras após definição do novo Conselho

Silva e Luna, indicado por Jair Bolsonaro para ocupar o lugar de Castello Branco, foi aprovado em assembleia

O que esperar de Petrobras após definição do novo Conselho
O general da reserva Joaquim Silva e Luna. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
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  • Em Assembleia Geral Extraordinária (AGE) realizada na segunda-feira (12), o atual CEO da estatal Roberto Castello Branco foi oficialmente destituído da liderança do Conselho de Administração da companhia
  • O general Joaquim Silva e Luna, indicado por Bolsonaro para ocupar o lugar de Castello Branco, foi aprovado para integrar o Conselho. O próximo passo é que ele seja votado para a presidência da estatal
  • Para Flavio Conde, chefe de análise da Inversa Publicações, a notícia é negativa para a estatal, já que a União conseguiu emplacar a maioria no Conselho e vencer os minoritários

Após semanas de incertezas em torno das interferências do Governo na Petrobras, algumas decisões foram finalmente consolidadas. Em Assembleia Geral Extraordinária (AGE) realizada na segunda-feira (12), o atual CEO da estatal Roberto Castello Branco foi oficialmente destituído da liderança do Conselho de Administração da companhia. O executivo virou alvo do presidente Jair Bolsonaro por conta das altas nos preços dos combustíveis e teve a demissão anunciada em fevereiro.

O general Joaquim Silva e Luna, indicado por Bolsonaro para ocupar o lugar de Castello Branco, foi aprovado para integrar o Conselho. O próximo passo é que ele seja votado para a presidência da estatal. Dos oito membros eleitos na reunião de ontem, sete foram indicados pelo Governo e apenas um pelos acionistas minoritários.

Para Flavio Conde, chefe de análise da Inversa Publicações, a notícia é negativa para a estatal, já que a União conseguiu emplacar a maioria e vencer o ‘mercado’ (representado pelos minoritários).

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“Em outros governos também foi assim e eles (FHC, Lula, Dilma e Temer) faziam o que queriam na Petrobras. O que preocupa o mercado agora? Preocupa se a política de preços dos derivados do petróleo vai mudar, deixando de acompanhar os preços do mercado internacional – que são cotados em dólar – mais a variação da cotação do dólar no Brasil”, afirma o especialista

Segundo Conde, a probabilidade de nenhuma alteração ocorrer na política de preços da Petrobras é pequena. Na visão dele, o cenário mais provável é de que os reajustes nos combustíveis, hoje semanais, passem a ser feitos trimestralmente e sem considerar o dólar – o que geraria uma defasagem e prejuízos para a estatal no período.

“O que fazer com as ações da Petrobras (PETR4)? Vender e trocar por umas 3 ou 4 ações como Suzano, Gerdau, Itaú e Eletrobras. Se quiser mais emoção, pode acrescentar Oi”, aconselha o chefe de análises da Inversa.

Caso Silva e Luna determine a extinção de uma política de preços, seja ela qual for, e a redução dos preços do diesel e do gás de cozinha, outros dois resultados seriam esperados: o aumento da popularidade do presidente e uma queda de 15% nas ações da Petrobras.

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Na segunda-feira, dia da reunião, as ações da estatal já sentiram o impacto das preocupações dos investidores em relação ao que seria decidido para o comando da Petrobras. Após dispararem 3,10% nas primeiras horas de pregão, os papéis PETR4 declinaram e terminaram a sessão em alta de 1,01%, aos R$ 23,89. Segundo Ilan Arbetman, analista da Ativa Investimentos, o dia foi dicotômico.

“Tiveram notícias positivas de que a companhia chegou a um acordo com a União para a compensação dos campos de exploração de Atapu e Sépia, e esse foi o ponto principal para que a estatal tivesse ganhos”, afirma o especialista. “Mas os ganhos foram mitigados pelo medo em torno da reunião do Conselho, com a eleição desses oito conselheiros.”

Renúncia do único conselheiro ‘do mercado’?

Fora Luna, outros sete foram eleitos para o órgão administrativo: Eduardo Bacellar Leal Ferreira (presidente do Conselho), Sonia Julia Sulzbeck Villalobos, Cynthia Santana Silveira, Marcio Andrade Weber, Murilo Marroquim de Souza, Ruy Flaks Schneider e Marcelo Gasparino da Silva (único escolhido pelos minoritários)

Entretanto, ainda na segunda-feira (12), Marcelo Gasparino declarou que renunciaria ao cargo logo depois de assumir o Conselho da companhia. A medida seria uma forma de reivindicar eleições mais justas e claras. De acordo com a mensagem divulgada em seu LinkedIn, Gasparino afirma que houve ‘no mínimo, distorções’ no processo de recebimento e apuração dos votos feitos à distância.

“Se eleito pelo processo de votação […], tomarei posse e renunciarei para que uma nova reunião possa ser convocada e que os votos depositados através do Boletim de Voto à Distância cheguem corretamente para a Petrobras”, afirma o executivo, eleito pelos minoritários.

O imbróglio da política de preços

O motivo do desentendimento que levou Bolsonaro cravar a demissão de Castello Branco foi a insatisfação do líder do Executivo com o aumento dos preços dos combustíveis, como diesel e o gás de cozinha. Os reajustes são impopulares e atingem importantes bases eleitorais do líder do Executivo, já de olho no pleito de 2022.

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“As gestões anteriores acompanhavam semanalmente os preços do mercado internacional vezes a cotação do dólar e reajustava todos os derivados. Só que o dólar pulou de R$ 5,19 para R$ 5,74, nos primeiros 3 meses de 2021. O petróleo Brent foi de US$ 51/barril para US$ 64, no período”, diz Conde. “Aí a Petrobras reajustou e o resto vocês já sabem.”

A disparada dos preços dos barris de petróleo e disparada do dólar resultaram em um aumento de mais de 35% nos preços de gasolina, diesel, gás de cozinha e outros derivados apenas em 2021. “O que gerou um aumento forte da inflação, reclamações de consumidores e do presidente da República. Em seguida, o presidente demitiu o Castello Branco e indicou o general Silva e Luna.”

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