- A Uber, que tem BDR disponível na Bolsa brasileira com o ticker U1BE34, teve prejuízo de US$ 509 milhões no segundo trimestre
- A tecnologia joga a favor da queda da inflação, especialmente em países desenvolvidos. Entretanto, no Brasil, existem outros motivos estruturais que impedem o movimento, diz economista
- O fechamento das montadoras durante a pandemia afetou a compra de novos veículos nas empresas de aluguel, o que gerou um custo maior para os motoristas
Se você solicitou uma corrida em aplicativos de transporte recentemente, provavelmente percebeu o aumento dos preços e maior dificuldade em conseguir a confirmação de um motorista. O que talvez você não saiba é que as empresas do setor de combustíveis e locação de veículos listadas na Bolsa brasileira têm relação direta com o aumento no preço do serviço.
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O setor de transportes foi um dos mais afetados pela crise causada pelo pandemia do coronavírus e do lockdown ao redor do mundo. Além das companhias aéreas, o transporte terrestre também foi fortemente prejudicado. As ações das empresas locadoras de veículos listadas na B3 chegaram a cair 58% por conta da crise.
Apesar do preço dos papéis voltarem aos preços pré-pandemia, ainda há uma dificuldade que as empresas enfrentam: a compra de carros. Tanto a Uber (U1BE34), como as empresas de locação Unidas (LCAM3), Localiza (RENT3) e Movida (MOVI3), registram baixas no acumulado do ano.
Acumulado anual das empresas de veículos | ||||
Empresa | Ticker | Último fechamento | Variação nas últimas 24h |
Variação no acumulado do ano
|
Uber | U1BE34 | R$ 56,45 | -0,31% | -18,43% |
Localiza | RENT3 | R$ 57,39 | 0,54% | -16,39% |
Unidas | LCAM3 | R$ 25,52 | 0,86% | -13,11% |
Movida | MOVI3 | R$ 20,10 | -2,18% | -1,53% |
Fonte: Broadcast. Dados coletados no fechamento de 11 de agosto de 2021 |
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Por conta do fechamento de fábricas e montadoras, a produção de veículos novos também foi reduzida. Apesar do número de carros comprados por Unidas, Localiza e Movida ter aumentado do primeiro trimestre deste ano para o segundo tri, a média anual de carros comprados ainda é significativamente menor em relação aos anteriores à pandemia.
Média anual de carros comprados | ||||
Ticker | 2019 | 2020 | 2021 | |
Localiza | RENT3 | 55.884 | 27.345 | 27.507 |
Unidas | LCAM3 | 23.373 | 19.959 | 21.244 |
Movida | MOVI3 | 19.181 | 17.398 | 17.092 |
Fonte: Balanços do 2T21 das respectivas empresas |
“A falta de carros nos pátios significa falta de aluguel e, consequentemente, de receita para as locadoras”, aponta Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos. Ele explica que o fechamento das montadoras durante a pandemia afetou a compra de novos veículos nas empresas de aluguel, o que gerou um custo maior para os motoristas de aplicativo que utilizam carros dessas companhias.
Cruz complementa que o preço dos combustíveis é um importante termômetro para a inflação. Segundo ele, o IPCA (principal indicador da inflação no Brasil) ‘não dá sinal de que vai dar tréguas”. Como consequência, o preço final alto é visto nas telas do celular.
Além disso, com o reaquecimento da economia por conta da diminuição dos número de casos e mortes pelo coronavírus, a demanda por petróleo cresce, fazendo o ativo ser valorizado no mercado.
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Para Leonardo Milane, sócio e economista da VLG Investimentos, a tecnologia joga a favor da queda da inflação, especialmente em países desenvolvidos. Entretanto, no Brasil, existem outros motivos estruturais que impedem o movimento.
Apesar dos impasses macroeconômicos, as opções de alternativas mais baratas para um determinado serviço contribui para a circulação de capital no mercado. “Existe uma relação entre empresas brasileiras e os aplicativos de carona. No balanço do segundo trimestre das locadoras de veículos, vimos que o aluguel para fim de trabalho é uma geração de caixa nova que tem mostrado resultado”, comenta.
Resultado trimestral
A Uber, que tem BDR disponível na Bolsa brasileira com o ticker U1BE34, reportou prejuízo de US$ 509 milhões no segundo trimestre. No balanço, também mostrou que a receita de entrega de comidas (Uber Eats) supera a de serviços de caronas (US$ 1,96 bilhão vs. US$ 1,62 bilhão). No relatório, acrescentou que espera registrar Ebitda ajustado positivo até o final do ano.
A empresa gastou US$ 250 milhões com incentivos a motoristas no 2T21, o que aumentou os prejuízos no segmento de transporte urbano por aplicativo. Os custos e despesas totais no segundo trimestre aumentaram em mais de 57% ano a ano, para US$ 5,12 bilhões.
*Com Conteúdo Reuters
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