- O que esperar da safra de IPOs em 2022, que iniciará com cerca de 30 ofertas sob análise da Comissão de Valores Mobiliários (CVM)
- Analistas ouvidos pelo E-Investidor avaliam que o próximo ano será de muitas incertezas, boa parte destas resultado da próxima eleição presidencial, que, tradicionalmente, gera volatilidade para as negociações de ativos no mercado de capitais
- Para João Daronco, analista da Suno Research, entre os pedidos já protocolados na CVM e que estão sob análise da autarquia, o mais promissor é o da CSN Cimentos
O saldo final das 52 ofertas iniciais de ações (IPOs) realizadas em 2021 na Bolsa de Valores brasileira movimentaram R$ 54,9 bilhões, sendo 30 ofertas do tipo primária (R$ 35,9 bilhões) e 22 do tipo secundária (R$ 18,9 bilhões), de acordo com dados da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Mas o que esperar da safra de IPOs em 2022, que iniciará com 28 ofertas sob análise da CVM?
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Da lista de IPOs estacionados na CVM, 26 só têm a minuta e dois foram interrompidos. É o caso da rede de academias Bluefit e da empresa Environmental ESG, braço de gestão de resíduos sólidos da Ambipar (AMBP3). Ambas citam condições desfavoráveis e de volatilidade no mercado de capitais como justificativa para interromper o IPO.
A farmacêutica Althaia foi excluída da lista porque desistiu de abrir capital na B3, também devido à atual conjuntura “desfavorável” para a oferta, conforme comunicado ao mercado publicado em 3 de novembro do ano passado.
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A Selfit registrou seu pedido de abertura de capital na B3, no dia 13 de dezembro. Assim como na maioria das outras ofertas em análise, no registro da rede de academias só consta a minuta do prospecto preliminar. Esse documento até informa os bancos coordenadores da oferta – UBS Brasil (líder) e Bradesco BBI-, mas não traz informações detalhadas, como número de ações ofertadas, faixa indicativa de preço, cronograma etc.
O que esperar de 2022?
Analistas ouvidos pelo E-Investidor avaliam que o ano será de muitas incertezas, boa parte destas resultado da próxima eleição presidencial, que, tradicionalmente, gera volatilidade para as negociações de ativos no mercado de capitais. Mas existem outros fatores que reforçam as dúvidas de curto a médio prazo no País.
“Há um ambiente macroeconômico desafiador, com desaceleração da atividade combinada com inflação e juros em alta”, diz Alexsandro Nishimura, economista e sócio da BRA.
Após o comunicado mais duro do Comitê de Política Monetária (Copom) em dezembro, os economistas do mercado financeiro elevaram a projeção para a taxa básica de juros, a Selic, de 11,25% para 11,50% ao ano (a.a), no fim de 2022. Atualmente, a taxa está em 9,25%. Já as estimativas dos economistas para a inflação ficaram em 5,02%, acima dos 5% do teto da meta de 2022. Os dados são do boletim Focus do Banco Central.
“Isso não quer dizer que não teremos espaço para IPOs. As empresas costumam esperar por janelas de liquidez que ofereçam melhores oportunidades para precificação das ofertas. Essa lista costuma aumentar ou diminuir conforme o momento vivido pelo mercado”, aponta Nishimura.
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Hugo Queiroz, estrategista-chefe do TC Matrix, afirma que as incertezas podem ser dissipadas, deixando o terreno para IPOs mais atrativo. Na visão dele, as janelas de abertura de capital mudam de forma muito rápida, tanto para o lado positivo quanto para o negativo.
“Ao mesmo tempo em que estamos vivenciando um momento mais difícil, se tiver um arrefecimento do risco, uma confirmação de premissas mais positivas para a frente, podemos ver a retomada das ofertas em análise e o aumento da lista”, diz Queiroz.
Quais IPOs poderão fazer sucesso em 2022?
Para João Daronco, analista da Suno Research, entre os pedidos já protocolados na CVM e que estão sob análise da autarquia, o mais promissor é o da CSN Cimentos.
“A (holding) CSN já vem realizando IPO dos seus braços operacionais e a operação de cimento deverá chamar a atenção dos investidores”, diz Daronco. “O cimento é um dos materiais mais utilizados no mundo e essencial para construção de residências e infraestrutura”, acrescenta.
O analista da Suno também cita a caso da Tambasa como um possível IPO de sucesso, uma vez que esta “é a terceira maior atacadista do Brasil, com números impressionantes”. Embora o pedido da companhia ainda não consta na base pública da CVM, fontes afirmam que a empresa prepara o IPO para a primeira metade de 2022, uma operação que pode movimentar entre R$ 2 bilhões e R$ 2,3 bilhões.
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Para Queiroz, da TC Matrix, o IPO de maior sucesso pode ser da deverá Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan). “É o tipo de IPO que deve ter o maior apelo, dado o marco do saneamento, que foi validado pelo STF recentemente e vai gerar muita demanda de investimento de infraestrutura”, acredita Queiroz.
Mas a lista de apostas do estrategista vai além e tem mais cinco nomes: Bluefit, Cencosud, CSN Cimento, Environmental ESG, Madero.
Veja a lista completa de ofertas em análise na CVM (pela ordem de pedido):
- Invest Tech
- CSN Cimentos
- Trocafone
- Monte Rodovias
- Vix Logística
- Ammo Varejo
- Bluefit Academias
- Madero
- Dori Alimentos
- Environmental ESG
- Vero
- ISH Tech
- Cerradinho Bioenergia
- Coty Brasil
- Claranet
- Fulwood
- Cencosud
- BMRV
- JFL
- Datora
- Captalys
- Interplayers
- SBPAR
- Verzani & Sandrini
- Cantu Store
- Corsan
- Miguel Bartolomeu
- Selftit