Publicidade

Mercado

Quem vai pagar mais dividendos no 2º tri: Itaú (ITUB4), BB (BBAS3), Santander (SANB11) ou Bradesco (BBDC4)?

Analistas apontam um banco para comprar com expectativa em proventos e outro para lucrar com a alta da ação

Quem vai pagar mais dividendos no 2º tri: Itaú (ITUB4), BB (BBAS3), Santander (SANB11) ou Bradesco (BBDC4)?
Veja o que esperar dos grandes bancos nos balanços do 2º trimestre de 2024 (Foto: Adobe Stock)
  • Itaú e Banco do Brasil devem ter resultados robustos no segundo trimestre de 2024, segundo os analistas
  • O Banco do Brasil deve ser o maior pagador de dividendos, conforme as estimativas dos analistas
  • O Bradesco não deve pagar dividendos atrativos, mas a ação é uma alternativa para quem visa lucrar com a valorização do papel

A temporada de balanços dos grandes bancos começa nesta quarta-feira (24) com o Santander (SANB11) divulgando os seus resultados do segundo trimestre. O calendário continua com o Bradesco (BBDC4), que apresentará o balanço no dia 5 de agosto, seguido pelo Itaú Unibanco (ITUB4) em 6 de agosto e pelo Banco do Brasil (BBAS3), no dia 7 de agosto. Na véspera da divulgação do primeiro balanço, os investidores estão curiosos para saber qual deles terá o melhor resultado para pagar os dividendos.

O consenso dos analistas é de que o Itaú deve apresentar o melhor resultado referente ao período de abril a junho de 2024. Entretanto, os cálculos dos analistas indicam que o maior banco privado do País não é necessariamente aquele que pagará o maior porcentual de dividendos em relação ao preço de sua ação (dividend yield). Na visão dos analistas do JP Morgan, o Itaú deve apresentar números “consistentes e previsíveis”, o que é positivo para os investidores da companhia.

Os especialistas esperam um resultado sólido do Itaú no 2T24, com lucro de R$ 9,9 bilhões, um aumento de 13% em comparação ao segundo trimestre de 2023. O JP Morgan também espera um Retorno sobre o Patrimônio Líquido (ROE) do Itaú de 22%.

Publicidade

Invista em oportunidades que combinam com seus objetivos. Faça seu cadastro na Ágora Investimentos

“O Itaú tem sido a empresa do setor financeiro mais proativa em meio às mudanças do mercado provocadas pelos bancos digitais. A companhia tem feito mudanças em seu modelo de negócios assertivamente, reduzindo custos, fazendo aquisições oportunas e melhorando seu canal digital”, afirmam Yuri Fernandes, Guilherme Grespan, Marlon Medina e Fernanda Sayao, que assinam o relatório do JP.

Diante dessas estimativas, o JP Morgan prevê que o Itaú distribuirá um dividendo de 8% do valor de sua ação ao longo de 2024. Para 2025, a estimativa é de que o Itaú pague 8,2% do valor de seus papéis em dividendos.

No relatório, os analistas deixam claro que o Itaú é a ação favorita da equipe. A escolha dos especialistas se deve aos resultados que o banco tem apresentado nos últimos trimestres. Eles estabeleceram um preço-alvo de R$ 38 para ações do Itaú no fim de 2024, representando um potencial de alta de 10,98% em relação ao fechamento de segunda-feira (22), quando o papel encerrou o pregão negociado a R$ 34,24.

  • Bancos globais podem ter perdas de aproximadamente US$ 2 trilhões; entenda

Milton Rabelo, analista da VG Research, não tem o papel do Itaú como seu favorito, mas concorda que o banco deve reportar o melhor resultado do trimestre, com maior lucro e maior ROE entre os bancos, devido aos fortes investimentos em tecnologia e ao foco na otimização de processos realizados pelo banco.

“O resultado líquido da instituição deve ser impulsionado pela boa receita líquida de juros, assim como pelo bem-sucedido gerenciamento do custo do crédito e das despesas administrativas”, explica Rabelo. O especialista calcula que a empresa gerida por Milton Maluhy Filho deve pagar 7,2% do seu valor de mercado em dividendos nos próximos 12 meses.

O Itaú também é bem avaliado por Júlio César Vieira da Costa, contribuidor do TC Investimentos. O especialista estima um lucro de R$ 10,1 bilhões para o segundo trimestre de 2024. “Acredito que o lucro deve ser impulsionado pela evolução contínua da receita líquida de juros, além de uma melhora no custo de crédito decorrente da estabilização da inadimplência e da expansão mais controlada das despesas administrativas”, explica Costa.

Publicidade

Nessa perspectiva, Costa calcula que o Itaú deve pagar 6,5% do seu valor de mercado em dividendos e que o papel está atrativo para o investidor. A Ativa Investimentos também estima um pagamento de dividend yield de 5,9% para 2024 e de 7,2% para o Itaú em 2025.

Para capturar esses proventos estimados, a Ativa comenta que o investidor deve comprar o papel do Itaú até a faixa dos R$ 33; acima desse valor, não é recomendado comprar a ação. Ainda assim, a Ativa tem recomendação neutra para o Itaú, com preço-alvo de R$ 39, um crescimento de 13,9% em relação ao fechamento de segunda-feira (22).

Banco do Brasil deve ser o banco que mais pagará dividendos

Se o Itaú deve ter o melhor resultado, o maior pagador de dividendos em relação ao seu valor de mercado, na visão dos analistas, será o Banco do Brasil. A equipe do JP Morgan estima que o banco estatal deve pagar 10,5% do seu valor de mercado em dividendos em 2024 e 11,2% em 2025. A expectativa para o resultado do segundo trimestre de 2024 é de um lucro líquido de R$ 9 bilhões, uma melhora de 2,27% em comparação com o lucro de R$ 8,8 bilhões do mesmo período do ano passado.

Segundo os analistas, a companhia administrada por Tarciana Medeiros deve continuar com resultados robustos por ser um banco defensivo, com 65% de sua carteira de crédito voltada para o setor do agronegócio e empréstimos comerciais, que historicamente apresentam uma inadimplência menor.

“É verdade que a inadimplência do agronegócio tem subido ultimamente, mas acreditamos ser sobretudo uma normalização em direção aos níveis históricos em vez de um grande ciclo de crédito. Além disso, o banco tem seguros, garantias e ainda saudamos sua posição de liderança neste segmento que tem sido o motor do crescimento do PIB no Brasil nos últimos anos”, apontam Fernandes, Grespan, Medina e Sayao, que assinam o relatório.

Entretanto, os analistas ressaltam que o Banco do Brasil não é a ação favorita deles em função do Retorno sobre o Patrimônio Líquido (ROE) do Banco do Brasil, que encerrou o primeiro trimestre de 2024 na faixa dos 21%, estar no pico. A equipe estima que o indicador tende a desacelerar gradualmente em breve, devido à menor lucratividade do banco diante das taxas de juros mais baixas em comparação com o mesmo período de 2023. Mesmo assim, o JP Morgan recomenda a compra das ações do BB com preço-alvo de R$ 32, uma alta de 17,9% em relação ao fechamento de segunda-feira (22), quando o papel encerrou o dia cotado a R$ 27,14.

Já a Ativa Investimentos espera um crescimento tímido da carteira de crédito devido ao efeito sazonal do Plano Safra no segundo trimestre, além de uma base forte de comparação com anos anteriores. “Nos spreads, também esperamos um desempenho mais negativo, contribuindo para uma margem financeira com clientes abaixo das expectativas. Para as despesas administrativas, projetamos um crescimento mais consistente em relação ao primeiro trimestre de 2024”, explica a corretora.

Publicidade

Os spreads são os ganhos que os bancos obtêm na diferença entre o que cobram para emprestar dinheiro e o valor que pagam para captar esse dinheiro. Diante dessas estimativas, a Ativa acredita que o Banco do Brasil deve ser o maior pagador de dividendos entre os bancos, com a companhia pagando 10,3% do preço de sua ação em dividendos em 2024 e 10,4% de seu valor de mercado em dividendos para o ano de 2025.

Para capturar esses proventos, os analistas dizem que o melhor é comprar a ação até a faixa dos R$ 47,00. Já se o investidor quiser apenas lucrar com a ação com foco na valorização do ativo no mercado, o ideal é comprar o papel do Banco do Brasil agora com um preço-alvo de R$ 37,50 para o fim de 2024, uma alta de 38,2% em comparação com o fechamento de segunda-feira (22).

Milton Rabelo, da VG, também acredita que o papel deve pagar 10,1% do seu valor em dividendos. O especialista deixa claro que a ação do Banco do Brasil é a sua favorita para o pagamento de dividendos, pelo fato do banco ter o maior dividend yield estimado entre os pares e por apresentar um valuation ainda muito convidativo.

Santander é o banco menos interessante, segundo os analistas

No segundo trimestre, a expectativa dos analistas é de que o Banco do Brasil pague o maior percentual de dividendos. Em relação ao Santander, os especialistas apontam que o banco espanhol está atrás e não deve se apresentar de forma atrativa para o investidor. Os analistas do JP Morgan têm recomendação neutra para o Santander, com preço-alvo de R$ 32, um avanço de 11,49% em relação ao fechamento de segunda-feira (22), quando o ativo terminou o dia cotado a R$ 28,70.

Os especialistas do banco americano projetam um pagamento de dividendos de 6,5% para o Santander em 2024 e de 7,8% para 2025. Reconhecem que estão mais otimistas do que antes devido às tendências operacionais e à recuperação da rentabilidade, medida pelo ROE. “Acreditamos que a maioria do agravamento da inadimplência já ficou para trás e esperamos que o Santander Brasil retome o crescimento dos empréstimos”, dizem.

Entretanto, a equipe do JP Morgan afirma que o Santander pode enfrentar maior pressão nas margens financeiras devido a taxas mais baixas, deterioração na qualidade do crédito decorrente de uma situação econômica pior do que a esperada, com desempenho e receitas de taxas mais baixas. Por causa disso, a recomendação é neutra.

A Ativa Investimentos comentou que não tem recomendação de compra para o Santander por não cobrir o banco. Por isso, os especialistas não fazem estimativas sobre a empresa. Vale lembrar que o Santander passou por forte turbulência nos últimos dois anos, provocada pela alta da inadimplência e queda da sua rentabilidade. Atualmente, a companhia tenta se recuperar. A inadimplência foi controlada no segundo trimestre de 2023 e desde então o Santander tem em vista retomar sua rentabilidade histórica na faixa dos 22,4% do terceiro trimestre de 2021.

Na visão de Júlio César Vieira da Costa, contribuidor do TC Investimentos, a recuperação do Santander será lenta. O especialista observa que a rentabilidade do banco deve aumentar de 14,1% para cerca de 14,6%. Ele acredita que o lucro da divisão brasileira do banco espanhol deve subir de R$ 2,3 bilhões no segundo trimestre de 2023 para R$ 3,24 bilhões no segundo trimestre de 2024, um crescimento de 40%.

“A carteira de crédito tende a apresentar uma leve aceleração em relação ao primeiro trimestre de 2024, com a retomada em linhas mais agressivas como Pequenas e Médias Empresas (PMEs). No entanto, a companhia deve enfrentar spreads mais pressionados por causa de um mix ainda conservador e efeitos no funding devido à curva de juros”, explica Costa.

Publicidade

O especialista comenta que os resultados do ano continuam aquém do verdadeiro potencial do banco e, por isso, o papel SANB11 já é negociado a um preço justo. Enquanto isso, Milton Rabelo, da VG, diz que o Santander deve pagar o menor dividend yield entre os pares. Na visão do especialista, o banco espanhol deve distribuir 6,08% do seu valor de mercado em proventos aos acionistas.

Rabelo também concorda que o Santander está saindo de um período complicado e alerta para a pressão sobre a ação do banco caso os resultados fiquem abaixo do esperado. “O mercado estará analisando com cautela a evolução dos resultados do Santander. Caso a evolução dos resultados não se materialize na velocidade esperada, é possível haver uma pressão vendedora das ações após a divulgação dos resultados”, diz o especialista.

Bradesco pode ter maior alta nas ações

Se o Banco do Brasil é o maior pagador de dividendos e o Santander é o menos atrativo, o Bradesco é o banco que pode apresentar a maior alta das ações do setor. Na visão da equipe do JP Morgan, é fato que o Bradesco passa por uma forte reestruturação após a disparada da inadimplência, queda no lucro e na rentabilidade medida pelo Retorno sobre o Patrimônio Líquido (ROE).

No entanto, todos os problemas pelos quais o banco passou já foram precificados pelo mercado, e agora a ação está atrativa para o investidor. “As taxas de juros mais baixas entre 2023 e 2024 deverão auxiliar a empresa a avançar, e acreditamos que o pior para a qualidade dos ativos ficou para trás. Agora, a empresa deve ter o crescimento e a redução de custos como foco”, apontam os especialistas.

Devido às estimativas de melhora, o JP Morgan estima que o papel está barato ao ser negociado a 1,1 vez o seu preço livro (BV) de 2024. Já em relação ao Preço sobre Lucro (P/L), o papel é negociado a 7,2 vezes. Com base nessas teses, o JP Morgan classifica a recomendação do Bradesco como overweight, equivalente a compra.

O preço-alvo para a ação do Bradesco é de R$ 18 para o fim de 2024, uma alta de 42,5% em comparação com o fechamento de segunda-feira (22), quando o papel encerrou as negociações da Bolsa cotado a R$ 12,63. Quanto aos dividendos, as estimativas não são tão animadoras. Yuri Fernandes, Guilherme Grespan, Marlon Medina e Fernanda Sayao, que assinam o relatório, estimam um dividendo de 7,7% do preço do papel para 2024 e de 6,3% do valor de mercado do banco no ano de 2025.

Publicidade

Já a Ativa Investimentos espera uma contínua queda da inadimplência, porém, em um ritmo ainda fraco devido ao maior conservadorismo nos spreads de novas concessões. Com a inadimplência em processo lento de queda e índice de cobertura em 160%, os especialistas da Ativa também estimam uma evolução mais acentuada no provisionamento do banco na comparação entre o primeiro trimestre de 2024 e o segundo trimestre de 2024.

As estimativas de dividendos da Ativa para o Bradesco em 2024 são de 5,3% e de 7,0% para 2025. Entretanto, a corretora reforça que o papel não é atrativo no quesito dividendo, visto que o pagamento de proventos em 2024 deve ficar abaixo dos 6%. Ainda assim, os analistas da corretora afirmam que a ação é a sua favorita do setor. Essa preferência ocorre pelo fato de o papel estar descontado e apresentar um grande potencial de valorização para o investidor.

“Consideramos factível que o Bradesco volte a reportar uma rentabilidade igual ou superior ao seu custo de capital no futuro. Com um baixo custo de funding, marca reconhecida, longo relacionamento com o cliente e espaço para cortar despesas, enxergamos várias avenidas a serem endereçadas pela nova diretoria que irão destravar valor no médio e longo prazo. Por fim, por mais que tenha menos upside em relação ao Banco do Brasil, o menor grau de incerteza nas projeções, dada a sua governança privada, o destaca como nossa top pick”, aponta a Ativa Research.

A Ativa tem recomendação de compra para o Bradesco com preço-alvo de R$ 17, alta de 34,6% em comparação com o fechamento de segunda-feira (22). Além da Ativa, a VG Research também considera as ações do Bradesco como atrativas para o investidor. O especialista aponta que o pagamento de dividendos, na visão da VG, até pode ser oportuno ao investidor. A corretora calcula que o Bradesco deve distribuir 8,29% do preço de sua ação em dividendos aos acionistas nos próximos 12 meses.

Ainda assim, o Bradesco é visto pela corretora como uma boa opção de investimento de longo prazo, também devido ao fato de o papel estar barato. A VG tem preço-alvo de R$ 15,45 para as ações da companhia, uma alta de 18,78% em relação ao fechamento de segunda-feira. Sendo assim, com base no consenso dos analistas, o Banco do Brasil é a melhor ação para lucrar com dividendos no momento, enquanto o Bradesco é o melhor banco para ganhar com a alta das ações. Veja a seguir a tabela com todas as estimativas de dividendos dos analistas.

 

Publicidade

Informe seu e-mail

Faça com que esse conteúdo ajude mais investidores. Compartilhe com os seus contatos