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Vale a pena entrar na reserva de ações da Mobly?

Varejista com foco no e-commerce pode captar até R$ 900 milhões no IPO

Vale a pena entrar na reserva de ações da Mobly?
Casa Mobly
  • A faixa indicativa de preço por ação varia de R$ 17,00 a R$ 23,50, e a fixação do preço dos papéis será em 3 de fevereiro
  • A companhia é apenas uma das novas varejistas, com foco/participação no e-commerce, que vão entrar na bolsa em 2021. Além dela, marcas como Westwing e Tok & Stok têm ofertas protocoladas junto à CVM
  • Conforme aviso da Mobly ao mercado, a oferta será 95,8% (37.037.038 ações) primária - o dinheiro vai para o caixa da companhia - e 4,2% (1.610.306 ações) secundária - os recursos vão para os acionistas que estão vendendo participação na empresa

Até o próximo dia 2 de fevereiro, investidores poderão fazer reserva de ações da Mobly, subsidiária brasileira da varejista alemã House24, que tem sua estreia na B3 prevista para 5 de fevereiro, com o código MBLY3. A faixa indicativa de preço por ação varia de R$ 17,00 a R$ 23,50, e a fixação do preço dos papéis será em 3 de fevereiro. Já o valor de investimento mínimo é de R$ 3 mil, e máximo, de R$1 milhão.

A companhia é apenas uma das novas varejistas, com participação no e-commerce, que vão entrar na bolsa em 2021. Além dela, marcas como Westwing e Tok & Stok têm ofertas protocoladas junto à Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Realidade animadora para os investidores que buscam ter mais alternativas de papéis na Bolsa para diversificar os portfólios.

“Isso é convergente com tudo que estamos vendo, mesmo com um ano (2020) complicado de crise, as empresas abriram capital na bolsa, e existe uma perspectiva muito boa neste ano para abertura de capital”, observa Gustavo Bertotti, economista-chefe da Messem Investimentos.

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Conforme aviso da Mobly ao mercado, a oferta será 95,8% (37.037.038 ações) primária – o dinheiro vai para o caixa da companhia – e 4,2% (1.610.306 ações) secundária – os recursos vão para os acionistas que estão vendendo participação na empresa. Considerando o meio da faixa indicativa, de R$ 20,25, o IPO poderá captar R$ 782,6 milhões. Contudo, um lote suplementar de 5.797.102 ações poderá ser acrescido. Neste caso, o potencial de captação aumenta para R$ 900 milhões, também considerando o meio do intervalo indicativo.

“Geralmente as empresas tomam recursos no mercado, por meio de IPO, para fazer investimentos. No caso da Mobly, boa parte do capital será para fortalecer o capital de giro”, destaca Bertotti.

A varejista explica, em seu prospecto preliminar, que pretende usar 50% do volume de dinheiro captado no IPO para o fortalecimento do seu capital de giro e estrutura financeira. Ademais, 35% dos recursos deverão ser destinados para investimento em marketing e publicidade, e 15%, para investimento em bens de capitais, conforme o comunicado.

A oferta tem coordenação dos bancos: Morgan Stanley (líder), Bradesco BBI, Itaú BBA e Goldman Sachs.

A empresa

Em seu prospecto, a Mobly se define como uma plataforma Home & Living líder no Brasil, com atividade no setor varejista de móveis, artigos de decoração e utilidades domésticas, voltada para transações de venda online diretamente com o consumidor ou por intermédio de empresas parceiras. Além disso, tem também atuação relacionada à logística de móveis para terceiros, e gestão de ativos intangíveis não financeiros.

Com foco maior no e-commerce, a Mobly também possui um portfólio composto por 11 lojas físicas, incluindo megastores, outlets e lojas compactas, que representam apenas 9.24% da receita líquida operacional de janeiro a setembro de 2020.

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Apesar da crise em 2020, a companhia conseguiu apresentar crescimento em alguns indicadores, realidade observada em outros pares do setor, que foram beneficiados pela rápida evolução do comércio eletrônico no período.

Ainda assim, para Cristiane Fensterseifer, analista de investimentos da Empiricus, outros nomes no setor são mais interessantes. Seja empresas que ainda vão estrear na bolsa, como o Westwing, voltada para um público de maior renda, ou que já estão listadas na B3, como a Quero Quero (LJQQ3), que vende itens para casa e construção.

“O Westwing, por exemplo, tem margem Ebitda de em torno de 6% enquanto a Mobly tem uma margem próxima de 3% nos nove meses de 2020. E nos últimos anos, a margem Ebitda era negativa”, compara Fensterseifer.

Até o terceiro trimestre de 2020, a companhia registrou R$ 554, milhões em volume de vendas, um crescimento de 48% frente ao acumulado (R$ 375,1 milhões) dos nove primeiros meses de 2019. Já a receita líquida cresceu 50%: foram R$ 420,8 milhões de janeiro a setembro de 2020, contra R$ 279,8 milhões nos mesmos meses de 2019.

“Por enquanto, prefiro recomendar ficar de fora do IPO e observar a empresa melhorar um pouco mais os resultados, com os múltiplos mais alinhados aos de outras concorrentes”, diz Fensterseifer.

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Sem definir uma recomendação, Bertotti, da Messem, destaca como sinal de alerta que a empresa já encerrou alguns anos recentes com prejuízo. Até o final de setembro passado, a Mobly tinha prejuízo líquido de R$ 16,6 milhões – 57% menor ante os mesmos nove meses de 2019. Os dados do quarto trimestre ainda não foram divulgados.

Mas Bertotti também destaca que, além de estar focada no online, e com planos de expansão, a empresa já está presente no marketplace de outras varejistas de peso na bolsa, como Magazine Luiza (MGLU3), Via Varejo (VVAR3) e B2W (BTOW3). “Ela tem uma ramificação grande, e estar presente nesses canais traz um benefício muito importante”, avalia Bertotti.

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