A compra da Empresa Metropolitana de Águas e Energia (Emae) pela Sabesp(SBSP3) por R$ 1,13 bilhão melhora a estrutura de capital, traz sinergias e ainda serve como um escudo para a companhia contra restrições hídricas, dizem analistas do Citi, Itaú BBA e UBS BB em relatórios enviados à imprensa nesta segunda-feira (6).
Neste fim de semana, a Sabesp anunciou a compra do controle da Emae. O negócio envolve duas operações simultâneas: a aquisição de 74,9% das ações ordinárias que pertenciam ao Phoenix Água e Energia, veículo ligado ao empresário Nelson Tanure, e de 66,8% das ações preferenciais detidas pela Eletrobras, que receberá R$ 476,5 milhões.
Com isso, a Sabesp passará a deter aproximadamente 70% do capital total da Emae. A operação ainda depende do aval da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Em meio a esses pontos, o governo paulista, acionista de 18% da Sabesp e detentor de ação de classe especial, manifestou apoio, classificando a iniciativa como uma operação de mercado que pode ampliar o investimento em infraestrutura de segurança hídrica.
Para os analistas do UBS BB, a medida consolida a segurança hídrica na Grande São Paulo ao unificar o comando sobre Guarapiranga e Billings. No mesmo tempo em que adiciona uma plataforma de geração de caixa, atrelada à inflação, a qual atua como um hedge natural para um negócio intensivo em eletricidade.
“A transação deve levar a Sabesp a uma estrutura de capital mais eficiente. Além disso, a co-otimização dos recursos hídricos e energéticos proporciona resiliência climática e pode alavancar ainda mais a Sabesp”, explicam Giuliano Ajeje e Henrique Simoes, que assinam o relatório do UBS BB.
Já o Itaú BBA diz que embora represente apenas cerca de 1,3% do valor de mercado da companhia, o negócio é estratégico e apresenta sinergias claras. Em relatório, Fillipe Andrade, Luiza Candiota e Victor Cunha destacam que, além da concessão do controle da operação de reservatórios hídricos críticos para o abastecimento de água de São Paulo, o negócio traz ainda ativos de geração de energia para o portfólio da Sabesp.
O Citi avalia que ao assumir esses ativos, a companhia pretende otimizar o uso dos reservatórios, ganhar flexibilidade em períodos de estiagem e reduzir a dependência de transferências de água, descritas como onerosas, das bacias do Paraíba do Sul e de Sorocaba.
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Os analistas João Pimentel e Felipe Lenza acrescentam que a integração das hidrelétricas deve gerar sinergias operacionais ao combinar os fluxos de caixa estáveis e indexados à inflação das usinas, respaldados por contratos de longo prazo, com as operações reguladas de saneamento.
O que fazer com as ações da Sabesp?
A recomendação do Itaú BBA para o papel da Sabesp é outperform (equivalente à compra) e o preço-alvo é de R$ 147,10, alta de 15,3% na comparação com o fechamento de sexta-feira (3), quando a ação encerrou o pregão a R$ 127,58.
Já o UBS BB tem recomendação neutra para Sabesp (SBSP3) com preço-alvo de R$ 136 para os próximos 12 meses, avanço de 6,6% em relação ao último fechamento. “Assumimos um custo de capital próprio de 14,2% e um custo médio ponderado de capital regulatório pós-impostos de 7,86% deixando o potencial de alta pouco atrativo, pois não supera esses fatores”, argumentam Giuliano Ajeje e Henrique Simoes.