- Tudo começou com o plano de reorganização estrutural do Banco do Brasil, que tinha como intuito economizar até R$ 2,7 bilhões até 2025. Jair Bolsonaro não gostou
- Para o lugar de Brandão, o governo indicou Fausto de Andrade, atual diretor da BB Administradora de Consórcios
- Segundo Bruce Barbosa, sócio da Nord Research, a saída do presidente do Banco do Brasil é bastante negativa para quem olha os resultados do banco
André Brandão, CEO do Banco do Brasil (BBAS3) renunciou ao cargo, colocando um fim à novela que se iniciou em janeiro. Ao contrário do que se esperava, as ações do BB começaram o dia com tendência de alta nos primeiros 30 minutos de pregão, depois seguiram em trajetória de queda até às 11h35, quando começaram a subir novamente. Atualmente, às 14h24, os papéis da companhia estão com leve alta de 0,79%, cotados a R$ 30,68.
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Tudo começou com o plano de reorganização estrutural do Banco do Brasil, que planejava economizar até R$ 2,7 bilhões até 2025. O presidente Jair Bolsonaro não gostou, pois o projeto previa demitir 5 mil colaboradores e fechar 361 unidades do banco.
Para o lugar de Brandão, o governo indicou Fausto de Andrade, atual diretor da BB Administradora de Consórcios. Ele pode ser o terceiro executivo a comandar o banco no governo Bolsonaro. De acordo com o Ministério da Economia, Andrade ainda precisará ser aprovado pelo Comitê de Pessoas, Remuneração e Elegibilidade do BB.
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Ações
No acumulado de 2021, as ações do BB estão em baixa de 19,59%. Para José Francisco Cataldo, head de research da Ágora Investimentos, ontem mesmo o mercado já antecipou um pouco esta queda. “Na verdade, o que acontece é que a saída de Brandão já estava sendo esperada há um mês e, ontem, o executivo acabou formalizando o pedido de demissão”, diz.
Na visão de Cataldo, essas decisões de mudança sendo tomadas de maneira rápida tendem a ser melhores para as ações. ”O que é melhor do que deixar o cargo sem um nome por muito tempo”, diz.
Sob o comando de Brandão, o Banco do Brasil vinha realizando um trabalho de reduzir custos no BB, assim como os seus pares privados, que estão sendo atacados pelas fintechs. O objetivo dos bancões é oferecer os mesmos produtos, só que mais baratos, aumentando assim suas rentabilidades.
Segundo Bruce Barbosa, sócio da Nord Research, a saída do presidente do Banco do Brasil é bastante negativa para quem olha os resultados do banco. “Isso é negativo para o investidor porque o poder que o BB tinha de economizar e, assim, aumentar a sua rentabilidade lá na frente, além de aumentar a sua competitividade”, diz.
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O BB, assim como as demais estatais, vinha sofrendo após o episódio da demissão de Roberto Castello Branco da presidência da Petrobrás.
Na visão de Barbosa, outra pessoa será colocada no lugar de Brandão, mas os atritos devem continuar. “Antes de cortar funcionários e reduzir agências, ele vai ter que checar com o Presidente da República, que vai, obviamente, ser contra isso porque está mais preocupado com a popularidade deles do que com os lucros do BB”,diz.
Já para Victor Carvalho, analista de equities da Investmind, a indicação de Fausto de Andrade parece ter sido alinhada com os setores mais de centro do governo. “Isso nos traz uma esperança de redução nos conflitos com Jair Bolsonaro. Se Fausto Ribeiro conseguir continuar tocando o plano de reestruturação, seguimos com o mesmo viés otimista para as ações”, conclui.