- A segunda fase do Open Banking tem início a partir desta sexta-feira (13) e promete, na avaliação de especialistas, revolucionar o sistema bancário
- Com essas informações, o usuário poderá decidir se permite o compartilhamento dos seus dados ou não. Caso autorize, ainda terá a autonomia de decidir até quando a instituição financeira terá acesso aos dados bancários
(Daniel Rocha/Especial para o E-Investidor) – A segunda fase do Open Banking tem início a partir desta sexta-feira (13) e promete, na avaliação de especialistas, revolucionar o sistema bancário. É neste período que o consumidor poderá autorizar o compartilhamento de dados pessoais com outras instituições financeiras.
Essa possibilidade pode oferecer às pessoas físicas uma série de benefícios bancários, como melhores taxas de juros e linhas de créditos. De acordo com Ricardo Taveira, CEO e fundador da plataforma de open banking Quanto, o novo sistema promete informar ao consumidor o motivo pelo qual a instituição financeira está solicitando os seus dados bancários.
“O consumidor deve compartilhar na medida em que ele obter um benefício claro com o compartilhamento”, informa. “Você terá uma comunicação muito clara sobre: quem tem acesso? Acesso ao quê? Para qual propósito?”, acrescenta Taveira sobre como será o processo de solicitação de dados.
Com essas informações, o usuário poderá decidir se permite o compartilhamento dos seus dados ou não. Caso autorize, ainda terá a autonomia de decidir até quando a instituição financeira terá acesso aos dados bancários. Para Taveira, essa possibilidade ajuda os bancos a realizar as análises de créditos de consumidores não correntistas e oferecer condições mais personalizadas às pessoas.
O fundador da plataforma explica que os bancos, em geral, tendem a negar empréstimos para aqueles que não têm conta corrente nem histórico ou movimentação no banco. “Após o open banking, os bancos vão conseguir analisar tanto o correntista quanto o não correntista”, esclarece.
Essa realidade deve aumentar a competição entre os bancos no mercado financeiro. É o que avalia Thiago Alvarez, CEO do Guiabolso e um dos conselheiros do open banking no Banco Central. A justificativa deve-se à dificuldade dos bancos em conseguir informações de consumidores não correntistas. “O banco X que não me conhece terá dificuldade para competir com o banco Z que já tem o meu histórico. Então, os bancos vão poder competir com pé de igualdade”, afirma.
Como vai funcionar?
Apenas os bancos que possuem porte e atividade internacional correspondente a pelo menos 1% do Produto Interno Bruto (PIB) irão fazer parte desse sistema nesta segunda fase. As outras instituições que não estão enquadrados nessas categorias terão a autonomia de aderir ou não ao open banking.
Segundo Taveira, os consumidores irão ter conhecimento desse sistema por meio de uma aba disponível nos canais digitais do banco no qual possui conta corrente. Essa opção também será disponibilizada nos canais de atendimento digitais de outras instituições financeiras. Ele explica que o processo será semelhante ao login em sites feito por meio de contas em redes sociais.
“Se o consumidor for fazer uma abertura de conta em algum banco, ele vai ver uma opção que vai informar se ele aceita o compartilhamento de dados via open banking”, explica. “Caso tenha interesse, basta clicar nessa opção e o consumidor será redirecionado para o site do seu banco para autorizar o compartilhamento de dados para o novo banco”, acrescenta.
Open banking impacta os investimentos?
Essa mesma lógica também deve ser aplicada para o mercado financeiro. A previsão é que esse processo ocorra de forma gradual a partir do mês de dezembro deste ano com a possibilidade de compartilhamento de dados financeiros de outras instituições, como investimentos, seguros e previdência.
De acordo com Guilherme Assis, CEO da plataforma de investimentos Gorila, quem está no mercado de ações vai poder compartilhar os próprios dados com outras instituições financeiras, permitindo uma visão mais ampla das próprias aplicações. “A partir do momento que o investidor faz isso, ele começa a ter opções de enxergar o consolidado do que ele tem. O investidor começa a comparar mais produtos. Pode analisar se a carteira que ele tem está de acordo com o perfil de risco dele”, explica.
Quanto maior a possibilidade do investidor enxergar as suas aplicações de uma forma mais transparente, mais o mercado deve se tornar competitivo, avalia Guilherme. Ele acredita também que esse resultado pode aumentar o número de investimentos. “O próprio mercado deve oferecer soluções melhores e mais customizadas para cada um”, afirma./Colaborou Rebeca Soares