- Na visão dos especialistas, dificilmente País retomará 'ciclo virtuoso' da economia no pós-crise
- Socorro às empresas deve levar em consideração impacto social
- Goldberg e Stuhlberger se preocupam com clima político do País
Na visão de Luis Stuhlberger, gestor da Verde Asset Management, e Daniel Goldberg, sócio-responsável pela Farallon Capital na América Latina, dificilmente o Brasil retomará o ‘ciclo econômico virtuoso’ que estava sendo criado antes da pandemia do coronavírus. A discussão aconteceu em live feita pela Verde na terça-feira (02) no YouTube.
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Com juro baixo e inflação controlada, de acordo com os especialistas, o País caminhava para um cenário de queda nos níveis de dívida. Agora, com vários setores econômicos impactados, a expectativa de controle fiscal fica mais longe. “É uma pena e uma oportunidade perdida”, explicou Goldberg. “Se tivéssemos feito uma reforma administrativa ou tributária, estaríamos muito mais preparado para esse cenário de crise”, explicou.
Já para Stuhlberger, a questão é que países pobres não irão conseguir ter a segunda onda tão controlada quantos países asiáticos e europeus. “A gente vai ter que continuar gastando para auxiliar as pessoas, devido às condições hospitalares mais precárias e a pobreza”, disse. “É complicado também ampliar reformas com a relação difícil entre os poderes.”
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Os especialistas também apontaram princípios que devem ser levados em consideração para os ‘bailouts’, isto é, socorro financeiro às empresas impactadas pela crise. Em primeiro lugar, por exemplo, seria necessário entender que o País está mais pobre depois do coronavírus e que os setores essenciais devem ser os primeiros a serem auxiliados.
Outro ponto seria entender que socorrer grandes empresas em detrimento de pequenos negócios não é uma medida popular, mas que pode ter impacto social maior. “No final das contas, estamos sempre falando de CPFs, companhias grandes com muitos funcionários”, afirmou Goldberg.
Para finalizar, Goldberg e Stuhlberger pontuaram suas principais preocupações quanto ao ambiente econômico e político que está se instalando no Brasil e no mundo. “O País está virando um barril de pólvora e não temos líderes que consigam acalmar os ânimos”, concluiu o sócio da Farallon. “Talvez, a única consequência positiva da pandemia seja abreviar o tempo dos governos de extrema direita que ascenderam nos últimos anos”, disse o gestor da Verde.
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