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Queda de ação da dona do Google comprova aumento de apostas na IA

Drama da empresa contrasta com a situação da Microsoft, que incorpora o agora famoso ChatGPT em seus produtos

Queda de ação da dona do Google comprova aumento de apostas na IA
Foto: REUTERS/Pascal Rossignol
  • A especulação em torno da inteligência artificial nos EUA limitava-se principalmente à Nvidia, que domina o mercado de chips usados na computação complexa necessária para programas de inteligência artificial
  • “Para uma ação como a do Google cair tanto assim, isso apenas comprova que as pessoas não estão nem mesmo considerando o básico”, disse Matt Maley, estrategista-chefe de mercado da Miller Tabak
  • Empresas de tecnologia chinesas como Baidu, Alibaba e NetEase também anunciaram planos para expandir as capacidades de IA, levando a ganhos em suas ações

O entusiasmo em abundância nas Bolsas de Valores em torno da inteligência artificial (IA) atingiu a Microsoft e a Alphabet, que apesar de investirem bastante na tecnologia estavam sendo ignoradas até agora pelos traders em favor de empresas menores e mais especulativas. As ações da Alphabet, a empresa controladora do Google, despencaram 7,7% na quarta-feira (8) depois de surgirem preocupações com a competência do Bard, o rival do ChatGPT lançado em 6 de fevereiro. O revés foi o pior para as ações em mais de três meses e deu fim a mais de US$ 100 bilhões em valor de mercado.

O fato de o sell-off (venda acelerada de ativos que cria um “efeito bola de neve”) ter sido muito maior do que a queda de 2,8% no dia seguinte à divulgação dos resultados da Alphabet, cujos lucros caíram em relação ao ano anterior, mostra a importância do sucesso na corrida armamentista da IA para os investidores. “Para uma ação como a do Google cair tanto assim, isso apenas comprova que as pessoas não estão nem mesmo considerando o básico”, disse Matt Maley, estrategista-chefe de mercado da Miller Tabak.

O drama em torno da Alphabet contrastava de forma gritante com a situação da Microsoft, cujas apresentações sobre como ela está incorporando a famosa tecnologia do ChatGPT, da OpenAI, em produtos como seu motor de busca, o Bing, ajudaram a fazer suas ações subirem 4,2% na terça-feira (6). Mas o entusiasmo dos analistas foi freado com o Morgan Stanley dizendo que pode ser difícil e caro convencer os consumidores a mudar de comportamento quando o assunto é pesquisa e navegação.

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Até esta semana, a especulação em torno da inteligência artificial nos Estados Unidos limitava-se principalmente à Nvidia, que domina o mercado de chips usados na computação complexa necessária para programas de inteligência artificial, assim como fabricantes de softwares menos conhecidos com “AI” (sigla da IA em inglês) em seus nomes. As ações da C3.ai por exemplo, mais do que dobraram de preço este ano. Enquanto isso, Microsoft e Alphabet estão ficando para trás no índice Nasdaq 100 com ganhos inferiores a 13% cada.

Empresas de tecnologia chinesas como Baidu, Alibaba e NetEase também anunciaram planos para expandir as capacidades de IA, levando a ganhos em suas ações.

Apesar do tropeço da Alphabet ainda estamos muito no início da disputa pela IA generativa e do desenvolvimento de modelos de negócios em torno dela para declarar um vencedor, de acordo com Bill Stone, diretor de investimentos da Glenview Trust. A IA generativa é um campo da inteligência artificial que cria sistemas que conseguem juntar diferentes dados para produzir informações inéditas e conteúdos novos, como textos e imagens, em segundos.

“Há uma preocupação, sem dúvidas, de que a Alphabet perca sua vantagem nas buscas, apenas porque tem bastante domínio nisso e há muito dinheiro investido nas buscas, mas ela ainda tem as ferramentas para competir”, disse ele. “Devemos muito tanto à Microsoft como à Alphabet e achamos que ambas têm capacidade de serem líderes na área.”

Principais notícias do setor de tecnologia

– As ações da Walt Disney subiram quase 10% nas negociações de horário estendido depois que o CEO, Bob Iger, anunciou planos para uma reestruturação da maior empresa de entretenimento do mundo, incluindo a demissão de 7 mil funcionários e um corte de gastos de US$ 5,5 bilhões;

– Os usuários do Twitter dos EUA à Ásia ficaram sem poder tuitar, seguir novas contas ou ver suas mensagens após uma das interrupções de maior repercussão desde que Elon Musk comprou a plataforma e demitiu metade de seus funcionários. O Twitter foi a única plataforma de tecnologia que não enviou um relatório completo à União Europeia detalhando como estava lidando com a desinformação, medida que corre o risco de irritar as agências reguladoras;

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– As ações do GoTo Group voltaram a cair depois que o gigante indonésio dos aplicativos de mobilidade e entregas afastou vários executivos importantes e mudou seu conselho após um sell-off inesperado no mercado;

– A TikTok identificou uma rede de desinformação russa que espalhou propaganda de guerra sobre a Ucrânia para mais de 100 mil usuários europeus no ano passado, revelou a empresa na quinta-feira

– A próxima sequência do Zelda da Nintendo será mais cara que os outros jogos para Switch da empresa, abrindo caminho para que mais fabricantes de games também aumentem seus preços;

– A Tokyo Electron elevou suas perspectivas de lucro para o ano depois que as fabricantes de chips chinesas aumentaram as entregas antes de uma possível repressão às exportações de equipamentos de produção japoneses.

Os repórteres da Bloomberg Ryan Vlastelica e Subrat Patnaik contribuíram com esta matéria.

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* Tradução de Romina Cácia

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