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Vale (VALE3) encerra 2023 com a maior queda em 8 anos. O que vem em 2024?

Segundo a Economatica, as ações encerraram 2023 com uma queda de 5,73% no acumulado do ano

Vale (VALE3) encerra 2023 com a maior queda em 8 anos. O que vem em 2024?
Vale (VALE3) é a empresa com maior peso para a composição do Ibovespa. (Foto: Fabio Motta/Estadão)
  • A última vez que as ações da companhia encerraram o ano no campo negativo foi em 2015 quando os papéis caíram 37,32%
  • Apesar do desempenho negativo no ano passado, os últimos meses de 2023 sinalizaram um cenário mais favorável para a companhia
  • A alta do minério de ferro e os estímulos da economia da China são os principais fatores que sustentam essa visão

Na reta final de 2023, as ações da Vale (VALE3) conseguiram se recuperar, mas os ganhos não foram suficientes para reverter o desempenho negativo. Ao longo dos últimos 12 meses, os papéis da mineradora acumularam desvalorização de 13,14%, segundo dados da Economatica. Se considerarmos o pagamento de proventos, a performance se ajusta e passa para uma queda de 5,73% no período. Mesmo assim, a derrocada crava o pior desempenho da companhia na bolsa em oito anos.

Os números refletem as condições desfavoráveis para a atividade da mineradora em 2023. Logo no primeiro trimestre, as vendas do minério de ferro foram prejudicadas pela interrupção do terminal Ponta da Madeira (MA) no período. A situação contribuiu para a queda de 58,8% do lucro líquido nos primeiros três meses do ano passado. Os números ruins foram somados às perspectivas de baixo crescimento da China e ao recuo do preço do minério de ferro no mercado internacional.

“O setor de construção civil, o que mais consome aço, estava mais devagar do que o mercado gostaria e isso refletiu nos preços do minério de ferro”, diz Vinicius Steniski, analista do TC. A tempestade perfeita foi suficiente para o mercado ficar pessimista com o papel. No primeiro semestre de 2023, as ações da Vale (VALE3), empresa de maior peso no portfólio do Ibovespa, derreteram 26,16%. A recuperação só aconteceu a partir do segundo semestre, quando as expectativas de uma maior demanda de minério de ferro pela China surgiram acompanhadas da alta do preço da commodity.

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Segundo Steniski, o contrato futuro do minério de ferro negociado na bolsa de Dalian, na China, subiu 21,7% em yuan chinês em 2023. A alta foi o suficiente para manter a cotação da commodity na faixa dos US$ 135 (ou CNY 983,5). O avanço refletiu na performance dos papéis da Vale (VALE3) e ajudaram a companhia a ter um segundo semestre bem diferente do primeiro com ganhos de 27,66%.

“Temos visto cada vez mais os estoques de aço caindo na China. Isso faz com que a disponibilidade reduza e influencie na alta do preço do aço no mercado internacional’, explica Renato Chanes, analista da Ágora Investimentos. “Há um claro posicionamento do governo chinês em aumentar o seu déficit público para financiar obras de infraestrutura. Isso influencia na alta do eixo da demanda e reduz o eixo do estoque.”

 

O que esperar das ações da VALE3 em 2024

A projeção de alta na demanda no mercado chinês continua para os primeiros meses de 2024 diante dos estímulos governamentais na economia que devem perdurar ao longo do ano. “O setor industrial já começa a dar sinais de recuperação, o que vem se refletindo na recente valorização do minério. O setor imobiliário, por outro lado, ainda encontra um cenário desafiador”, diz Lucas Serra, analista da Toro. A companhia também deve se beneficiar com a mudança da matriz energética dos automóveis, que deve aumentar a demanda por metais nos próximos anos.

Com esse cenário em vista, Serra avalia que ainda há espaço para ganhos nas ações da Vale (VALE3) e que o momento atual sinaliza ao investidor uma oportunidade de se posicionar na companhia. “Atualmente, temos um preço-alvo de R$ 95, o que corresponde a um potencial de valorização de, aproximadamente, 25% em relação ao preço atual”, acrescenta o analista.

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Phil Soares, chefe de análise de ações da Órama, tem uma visão semelhante para a companhia em 2024. Segundo ele, essa conjuntura vai permitir que o preço da commodity permaneça no patamar de US$ 110 a US$ 120 por tonelada, o que deve favorecer os resultados da companhia e a performance de suas ações. “A produção deste ano deve ser melhor do que a do ano passado e o mercado vai ter uma melhora na precificação do papel”, diz Soares. A corretora mantém um preço-alvo para o papel de R$ 106 para o fim de 2024.

Mas esse otimismo não é unânime no mercado. Fabiano Vaz, sócio e analista da Nord Research, por exemplo, reconhece que as condições são melhores do que as do ano passado, mas não significa que a empresa terá um ano excepcional. “A China ainda convive com uma crise imobiliária bem grande e as estimativas apontam para um em média 4% a 4,5% da China, baixo quando olhamos para o histórico do país”, diz Vaz.

Por essa razão, ele orienta os investidores a ter cautela diante das incertezas econômicas que podem influenciar de forma negativa para o papel. “Do lado da Vale, acho que ainda tem alguns aspectos de produção e, especialmente de custos, que a gente precisa ver os próximos resultados da Vale”, afirma o analista da Nord. Até o momento, nos dois primeiros pregões de 2024, as ações da mineradora apresentam uma desvalorização de 0,65%, cotados a R$ 76,73.

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