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A recuperação das ações da Vale (VALE3) é uma realidade distante?

Os papéis da mineradora amargam uma desvalorização de quase 20% em 2024

A recuperação das ações da Vale (VALE3) é uma realidade distante?
(Fonte: Vale/Reprodução)
  • A queda do preço do minério de ferro no exterior é o principal gatilho para a depreciação das ações da Vale na bolsa de valores
  • A permanência de Eduardo Bartolomeo na presidência da companhia até o fim do ano deve trazer ainda mais volatilidade com ruídos políticos sobre a escolha do sucessor
  • Para analistas, o cenário desafiador sinaliza ao investidor uma oportunidade de investimento diante de uma possível recuperação do papel no médio prazo

A recuperação das ações da Vale (VALE3) parece ser uma realidade ainda distante com a queda do minério de ferro no mercado internacional e com as incertezas sobre quem será o novo presidente da companhia. Na segunda-feira (8), os papéis encerraram o dia com uma desvalorização de 3,11%, cotados a R$ 63,98. A depreciação afunda ainda mais o desempenho das ações que já acumulam queda de 20,7% em 2024.

Apesar do pessimismo, há quem enxergue o atual momento da mineradora como uma oportunidade de investimento. A grande questão é saber se o investidor tem fôlego para aguentar períodos difíceis pela frente. Isso porque o cenário desfavorável deve perdurar por alguns meses diante da demanda global pelo minério de ferro e das tentativas sem sucesso do governo chinês de retomar o seu crescimento econômico ainda não tenham surtido o efeito esperado.

“Olhando a curva futura hoje, está precificada uma queda (do minério de ferro) ainda em torno de 10% para os próximos meses”, afirma Henrique Cavalcante, analista da Empiricus Research.  Já nesta segunda-feira (11), o contrato mais negociado da commodity no mercado futuro da bolsa de Dailan, na China, para maio de 2024, encerrou com uma desvalorização de 5,41%, cotado a 831 yuans por tonelada. O valor equivale a US$ 115,63.

A decisão do Conselho de Administração (CA) em manter Eduardo Bartolomeo no cargo de CEO da mineradora até o fim de 2024 também ajuda a trazer volatilidade para os papéis no curto prazo.  Em comunicado na última sexta-feira (8), a Vale informou que o executivo irá apoiar a transição para a nova liderança no início de 2025 e atuar como advisor da companhia até dezembro do mesmo ano.

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“A decisão pareceu uma manobra da companhia para ganhar tempo na condução do processo de sucessão”, diz Cavalcante. “A pressão política do governo deve seguir viva e afetando a visibilidade dos investidores para a companhia no médio prazo”, ressaltou o analista da Empiricus.

Queda das ações da Vale abre oportunidade de compra?

O cenário externo desafiador aliado ao processo de sucessão da companhia que deve ganhar forma apenas no ano que vem não são suficientes para mudar as recomendações de algumas corretoras para as ações da Vale (VALE). De quatro corretoras consultadas pelo E-Investidor, três enxergam um potencial de investimento interessante para a empresa com potencial de valorização de até 43,8%.

A Ágora Investimentos faz parte desse grupo e estabelece um preço-alvo de R$ 92 para as ações da Vale. Segundo a corretora, não há perspectivas de queda mais acentuada para o minério de ferro e avalia que a commodity deve se manter acima dos US$ 100 ao longo do ano. Além disso, mesmo com o cenário desfavorável, a mineradora deve continuar apresentando ao mercado um fluxo de caixa relevante nos próximos trimestres.

“A Vale tem uma geração de caixa em relação ao seu valor de mercado em torno de 12% (em dólar) em comparação a uma taxa de juros no Brasil de 11% e nos Estados Unidos em torno de 5%. Isso me parece saudável para quem pretende se posicionar no papel mesmo com os recentes gatilhos que parecem estar escassos”, diz Renato Chanes, analista da Ágora.

João Abdouni, analista da Levante Corp, também avalia o atual momento como uma oportunidade pata o investidor. Segundo ele, a fraca demanda pelo minério de ferro no exterior pode levar a cotação da commodity para o patamar inferior a US$ 90 por tonelada.

“Desde de a pandemia, não observamos o minério abaixo de 90 dólares. Então, a nossa expectativa é que esse seja um suporte”, diz Abdouni. “Nesse patamar de preço da commodity e com os preços das ações, achamos a companhia atrativa e seguimos com a recomendação”, acrescentou o analista, porém sem informar o preço-alvo para a ação.

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A Genial também segue com a mesma recomendação e estabelece um preço-alvo de R$ 82,50 para o papel. Em relatório sobre o balanço referente ao quarto trimestre, a corretora avaliou os atuais preços das ações da companhia como “irracionais” devido a sua capacidade de gerar caixa e de pagamento de dividendos.

Já a Empiricus acredita que o investidor precisa ter cautela e mantém uma recomendação neutra. A posição tem como base a falta de visibilidade sobre o novo CEO da companhia, a possibilidade de elevação nas provisões decorrentes do desastre em Mariana, em Minas Gerais, além da forte pressão política e economia chinesa sem sinais fortes de crescimento.

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