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O que o mercado pensa sobre a permanência de CEO da Vale (VALE3)

A decisão do Conselho de Administração foi comunicada ao mercado nesta sexta-feira (8)

O que o mercado pensa sobre a permanência de CEO da Vale (VALE3)
Vale (VALE3) é a empresa com maior peso para a composição do Ibovespa. (Foto: Fabio Motta/Estadão)
  • Eduardo Bartolomeo deve permanecer no cargo até o fim de 2024 e vai apoiar o processo de sucessão no início de 2025
  • A Vale informou ainda que Bartolomeo atuará como advisor da companhia até dezembro do mesmo ano
  • Apesar dos riscos políticos, o mercado acredita na capacidade da mineradora de recrutar um executivo com um perfil alinhado aos interesses da empresa

O Conselho de Administração da Vale (VALE3) decidiu manter Eduardo Bartolomeo no cargo de CEO da mineradora até o fim deste ano. O mandato do atual presidente estava previsto para encerrar no fim de maio, mas o impasse entre os conselheiros da companhia sobre a escolha de um substituto motivou o adiamento dessa troca.

O maior período de tempo para a escolha de um novo nome, na avaliação de analistas, não retira as incertezas do mercado sobre o futuro da companhia em meio às pressões políticas.

A decisão foi comunicada ao mercado na última sexta-feira (8). A Vale ainda informou que Bartolomeo apoiará a transição para a nova liderança no início de 2025 e atuará ainda como advisor da companhia até dezembro do mesmo ano. “Seguirei empenhado em avançar nas prioridades estratégicas da companhia até o fim do meu mandato e em garantir uma transição bem-sucedida para a nova liderança”, afirmou Bartolomeo em comunicado.

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Confira também: Vale (VALE3): apesar de desafios, dividendos podem chegar a 14% em 2024

Como define a política interna de sucessão, a companhia dará início ao processo de seleção do novo CEO da companhia. Uma empresa de padrão internacional com reconhecimento na seleção de executivos globais será contratada para auxiliar na escolha. Henrique Cavalcante, analista da Empiricus Research, avalia que a posição do conselho da mineradora apenas posterga as incertezas sobre o futuro da presidência em meio às pressões políticas.

“A decisão pareceu uma manobra da companhia para ganhar tempo na condução do processo de sucessão”, diz Cavalcante. “A pressão política do governo deve seguir viva e afetando a visibilidade dos investidores para a companhia no médio prazo”, acrescentou o analista.

O impasse na decisão sobre o futuro da empresa chama a atenção do mercado desde janeiro, quando o governo federal decidiu indicar Guido Mantega, ex-ministro da Fazenda durante o governo da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), para o cargo de CEO.

O governo tentou emplacar Mantega por meio da Previ, o fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil (BBAS3), que possui duas cadeiras no conselho de administração, além de ser o maior acionista individual da companhia. A tentativa fez com que as ações da Vale caíssem 2,20% em 25 de janeiro, quando o assunto veio à tona.

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Já no fim de fevereiro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse, em entrevista à Rede TV!, que “a Vale não pode pensar que é a dona do Brasil”. Na visão do chefe do executivo, a empresa deve estar alinhada com o entendimento de desenvolvimento do governo brasileiro.

Apesar dos riscos políticos, o mercado acredita na capacidade da mineradora de recrutar um executivo com um perfil alinhado aos interesses da empresa. “O perfil não deve fugir de nomes que tenham uma experiência relevante em cargos de grandes empresas capaz de assumir um cargo como a presidência da Vale”, diz Fabiano Vaz, sócio e analista de Ações da Nord Research.

Nesta segunda-feira (11), por volta das 13h, as ações da Vale (VALE3) apresentam uma desvalorização de 3,11%, cotadas a R$ 63,96, com o mercado repercutindo a decisão da companhia e a queda do minério de ferro. No acumulado do ano, os papéis sofrem uma queda de 17,15%.

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