O CFO da Vale (VALE3), Gustavo Pimenta, estima que a chegada do carro elétrico e a demanda de minério de ferro de outros países pode suprir a redução de procura de minério pelo mercado imobiliário chinês. Para ele, o fato tende a manter ou até elevar os patamares de lucratividade da companhia para o investidor, trazendo bons dividendos. A estimativa foi feita em entrevista coletiva nesta sexta-feira (7) nos bastidores do evento Esfera Brasil.
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Ele reconhece que o mercado imobiliário chinês, que foi fundamental para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do país nos últimos anos, está desacelerando. No entanto, destaca que a fabricação do carro elétrico na segunda maior economia do planeta tende a manter o consumo de metais em patamares interessantes. “Vemos também que a China continua com uma boa demanda por aço por causa do carro elétrico. A fabricação de componentes para esse produto exige o aço, o qual possui o minério de ferro como matéria-prima”, diz Pimenta.
As ações VALE3 recuam 18,24% no acumulado de 2024, indo de R$ 73,69 no fechamento do pregão no dia 28 de dezembro de 2022 para R$ 60,41 no encerramento das negociações da Bolsa desta sexta-feira (07). A baixa acontece em meio à redução do lucro da companhia.
A mineradora reportou lucro líquido de US$ 1,679 bilhão no primeiro trimestre deste ano, queda de 9% ante igual período de 2023 e 31% a menos na comparação com o quarto trimestre de 2023. Segundo a mineradora, o desempenho mais fraco foi decorrente, principalmente, dos menores preços realizados de finos (que passam por processo de peneiramento) de minério de ferro, níquel e cobre, parcialmente compensado por maiores volumes de vendas de minério de ferro e cobre.
Compensação em novos mercados da Vale
Para superar esse momento atual, o executivo aponta a possibilidade da demanda de outro mercados alavancar o preço do minério de ferro e manter a empresa rentável e atrativa para o investidor. Segundo ele, a redução do consumo de minério de ferro pela China tende a ser mais que compensada por países do Oriente Médio e do Sudeste Asiático.
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“A Índia pode absorver esse consumo chinês. Nos últimos dez anos, o mercado estimou uma queda no preço do minério de ferro por uma desaceleração da China, eles erraram em 100% dos anos. Todos os anos, o preço seguinte sempre foi mais alto que o do ano anterior”, salienta Gustavo Pimenta. Ou seja, o plano da companhia consiste em aproveitar esse novo mercado para manter sua alta rentabilidade.
Questionado pelo E-Investidor sobre as estimativas de pagamento de dividendos extraordinários da companhia neste ano, Pimenta foi sucinto e disse que “nada foi definido ainda”. Os executivos da mineradora disseram no último balanço que as chances da empresa pagar dividendos extraordinários para o investidor em 2024 aumentaram.