

Após a Vale (VALE3) divulgar a prévia de seu resultado operacional do primeiro trimestre de 2025, nesta terça-feira (15), grandes casas de análise passaram a ver um potencial de valorização estimado entre 14% e 42% nos papéis da mineradora no ano. O ação poderia saltar dos atuais R$ 53 para até R$ 75.
Relatórios de Ativa, Genial, Itaú BBA e BTG Pactual reconhecem que a ação da Vale está descontada, porque seu desempenho dependeria mais de Pequim do que de suas jazidas brasileiras. A empresa negocia a 3,5 vezes sua geração de caixa (Ebitda) e tem retornos esperados em dividendos entre 8% e 10%.
Os analistas colocam como determinantes da operação o desempenho da economia chinesa, o avanço da guerra comercial e a estabilidade dos prêmios de qualidade da companhia (valor extra pago por minério com maior teor de ferro e melhor desempenho siderúrgico).
Publicidade
Invista em oportunidades que combinam com seus objetivos. Faça seu cadastro na Ágora Investimentos
A Vale reportou produção de 67,7 milhões de toneladas de minério de ferro no 1T25, uma queda de 5% na comparação anual, afetada por chuvas no Sistema Norte e por manutenções programadas. Ainda assim, as vendas cresceram 4%, somando 66,1 milhões de toneladas, impulsionadas pelo uso de estoques.
A Ativa Investimentos enxerga que esse volume de embarques – acima do esperado – compensou parte da pressão negativa dos preços mais baixos: o minério foi vendido a US$ 90,8/t, abaixo dos US$ 93 previstos, refletindo a queda nos prêmios de qualidade. A casa estima leves surpresas positivas em receita, Ebitda e lucro.
Lucro de US$ 1,1 bilhão no primeiro trimestre
A Ativa e a Genial não fizeram estimativas de lucro, enquanto BTG e Itaú BBA preveem US$ 6,57 bilhões e US$ 8,88 bilhões respectivamente para 2025. Em reais, ao valor de hoje, um lucro entre R$ 38 bilhões e R$ 52 bilhões. Em 2024, a companhia reportou um lucro líquido de R$ 31,6 bilhões, depois de um prejuízo de R$ 4,7 bilhões no último trimestre do ano.
A Vale divulga os resultados do 1T25 no próximo dia 24 de abril e, na visão do Itaú BBA, deverá reportar um lucro de US$ 1,1 bilhão, queda de 34% em relação ao mesmo período do ano passado.
A Genial Investimentos reforça que a Vale manteve sua estratégia comercial de enriquecimento do portfólio, com forte redução no embarque de minérios de alta sílica (-72,7% a/a) e aumento de produtos de maior valor agregado.
Publicidade
Mesmo com fundamentos positivos – como a queda dos estoques portuários chineses e demanda resiliente da siderurgia -, os analistas da Genial destacam a volatilidade recente do preço spot, que voltou a ficar abaixo de US$ 100/t, diante da tensão comercial entre China e EUA.
Ano de transição para a Vale
O Itaú BBA classificou o desempenho da Vale como neutro, mas disse estar “confortável com as estimativas” para o trimestre, projetando um Ebitda de US$ 3,2 bilhões, mesmo com queda nos preços e aumento nos custos. A casa vê potencial de valorização de 42% para as ADRs, com preço-alvo de US$ 13 (contra os US$ 9,14 atuais). As Americans Depositary Receipts (ADRs) são certificados negociados nos EUA que representa ações de empresas estrangeiras.
Na mesma linha, o BTG Pactual avalia que o trimestre foi “sem surpresas”, mas reforça que 2025 será um ano de transição para a companhia. A projeção também é de US$ 3,2 bilhões de Ebitda, e o preço-alvo foi mantido em US$ 11 (upside de 20,5%). A recomendação é neutra, com atenção ao cenário macro da China, ainda vulnerável.
Os resultados em cobre e níquel agradaram os analistas. A Vale produziu 90,9 mil toneladas de cobre (+11% a/a) e 43,9 mil toneladas de níquel (+11% a/a), com vendas levemente acima do esperado por Itaú, BTG e Genial.