

A temporada de balanços das empresas do varejo com foco em e-commerce começa nesta quarta-feira (12), com a divulgação do balanço de Casas Bahia (BHIA3) após o fechamento do mercado. Já o resultado do Magazine Luiza (MGLU3) está previsto para a próxima quinta-feira (13). Analistas consultados pelos E-Investidor esperam números melhores do Magalu, mas ainda longe de ser perfeito com alguns pontos do balanço sendo pressionados.
Para os analistas da XP Investimentos, o Magazine Luiza deve reportar resultados mistos no quarto trimestre de 2024, com desempenho de receita líquida ainda pressionado, mas melhorando a rentabilidade operacional, medida pela margem de Ebitda ajustada (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização). Nos cálculos da corretora, a margem Ebitda deve crescer 0,4 ponto porcentual em um ano, indo de 7,2% no quarto trimestre de 2023 para 7,6% no quarto trimestre de 2024.
Os analistas estimam que a receita do Magazine Luiza deve apresentar uma leve alta em relação ao quarto trimestre de 2023, com o Volume Bruto de Mercadorias (GMV, na sigla em inglês) crescendo 3,5% na comparação entre o quarto trimestre de 2023 e o quarto trimestre de 2024. A estimativa da corretora é de que a varejista da família Trajano reporte um GMV de R$ 13,1 bilhões.
“O lucro líquido deve chegar a R$ 104 milhões, alta anual de 2%, apoiado por melhores tendências operacionais e melhora dos resultados na Luiza Cred”, dizem Danniela Eiger, Gustavo Senday e Laryssa Sumer, que assinam o relatório da XP. Já os analistas do Santander calculam que o lucro do Magazine Luiza no quarto trimestre de 2024 tende a ser de R$ 106 milhões.
Black Friday foi positiva para o Magazine Luiza
A diferença de R$ 2 milhões a mais do lucro acontece pelo fato de os analistas estimarem que o Volume Bruto de Mercadorias deve ficar em R$ 18,5 bilhões, tendendo a dar mais fôlego para a empresa chegar com resultado ligeiramente maior na última linha do balanço. O Santander também estima que o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, o Ebitda do Magazine Luiza, deve ficar em R$ 840 milhões na base ajustada, alta de 11% na comparação com o Ebitda ajustado de R$ 756 milhões do quarto trimestre de 2023.
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“Durante o quarto trimestre, o Magazine Luiza alcançou recorde de vendas durante a Black Friday, atingindo R$ 1,2 bilhão, considerando somente a sexta-feira, com crescimento anual de dois dígitos em todos os canais de vendas. As vendas da Kabum!, por exemplo, aumentaram 17% no ano, considerando somente a quinta-feira pré-evento e a sexta-feira”, dizem Ruben Couto, Eric Huang e Vitor Fuziharo, que assinam o relatório do Santander.
A equipe do BTG Pactual destaca que espera um crescimento de 5% no GMV no acumulado de 1 ano, com destaque para as vendas das mesmas lojas crescendo 5% entre o quarto trimestre de 2024 e o quarto trimestre de 2023. “O dilema recorrente do comércio eletrônico no Brasil significa uma escolha entre crescimento e lucratividade (ainda uma realidade após alguns trimestres de ajustes)”, dizem Luiz Guanais, Gabriel Disselli e Pedro Lima, que assinam o relatório do BTG.
O banco de investimentos estima que o Magazine Luiza deve lucrar R$ 133 milhões no quarto trimestre de 2024, alta de 30,6% na comparação com o lucro líquido de R$ 102 milhões do quarto trimestre de 2023. O trio de analistas calcula que o Ebitda do Magazine Luiza deve ficar em R$ 831 milhões no quarto trimestre de 2024, crescimento de 16% em relação ao mesmo ciclo do ano anterior.
Casas Bahia terá outro prejuízo?
Os analistas do BTG Pactual comentam que continuam vendo três tendências para a maioria do comércio eletrônico brasileiro nos próximos trimestres, como crescimento suave do GMV; foco na lucratividade com preservação de caixa e uma maior consolidação de mercado entre algumas empresas, um processo ainda definido para acelerar devido ao cenário desfavorável dos juros em ascensão.
Em meio a essa competitividade, os analistas do BTG estimam uma melhora significativa do resultado operacional do Grupo Casas Bahia. Os especialistas comentam que o Ebitda da empresa tende a disparar 275,8% e ir dos R$ 162 milhões do quarto trimestre de 2023 para R$ 609 milhões do quarto trimestre de 2024.
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As vendas nas mesmas lojas devem crescer 13% em um ano, ante queda de 5,8% no mesmo período do ano passado. Ainda assim, o BTG calcula que o prejuízo da Casas Bahia deve ficar em R$ 274 milhões, uma melhora de 54,5% na comparação com o prejuízo de R$ 602 milhões do quarto trimestre de 2024.
O Santander espera uma redução uma pouco menor do prejuízo do Grupo Casas Bahia. Os analistas estimam que a última linha do balanço deve apresentar um prejuízo de 405 milhões no quarto trimestre de 2024, redução de 36% em relação ao prejuízo do mesmo período do ano anterior.
O banco espera um crescimento da rentabilidade, medida pela margem bruta, de 3,47 pontos porcentuais, que deve ir de 27,6% no quarto trimestre de 2023 para 31,1% no quarto trimestre de 2024. A receita líquida deve crescer 5,8% de R$ 7,4 bilhões para R$ 7,8 bilhões. A alta tende a ser puxada pelo bom desempenho da empresa na Black Friday.
“As vendas de bens duráveis, celulares e móveis do Grupo Casas Bahia cresceram aproximadamente 20% em um ano na Black Friday. Desempenho de vendas notável em: região Nordeste (+21% em 1 ano), área central expandida de São Paulo (+20% no ano) e região Norte e Centro-Oeste (+18% no ano)”, explicam Ruben Couto, Eric Huang e Vitor Fuziharo, que assinam o relatório do Santander.
E-commerce da Casas Bahia pode ser pressionado
Para os analistas da XP Investimentos, o resultado tende a ser misto. Eles reconhecem que o balanço deve apresentar melhorias, como a redução do prejuízo. No entanto, o balanço deve continuar com o comércio eletrônico pressionado nas linhas 1P. Vale lembrar que o e-commerce trabalha com três níveis de vendas, 1P, 2P e 3P.
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O 1P é conhecido como comércio eletrônico de primeira parte. Nesse caso, o Grupo Casas Bahia compra produtos, estoca, determina preços, vende em sua loja virtual e cuida de toda a logística de entrega. Já o 2P é quando um terceiro anuncia seu produto no site da Casas Bahia. Esse varejista é responsável somente pela venda do produto, mas as demais questões de entrega ficam por responsabilidade do Grupo Casas Bahia. No 3P, o varejista é responsável por todo o processo de entrega e venda, e o marketplace é somente um canal para mostrar o produto.
A XP estima que o 1P continua pressionado pela otimização do portfólio da empresa, embora o crescimento do 3P acelere em relação ao terceiro trimestre de 2024, enquanto a lucratividade deve continuar melhorando.
A corretora estima um prejuízo ajustado de R$ 278 no quarto trimestre de 2024, uma melhora de 72,22% em relação ao prejuízo ajustado de R$ 1 bilhão no mesmo período do ano passado. “O prejuízo deve se manter devido às maiores despesas financeiras”, explicam Danniela Eiger, Gustavo Senday e Laryssa Sumer, que assinam o relatório da XP.
Magalu ou Casas Bahia: qual ação ter na carteira?
Em meio às estimativas de resultados pressionados e mistos, a maioria dos analistas não recomenda compra para as ações de Magalu e Casas Bahia. A recomendação de XP e Santander é neutra para as duas companhias. Somente o BTG tem recomendação de compra para a ação MGLU3 com preço-alvo de R$ 14 para o fim de 2025, uma alta de 69,7% na comparação com o fechamento de segunda-feira (10), quando o papel encerrou o pregão a R$ 8,25.
Enquanto isso, os demais analistas consultados pela reportagem estão receosos com o papel devido ao atual ciclo de alta de juros, visto que o mais recente Boletim Focus aponta uma Selic a 15% no fim de 2025. De modo geral, dizem os especialistas, o investidor deve entender que o papel do Magazine Luiza é mais seguro que o de Casas Bahia pelo fato de a empresa estar em um momento melhor.
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No entanto, os riscos macroeconômicos são similares, pois ambas são empresas do varejo e estão suscetíveis aos juros elevados. O BTG estima alta de 69,7% para o Magazine Luiza em 2025, mas o investidor deve lembrar que a ação caiu 69,7% em 2024. Ou seja, a chance de alta existe, mas o risco está presente.