- Durante a temporada de balanço do segundo trimestre, As ações da Via (VIIA), Positivo (POSI3), Magazine Luiza (MGLU3) apresentaram as maiores altas
- No entanto, os ganhos expressivos dos papéis estão mais relacionados com a perspectiva do fim da alta de juros no Brasil
- A consolidação deste cenário beneficia as empresas mais endividadas e ligadas ao consumo, como as do setor de varejo
Entre o dia primeiro de julho e o dia 15 de agosto, as ações das companhias de varejo e do setor de tecnologia foram destaque na bolsa de valores. Apesar de os balanços de diversas empresas relativos ao segundo semestre terem saído durante este período, a maioria com resultados positivos, eles não potencializaram os papéis. O que os impulsionou, segundo João Abdouni, analista da casa de análise Inv, foi a possibilidade do fim do ciclo de aperto monetário, previsto para ocorrer até o fim deste ano.
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Com isso, as ações conseguiram recuperar parte das perdas acumuladas ao longo dos últimos meses. Um levantamento realizado pela Inv mostra que nesses 46 dias, as ações de companhias de varejo e tecnologia como Via (VIIA3), Positivo (POSI3), Magazine Luiza (MGLU3) e Locaweb (LWSA3) apresentaram os maiores retornos, cada uma com ganhos acima de 80%. As altas foram mais expressivas antes da divulgação dos seus resultados referentes ao segundo trimestre de 2022.
De acordo com os dados do levantamento, as 10 ações com as maiores altas do Ibovespa durante a temporada de balanços reportaram os seus resultados após 10 de agosto. No entanto, as boas performances na bolsa em virtude dos resultados foram menores em comparação aos retornos no acumulado de julho.
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Na avaliação de Abdouni, da Inv, as empresas companhias entregaram resultados considerados “neutros”, o que reforça a tese de que as altas foram motivadas pela perspectiva do fim do ciclo de alta dos juros no Brasil.
“São papéis que sofreram forte queda entre junho de 2021 a junho de 2022, mas começaram uma recuperação parcial por conta dos dados de diminuição da inflação e dos últimos comunicados do Banco Central para política de aperto monetário (que sinaliza possível queda da Selic nos próximos meses)”, afirma Abdouni.
Atualmente, a Selic está no patamar dos 13,75% ao ano após o reajuste realizado pelo Comitê de Política Monetária (Copom) no dia 3 de agosto. Apesar da alta de 0,5 pontos porcentuais, as estimativas do mercado apontam que a elevação da Selic deve cessar nas próximas reuniões do órgão. Caso as projeções se concretizem, as especulações se voltam para os cortes da taxa de juros.
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A consolidação deste cenário beneficia as empresas mais endividadas e ligadas ao consumo, como as do setor de varejo. Isso porque, em tempos de juros altos, as famílias têm mais dificuldade de comprar bens e ainda deixa mais caro as dívidas das companhias. A redução da inflação de 0,68% no mês de julho foi outra variável que ajudou na recuperação das companhias de varejo.
É hora de comprar?
Os retornos expressivos não representam necessariamente boas oportunidades de investimento. Lucas Mastromonico, operador de renda variável da B.Side Investimentos, aconselha ao investidor que analise os balanços do segundo trimestre de cada empresa para avaliar os seus resultados e se a companhia está financeiramente saudável.
“As companhias mais robustas (financeiramente) tendem a ter uma recuperação mais sólida e são as mais seguras do ponto de vista da saúde financeira. Ainda assim, há eleições pela frente que costumam trazer um período de maior volatilidade”, sugere Mastromonico.
Entre as maiores altas do Ibovespa entre 1 de julho e 15 de agosto, a Ativa Investimentos tem recomendação neutra para os papéis da Azul (AZUL4) com um preço-alvo de R$ 32. Para a corretora, embora a companhia esteja em um estágio operacional e financeiro melhor do que os pares do setor, há riscos que podem comprometer o desempenho da empresa.
“O aumento dos custos dos combustíveis, somado à elevação da inflação e do cenário de juros tanto no ambiente doméstico como de forma global, continuará impedindo o registro de uma recuperação mais”, informou a Ativa em relatório.
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Já para o Grupo Soma (SOMA3), que também está entre as maiores altas, a recomendação é de compra com preço-alvo de R$ 18,40 em virtude da capacidade da empresa de dar continuidade a expansão de vendas das marcas do grupo.
“Com os resultados do 2T22, já é possível observar os ganhos de sinergia e eficiência operacional na Hering com reorganização da matriz de fornecimento, diminuição da ruptura de estoques, diminuição de atraso médio de entregas e ajuste na pirâmide de produtos refletindo expansão de vendas e ganhos de rentabilidade”, justifica a corretora.
Já a XP Investimentos mantém recomendação neutra para os papéis da Magazine Luiza (MGLU3) diante de um cenário macroeconômico desafiador e um ambiente de negócio bastante competitivo. Por outro lado, a corretora enxerga como uma boa oportunidade de investimento as ações da Positivo (POSI3).
“A empresa continua se beneficiando de sua maior diversificação, compensando a desaceleração do segmento de varejo”, destacou a corretora. O preço-alvo para as ações da companhia que tem recomendação de compra é de R$ 16./COLABOROU LUÍZA LANZA
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