- Em agosto, o famoso fundo Verde, da gestora Verde Asset, subiu 0,72% - acima do CDI de 0,87%
- Dinâmica do mês foi influenciada pela discussão de corte de juros nos EUA; agora, pauta eleitoral deve predominar
- No Brasil, o risco fiscal e os desafios para cumprir a meta de resultado primário minam o otimismo da gestora com ações brasileiras
No melhor mês de 2024 para a Bolsa brasileira, as posições em ações levaram o famoso fundo Verde, da gestora Verde Asset, a contabilizar ganhos em agosto. O fundo teve um retorno de 0,72% no mês – abaixo dos 0,87% do CDI no período – apoiado ainda nas posições de juros e inflação brasileira, juros reais nos Estados Unidos e no livro de crédito.
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As perdas vieram da posição vendida em euro, em juros curtos e inflação implícita nos EUA e nos livros de trading.
“O mês foi bastante volátil nos mercados globais”, define a gestora de Luis Stuhlberger, em carta divulgada nesta sexta-feira (6). Os primeiros dias de agosto foram marcados por uma forte correção nos mercados, depois da divulgação de um dado de desemprego mais alto do que o esperado nos Estados Unidos. Isso trouxe à tona a discussão de uma potencial recessão na economia americana, que gerou um movimento de aversão a risco mais elevado nos primeiros pregões do mês.
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Aos poucos, o cenário se corrigiu à medida que o mercado sacramentou que o início do ciclo de cortes de juros por lá vai acontecer já em setembro. “Continuamos a ver um cenário de pouso suave como o mais provável na economia americana, para o qual as principais alocações em TIPs e ações ainda fazem sentido”, diz a carta. O foco, agora, passará a ser outro. “Nos próximos meses a dinâmica eleitoral deve voltar a predominar nos mercados.”
No Brasil, a questão fiscal ainda é o tema a ser acompanhado. A Verde destaca que, dada a necessidade de se atingir a meta de resultado primário “custe o que custar”, o governo tem apresentado “todo tipo de subterfúgios e criatividade”, fazendo menção a medidas anunciadas recentemente, como Vale Gás e o programa Pé de Meia.
“Voltamos à era da política pública feita fora do Orçamento, alimentando a criação de um sem-número de fundos e outras tecnologias parafiscais que pareciam ter ficado num passado nem tão remoto”, destaca a gestora na carta mensal. “Ao fim e ao cabo, a ação do governo tornou a métrica de déficit fiscal primário uma variável pouco relevante para os mercados. A preocupação crescente com o nível e a trajetória da dívida pública brasileira nos parece a consequência inevitável.”
Apesar deste panorama, as ações brasileiras conseguiram um desempenho positivo em agosto, impulsionadas pela perspectiva de corte de juros nos EUA. Mas, para a Verde, esse otimismo com a possibilidade de que o afrouxamento monetário atrairá recursos para os mercados emergentes pode estar exagerado.
“Não acreditamos que isso supere os fundamentos preocupantes e o ciclo de alta de juros prestes a ser iniciado pelo Banco Central do Brasil e por isso aproveitamos o movimento para vender parte das nossas posições de ações (especialmente em setores domésticos cíclicos) e para iniciar hedges, que de maneira agregada levam o fundo à sua menor exposição a bolsa brasileira desde 2016.”
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O fundo Verde está liquidamente zerado em Bolsa brasileira, mas manteve a exposição global. A alocação comprada em juro real nos EUA continua, assim como a posição relativa entre a inflação americana e a europeia, além de comprar inflação curta nos EUA. Em agosto, a gestora também iniciou uma pequena posição comprada em inflação implícita no Brasil, além de uma posição tomada na parte mais longa da curva de juros.
Em moedas, a Verde mantém posição comprada em dólar contra o real, além de rúpia indiana, financiada por posições vendidas no euro e no renminbi chinês. A pequena alocação em petróleo permanece, assim como os livros de crédito high yield local e global.