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- O Ibovespa encerrou esta sexta-feira (30) aos 136.004,01 pontos, com uma valorização acumulada de 6,54% em agosto. É o melhor desempenho mensal registrado em 2024
- Volta do capital estrangeiro e melhora do ambiente doméstico ajudaram ações brasileiras a se recuperarem
- Balanços trimestrais ajudaram as ações que mais subiram no mês; veja as maiores altas e baixas de agosto
O Ibovespa encerrou esta sexta-feira (30) aos 136.004,01 pontos, com uma valorização acumulada de 6,54% em agosto. É o melhor desempenho mensal registrado em 2024 e fez a B3 renovar as máximas históricas de fechamento em diferentes ocasiões, ultrapassando inclusive os 137 mil pontos ao longo do mês.
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O principal catalisador da alta da Bolsa brasileira foi a confirmação de que o tão aguardado ciclo de afrouxamento monetário nos Estados Unidos está prestes a começar. O mercado já estava precificando que o início dos cortes na taxa de juros americana começaria na reunião do Federal Reserve (Fed), o banco central norte-americano, em setembro, mas isso foi oficializado em duas ocasiões em agosto. Na divulgação da ata da última reunião do Fed, documento que mostrou a visão dos diretores de política monetária; e no simpósio de Jackson Hole, onde o presidente do BC americano discursou.
“Durante o Simpósio Econômico de Jackson Hole, o presidente do Banco Central dos EUA, Jerome Powell, afirmou que os dados econômicos indicam uma inflação mais próxima da meta e que o mercado de trabalho já não exerce pressão inflacionária significativa”, explica Robert Machado, CNPI-T da CM Capital. “Essas declarações reforçam a expectativa de um corte nas taxas de juros.”
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Com juros menores nos EUA, o apetite a risco de investidores globais volta a crescer. E isso já está sendo observado em agosto com a entrada de capital estrangeiro na B3. Até a terça-feira (27), dado mais recente disponibilizado pela B3, os gringos aportaram R$ 9,318 bilhões em ativos brasileiros – melhor resultado mensal de 2024.
“A redução dos juros leva os investidores a buscar alternativas mais arriscadas para rentabilizar seu capital, favorecendo a renda variável e justificando a alta do Ibovespa”, diz Machado.
Mas não foi só o cenário externo que ajudou o IBOV. Alexsandro Nishimura, economista e sócio da Nomos, ressalta que o mês de agosto começou sob certa tensão, que logo se reverteu com sinalizações mais benignas também no ambiente doméstico. “A temporada de balanço trouxe bons resultados e justificou algumas altas pontuais, mas houve sinalizações positivas no âmbito macro”, diz.
Nas últimas semanas, o governo ajustou a comunicação em relação ao fiscal, reforçando o comprometimento com o aumento da arrecadação e o corte de gastos para entregar as metas estabelecidas pelo arcabouço fiscal. Do Comitê de Política Monetária (Copom) e seus diretores, o mês também ficou marcado pelo endurecimento do discurso contra a inflação, com a mensagem de que, se necessário, o Banco Central não hesitará em subir a Selic novamente. A mensagem foi endossada principalmente por Gabriel Galípolo, diretor de política monetária indicado à presidência do BC a partir de 2025.
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“O Comitê deu o recado que o mercado queria, ressaltando o compromisso com a meta de inflação e assumindo que poderia elevar a Selic caso necessário. A certeza do início do corte de juros nos EUA em setembro, ao mesmo tempo em que o Copom segue aberto a manter ou aumentar a Selic, também ampara o fluxo estrangeiro, pois aumenta o diferencial de juros e torna o Brasil mais atrativo”, afirma Nishimura.
As ações do Ibovespa que mais subiram no mês
O bom momento do Ibovespa ajudou a impulsionar – e muito – alguns papéis. As ações do IRB Re deram um salto de 65,06%, o suficiente para zerar as perdas acumuladas em 2024 e encerrar agosto cotadas a R$ 48,38. Alexsandro Nishimura, da Nomos, explica que boa parte da valorização vem dos resultados trimestrais apresentados pela companhia, que registrou um lucro líquido de R$ 65,2 milhões no 2T24, muito acima das expectativas de mercado.
“A IRBR3 disparou após reportar aumento de 224,6% no lucro líquido do 2º TRI, o que surpreendeu o mercado, que enxergava que a seguradora seria muito mais afetada pelos acontecimentos trágicos no Rio Grande do Sul”, diz. “A empresa teve uma a reversão de posições vendidas, diante das melhores expectativas e valuations excessivamente pressionados”, destaca Nishimura.
Quem também ganhou os holofotes em agosto foi a Petz (PETZ3). Na metade do mês, a companhia anunciou a fusão com a Cobasi – e a notícia agradou o mercado. A avaliação geral é que as duas companhias têm potencial de capturar sinergias e criar um dos maiores players do mercado pet no Brasil. A euforia com a negociação fez a PETZ3 se valorizar 38,86% no acumulado mensal.
A Marfrig (MRFG3) também viu as ações saltarem na Bolsa em agosto, com uma valorização mensal de 28,74%. O desempenho reflete uma conjunção de fatores positivos. “Além do dólar apreciado ao longo do mês que favoreceu o fluxo para exportadoras em geral, tanto o resultado da Marfrig como principalmente os números da BRF (controlada da companhia) agradaram os investidores, que aceleraram a busca pelos papéis. Além disso, na segunda quinzena do mês, a MRFG3 teve elevação de preço-alvo por uma instituição de análise estrangeira”, explica Renato Chanes, analista da Ágora Investimentos.
As ações que mais caíram em agosto
Na ponta negativa, os papéis que mais caem são aqueles mais sensíveis à variação da economia doméstica, que, apesar da alta da Bolsa, foram pressionados pela abertura da curva de juros. Ao longo de agosto, ganhou força no mercado a tese de que o Banco Central precisará retomar o ciclo de altas na Selic para reanconrar as expectativas de inflação no País – um movimento que, se confirmado, bate nas ações cíclicas.
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Mas há ainda outros fatores individuais. A ação que mais caiu em agosto foi a Azul (AZUL4), que cedeu 32,63%, a R$ 5,39. O papel alcançou a liderança da ponta negativa do IBOV mesmo na reta final do mês: somente na quinta-feira (29), a AZUL4 dissolveu 24,14%, repercutindo a possibilidade de a companhia solicitar proteção contra credores nos EUA, mecanismo conhecido como Chapter 11 – uma espécie de recuperação judicial na justiça americana.
Todos os outros desempenhos negativos estão, em algum grau, ligados aos resultados trimestrais do 2T24. “Os resultados do 2º trimestre de Cogna e Yduqs decepcionaram os investidores, o que acabou pesando nos papeis. Já Natura, o mercado reagiu negativamente ao balanço e à notícia de que sua subsidiária Avon Products Inc., entrou com um pedido de recuperação judicial nos Estados Unidos, o chamado Chapter 11”, destaca Chanes, da Ágora.
O mesmo aconteceu com a Vamos (VAMO3), que passou por um forte movimento de alta entre junho e início de julho, mas viu os papéis devolverem boa parte dos ganhos desde então. Em agosto, pesou no desempenho no Ibovespa o resultado do 2T24 abaixo do esperado pelo mercado.
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