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- Brasil está chegando ao fim de seu ciclo de alta de juros, enquanto o Fed e outros bancos centrais de mercados desenvolvidos estão apenas começando subir os juros
- A XP destaca, no entanto, que os fluxos estrangeiros que chegam ao Brasil têm sido direcionados, principalmente, para os setores de commodities e financeiro
(Beth Moreira) – A XP atualizou o preço-alvo do Ibovespa para 130 mil pontos em 2022, ante 123 mil pontos mantido anteriormente. Segundo a corretora, o ajuste deve-se a estimativas de lucro por ação (LPA) mais altas.
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Em relatório assinado pelos estrategistas Fernando Ferreira (chefe e head de research), Jennie Li e Rebecca Nossig, o valor justo para o Ibovespa foi calculado como uma média de três metodologias: 1) um modelo de Fluxo de Caixa Descontado, que atualmente assume um Custo Médio Ponderado de Capital (WACC) de 11,3%; 2) um modelo P/L alvo, que assume um múltiplo de 9 vezes, ainda abaixo da média histórica de 11 vezes; e 3) modelo de EV/EBITDA de 6,0 vezes, também abaixo da média histórica de 6,5 vezes.
A equipe pontua que, depois de estar entre os piores mercados em 2021, o Brasil é o mercado com melhor desempenho no ano de 2022. Segundo a casa, o mercado brasileiro está se beneficiando de uma combinação de rotação global de ações de crescimento para ações de valor; uma forte exposição do Brasil a commodities e bancos; valuation ainda muito atrativos apesar do rali recente; fluxos de outros Mercados Emergentes para o Brasil; e por fim, o Brasil está chegando ao fim de seu ciclo de alta de juros, enquanto o Fed e outros bancos centrais de mercados desenvolvidos estão apenas começando subir os juros.
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“Como resultado, estamos vendo uma forte entrada de capital estrangeiro em ações brasileiras este ano”. Até agora, a entrada líquida acumulou R$ 92,7 bilhões, ante R$ 102 bilhões que entraram no ano todo de 2021. E com uma maior entrada de dólares no país, o Real vem se valorizando fortemente em relação ao dólar, atingindo a seu nível mais alto desde o início da pandemia.
A XP destaca, no entanto, que os fluxos estrangeiros que chegam ao Brasil têm sido direcionados, principalmente, para os setores de commodities e financeiro, enquanto as ações mais voltadas para os setores domésticos e small caps continuam para trás.
“Enquanto as commodities e setor financeiro do Ibovespa subiram mais de +20% no acumulado do ano, os demais setores subiram apenas 6,7%. O índice de small caps também continua atrás do Ibovespa com um retorno de 6,7% até agora”, observam.
Ponto atrativo
Para o time da XP com as empresas domésticas ficando para trás, a questão é se já estamos num ponto atraente para fazer uma rotação de volta para esses setores. A casa aponta as empresas da lista sob sua cobertura caíram mais de 20% nos últimos 12 meses; têm o Preço/Lucro (P/L) abaixo da média histórica de cinco anos; têm crescimento positivo do LPA (Lucro por Ação) entre 2021 e 2023; e estão com recomendação de Compra. A XP lista nomes como Natura, Lojas Renner, Cyrela, Locaweb, EzTec, Alpargatas, Yducs, Panvel, Trisul, Tenda, Ânima, Lavvi e Grupo Mateus.
A XP alerta, no entanto, que dado o cenário macroeconômico ainda desafiador no Brasil, com inflação e taxas de juros ainda crescentes, e uma projeção de 0% de crescimento do PIB para 2022 segundo o time de Economia da casa, ainda acha que é cedo para fazer uma migração total para os players domésticos.
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Para a XP, a Bolsa brasileira continua barata. “Continuamos vendo as ações brasileiras sendo negociadas em níveis atrativos de valuation, em Preço/Lucro (P/L) projetado de 7,5 vezes, um desconto de 33% em relação à média dos últimos 15 anos em 11,2 vezes. Além disso, vemos riscos de alta para o lucros do Brasil, o que pode fazer as ações brasileiras parecerem ainda mais baratas”, afirmam.
Para a corretora, se as expectativas de LPA (Lucro por Ação) para 2022 aumentarem em 10%, o P/L futuro estaria mais próximo de 7 vezes. “Também é importante notar que a valorização do Ibovespa ex-commodities é menor, ou seja, não é mais apenas para commodities que a valorização da bolsa brasileira é atrativa”, diz.
Olhando para os diferentes setores, a XP vê que alguns negociam a múltiplos mais baratos ou caros em relação às suas próprias médias históricas. A casa aponta os setores de Tecnologia, Saúde, Consumo Discricionário e Indústria negociando com o Preço/Lucro acima dos últimos anos, enquanto Materiais e Energia – as commodities – estão abaixo, ou seja, negociam em patamares bastante atrativos.
Por fim, afirma, o Prêmio de Risco para ações brasileiras, que compara seu rendimento com as taxas de juros reais, mostra que as ações brasileiras estão baratas mesmo considerando o alto nível das taxas de juros locais. O nível atual de Prêmio de Risco está em 7,9%, superior à média histórica de 4,6%.
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