- As preocupações com a saúde financeira do Credit Suisse abalaram os mercados globais nas últimas 24 horas, alarmaram reguladores em toda a Europa e nos Estados Unidos e levaram algumas empresas a reavaliar sua exposição ao banco
- Analistas liderados por Kian Abouhossein projetaram três cenários para o Credit Suisse em meio a uma crise de confiança dos investidores no banco, e dizem que uma aquisição – com o rival UBS sendo uma provável opção para isso – é o mais provável
O Credit Suisse tentou controlar uma queda na confiança dos investidores nesta quinta-feira, solicitando uma linha de crédito de 50 bilhões de francos suíços (US$ 54 bilhões) com o banco central do país e oferecendo-se para recomprar a dívida, enquanto executivos e funcionários do governo planejam os próximos passos para o credor em apuros.
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As ações do Credit Suisse subiram inicialmente até 40% antes de diminuir os ganhos, mantendo-se abaixo do valor registrado na quarta-feira, quando sofreram a maior redução desde a crise financeira de 2008. Enquanto os analistas começavam a questionar quanto tempo o anúncio tinha conseguido ganhar, o Conselho Federal suíço estava organizando uma reunião extraordinária na quinta-feira para discutir a situação.
Nesse meio tempo, o principal acionista do Credit Suisse disse mais cedo que “está tudo bem” e que o banco provavelmente não iria solicitar mais capital, um dia depois de seus comentários ajudarem a desencadear a instabilidade das ações. As preocupações com a saúde financeira do Credit Suisse abalaram os mercados globais nas últimas 24 horas, alarmaram reguladores em toda a Europa e nos Estados Unidos e levaram algumas empresas a reavaliar sua exposição ao banco.
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O governo, o banco central e a Autoridade Federal de Vigilância do Mercado Financeiro (Finma) têm estado em contato direto para discutir formas de estabilizar o Credit Suisse. As ideias propostas – além da demonstração pública de apoio – incluem uma separação da unidade suíça do banco e uma improvável parceria orquestrada com o maior rival suíço, o UBS, segundo fontes familiarizadas com o assunto, alertando não estar claro qual dessas medidas, se for o caso, seria de fato concretizada. O Credit Suisse ainda não utilizou a linha de crédito do banco central suíço, de acordo com uma fonte a par do tema.
Enquanto isso, os executivos estão insistindo que uma reformulação estratégica anunciada em outubro continua sendo o principal plano para reverter a situação do banco, e as recompras de dívida evidenciam os pontos fortes do banco.
“Essas medidas demonstram uma ação decisiva para fortalecer o Credit Suisse conforme continuamos nossa transformação estratégica”, disse o CEO, Ulrich Koerner, em um comunicado. “Minha equipe e eu estamos determinados a seguir em frente com celeridade para oferecer um banco mais simples e mais focado, construído com base nas necessidades dos clientes.”
No entanto, analistas do JPMorgan Chase veem uma aquisição do banco como o desfecho mais provável.
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Analistas liderados por Kian Abouhossein projetaram três cenários para o Credit Suisse em meio a uma crise de confiança dos investidores no banco, e dizem que uma aquisição – com o rival UBS sendo uma provável opção para isso – é o mais provável.
Uma negociação poderia ser seguida por uma listagem ou desmembramento da parte credora do banco suíço, avaliada em 10 bilhões de francos suíços (US$ 10,8 bilhões), dada a concentração de mercado entre o Credit Suisse e o UBS, disseram os analistas, que têm uma classificação neutra em relação ao Credit Suisse.
O Credit Suisse anunciou pelo menos a sua segunda recompra de dívida apenas nos últimos seis meses, já que busca recuperar a confiança dos investidores. O banco se ofereceu para recomprar cerca de US$ 3 bilhões de sua dívida em outubro do ano passado, dizendo na época que queria “aproveitar as condições do mercado para recomprar a dívida a preços convidativos”.
A mais recente tender offer é válida para dez títulos de dívida sênior no valor máximo de US$ 2,5 bilhões, assim como para quatro títulos de dívida sênior denominados em euros no valor máximo de 500 milhões de euros.
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O empréstimo vem na forma de uma linha de crédito coberta, assim como uma linha de liquidez de curto prazo, que são totalmente garantidas por ativos de alta qualidade, segundo o banco. No final de 2022, o Credit Suisse tinha uma taxa CET1 de 14,1% e uma taxa média de cobertura de liquidez de 144%, que desde então melhorou para aproximadamente 150%, desde 14 de março, acrescentou. O banco central da Suíça recusou-se a fazer mais comentários a respeito da linha de crédito.
O segundo maior credor da Suíça, cujas origens remontam a 1856, tem sido atingido nos últimos anos por uma série de afrontas, escândalos, renovação de liderança e questões legais. A perda da empresa de 7,3 bilhões de francos no ano passado deu fim aos lucros da década anterior, e a segunda mudança estratégica do banco em tantos anos até agora não conseguiu conquistar investidores ou deter a retirada de capital de clientes.
O credor disse em seu relatório anual no início desta semana que os saques de clientes continuaram em março, embora Koerner posteriormente tenha dito na Bloomberg Television que o banco atraiu fundos depois da falência do Silicon Valley Bank.
A base para a súbita reviravolta do Credit Suisse foi estabelecida no início da semana, enquanto os investidores tentavam se afastar do risco bancário após a falência do SVB. Então as ações do banco suíço caíram para o nível mais baixo já registrado depois que o presidente do Saudi National Bank disse que não aumentaria sua participação no banco, mantendo-se com quase 10%.
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Na terça-feira, Koerner pediu paciência e disse que a posição financeira do banco era saudável. Ele chamou a atenção para a taxa de cobertura de liquidez da empresa, que indica que o banco pode lidar com mais de um mês de saques durante um período de estresse. O presidente do Credit Suisse, Axel Lehmann, disse em uma conferência na quarta-feira que a ajuda do governo “não era nada demais” e que os esforços da empresa para voltar a lucrar não são comparáveis aos problemas de liquidez graves atingindo bancos menores nos EUA.
Os repórteres da Bloomberg Ameya Karve, Jan-Henrik Foerster, Ishika Mookerjee, Winnie Hsu, Bastian Benrath, Ambereen Choudhury e Jan-Patrick Barnert contribuíram com esta matéria.
TRADUÇÃO DE ROMINA CÁCIA