- Nesta quinta-feira (11), a Gafisa (GFSA3) informou que a Esh Capital reduziu a participação na empresa de cerca de 19,9% para 4,041%
- Por trás dessa redução, está o fundo Águia Dourado. Somente esta aplicação detinha mais de 15% da parcela da Esh na Gafisa
- Acontece, entretanto, que na última segunda-feira (8), o Águia Dourada mudou de mãos. Após Assembleia, o único cotista do Águia Dourado aprovou a transferência da gestão do produto para a Latache Gestão de Recursos. Procurada, a Latache não quis se pronunciar
A Gafisa (GFSA3) informou nesta quinta-feira (11) que a Esh Capital reduziu a participação na empresa de 19,9% para 4,041%. Entre os investidores, a notícia foi interpretada como um sinal de “desistência” da gestora, que há mais de um ano está em uma disputa na justiça com a administração da empresa e seus principais acionistas – entre eles, o megaempresário Nelson Tanure.
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A Esh aponta que a gestão da Gafisa não cumpre com seus deveres fiduciários e acusa os administradores de causarem prejuízos à construtora em negócios considerados irregulares. Em paralelo, tenta destituir o atual Conselho de Administração em Assembleias Gerais Extraordinárias, mas vem sofrendo sucessivas derrotas. A mais recente, determinada pela Justiça no fim de março, foi o bloqueio das ações detidas pelos fundos de investimento geridos pela Esh na empresa. O E-Investidor entrou em contato com a gestora, que não quis se pronunciar.
Entre esses fundos de investimento estava o “Águia Dourada Responsabilidade Limitada”. Somente esta aplicação detinha mais de 15% da parcela da Esh na Gafisa. Na última segunda-feira (8), porém, o Águia Dourada mudou de mãos.
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De acordo com a ata de assembleia publicada na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) nesta quinta, o único cotista do fundo, constituído em 20 de fevereiro, aprovou a transferência da gestão do produto para a Latache Gestão de Recursos. Sem o fundo em sua “alçada”, a participação da Esh caiu substancialmente.
Até o mês de fevereiro, último dado disponível na CVM, 99,83% do capital do Águia Dourado era direcionado a investimentos nos papéis da Gafisa, uma posição de R$ 78,7 milhões. Até às 17h07, as ações da Gafisa caíam 8,26%, aos R$ 6,33, repercutindo as movimentações do dia.
Relembre o caso
Desde o início do ano passado, a gestora Esh Capital tenta suspender os direitos políticos do acionista de referência da Gafisa (GFSA3), Nelson Tanure, e destituir o conselho de administração. A casa alega que o megaempresário oculta a sua real fatia na companhia por meio de participações indiretas em uma rede de veículos de investimento.
Nos cálculos da Esh, unindo as participações supostamente detidas por Tanure nesta rede de fundos, o investidor já teria avançado sobre 40% do capital da empresa. Com isso, acionado a “poison pill” da Gafisa – o estatuto social da construtora define que qualquer investidor que detenha ações de emissão que representem 30% ou mais do capital devem fazer uma oferta pública de aquisição (OPA) aos demais acionistas. A gestora também aponta irregularidades em negócios, como nas alienações das cotas do Brazil Realty Fundo de Investimento Imobiliário e da totalidade da participação societária da RK8 SPE Empreendimentos e Participações Ltda.
A Gafisa se defende, apontando que o comportamento da Esh prejudica a companhia. “Seu modus operandi não tem como objetivo final efetivamente discutir eventual infração do Estatuto Social, mas buscar meios para afastar os direitos políticos de uma série de acionistas a fim de viabilizar uma tomada hostil da Companhia”, disse a Gafisa, em comunicado enviado ao E-Investidor em janeiro.
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Entre acusações e troca de farpas, a Esh vem sofrendo derrotas. Não conseguiu destituir o conselho ou cassar os direitos políticos de Tanure nas assembleias e teve as ações na Gafisa bloqueadas na Justiça.