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“Me arrependo de investir na Gafisa (GFSA3)”, diz Pedro Novellino

Jovem de 28 anos chegou a ter 11% da construtora, mas vendeu tudo repentinamente; procurada, a Gafisa não quis comentar

“Me arrependo de investir na Gafisa (GFSA3)”, diz Pedro Novellino
Esh Capital quer suspender direitos do acionista de referência até realização de uma OPA (Foto: Repodução/Facebook/Gafisa)
O que este conteúdo fez por você?
  • Pedro Novellino, de 28 anos, surpreendeu ao vender subitamente toda a posição que tinha na Gafisa pouco antes de uma assembleia polêmica
  • Em entrevista ao E-Investidor, o jovem investidor relatou se arrepender do investimento na empresa em função das brigas societárias e exposição
  • "Eu pensei que estava investindo na empresa, mas estava comprando um problema para a minha vida", diz Novellino
  • Procurados pela reportagem, Gafisa e Esh Capital não quiseram comentar o assunto

O jovem Pedro Novellino, de 28 anos, comprou 6,5% da Gafisa (GFSA3) em outubro do ano passado. Um mês depois, adquiriu mais ações e chegou a ter uma fatia de 11% da empresa. Contudo, quando avançou sobre o capital da construtora, o investidor não tinha dimensão dos conflitos societários que ocorriam dentro da companhia – confira a história dele aqui. “Caí de paraquedas nessa disputa societária”, afirmou Novellino, em entrevista ao E-Investidor.

Há mais de 1 ano o megaempresário Nelson Tanure, um dos principais acionistas da Gafisa, e a gestora Esh Capital, de Vladimir Timerman, travam embates na Justiça em função de questões relacionadas à governança da empresa (saiba mais sobre isso nesta reportagem).

No dia 7 de fevereiro deste ano ocorreu uma Assembleia Geral Extraordinária (AGE), convocada pela Esh, para discutir sobre a cassação dos direitos políticos de Tanure e destituição dos atuais membros do Conselho de Administração da Gafisa. Nas semanas anteriores à reunião havia muita expectativa sobre o voto de Novellino, que como acionista relevante da empresa poderia ser o fiel da balança nas deliberações. Procurados pela reportagem, Gafisa e Esh Capital não quiseram comentar o assunto

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Entretanto, no dia da AGE, a Gafisa anunciou via fato relevante que Novellino havia vendido mais de 99% da sua posição – que até o dia 26 de janeiro, 12 dias antes da assembleia, era de cerca de 6,3 milhões de ações (9,12% da companhia). “Pensei que estava investindo na empresa, mas estava comprando um problema para a minha vida”, diz Novellino. No final, a AGE terminou com as pautas da Esh derrotadas.

O E-Investidor também identificou que, no final de janeiro, Tanure fez uma “notificação para explicações criminais” à Novellino, por supostas postagens dele nas redes sociais sobre a Gafisa (Leia mais sobre isso nesta reportagem).

Hoje, apesar de ter tido ganho financeiro com a posição, Novellino, que antes investia principalmente em criptoativos e renda fixa, se arrepende do investimento em Gafisa em função da exposição de suas movimentações. Também diz não voltar tão cedo a investir em uma empresa de capital aberto, no mercado tradicional de Bolsa.

“Em cripto, sou anônimo”, diz Novellino. “Eu nem sabia que se você compra 5% de uma empresa de capital aberto teu nome é notificado.”

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E-Investidor – O que te levou a comprar ações da Gafisa?

Pedro Novellino –  No Rio, há uma presença muito bem marcada da construtora. E eu visitei o Cyano (Cyano Exclusive Residences Barra da Tijuca, apartamentos da Gafisa) e, na época, não tinha nenhum apartamento para vender. Sendo que cada apartamento custava R$ 30 milhões. Aí eu pensei: “A empresa está custando R$ 200 milhões. Com esse dinheiro (R$ 30 milhões do apartamento no Cyano), eu consigo comprar uma boa fatia da empresa”. Na minha cabeça, não fazia sentido a Gafisa ter um desconto patrimonial de 85%.

E o que te levou a vender tão repentinamente?

Eu comprei as ações e caí de paraquedas nessa disputa societária (entre Nelson Tanure e Esh Capital). Me vi numa confusão, sem conseguir dormir, já estava prejudicando meu casamento. Não conseguia me desligar desse assunto e eu não quero isso pra mim. Pensei que estava investindo na empresa, mas estava comprando um problema para a minha vida. Começaram a sair matérias com “o jovem que pode definir o futuro da votação da AGE (do dia 7 de fevereiro)” e eu não queria ter essa responsabilidade.

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Você se arrepende de investir em Gafisa?

Eu me arrependo. Sou uma pessoa que não gosta de mídia. Minhas redes sociais são todas fechadas. Não tenho foto. Eu tive um ganho financeiro (com Gafisa), porém, se eu pudesse voltar no passado, não teria feito nada disso. Porque eu tenho um patrimônio relevante. Então, minha vida não mudou. Eu moro no mesmo lugar. Tenho o mesmo carro. Saio nos mesmos lugares.

Só que agora eu tenho uma exposição. E posso, ainda, enfrentar problemas que eu jamais imaginaria enfrentar quando eu resolvi comprar as ações. Desde que eu comprei, sofri uma pressão de família, amigos, meu advogado pessoal, no sentido que eu estava comprando uma briga em que eu não sei o que é verdade ou não.

Eu tinha até preenchido o voto via Boletim de Voto a Distância (BVD) para a assembleia de 7 de fevereiro, só que minha família falava: “Você só tem 28 anos, por que está se metendo nisso? Você pode estragar a sua vida brigando”.

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Antes do investimento você não sabia da disputa societária na empresa?

Eu comprei e aí eu fui pesquisar no YouTube e lá você só consegue escutar um dos lados da história, que é o lado do Vladimir Timerman, da Esh Capital. Já em relação ao Nelson Tanure não existe um vídeo dele falando, não dá para saber nem como é a voz dele. Não tem nada.

Então eu escutei um dos lados da história e tudo que o Vladimir Timerman falava tinha um embasamento. Não eram coisas que ele estava inventando na cabeça dele. Eu admiro o ativismo societário do Timerman e o fato de ele ir atrás e resolver problemas que ninguém resolve. Porém, meu foco na Gafisa como investimento não era este. Eu poderia apoiar as mesmas causas simplesmente ao investir no fundo dele, sem colocar a minha cara à tapa. Ele (Timerman) tem que ser a pessoa que vai definir o futuro da empresa, não eu.

Você chegou a ser abordado por Tanure ou pela Esh Capital, enquanto era acionista?

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Não, nunca tive a chance de conversar com Tanure, nem por meio de intermediários, nem nada. Até mesmo com o Timerman, eu conversei com ele uma vez e ficou por isso mesmo.

O E-Investidor teve acesso à informação de que Tanure te notificou em função de postagens no perfil “Jogador Suicida”, no X. Você tem algo a dizer sobre isso?

Eu prefiro nem comentar sobre isso, se a notificação existiu ou não. Não quero problema. Sobre o perfil Jogador Suicida, sempre rolaram muitos fakes meus na internet. Na época que eu vendia curso de marketing digital as pessoas sempre se passavam por mim. Eu fiquei sabendo desse perfil aí (Jogador Suicida) em meados de janeiro, porém, também não tenho nada a declarar sobre isso.

Gafisa foi seu primeiro investimento no mercado tradicional de Bolsa?

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Não, já perdi dinheiro na Petrobras (PETR3; PETR4), Magazine Luiza (MGLU3), perdi dinheiro em várias outras coisas. Antes de investir na Gafisa, eu fiz cerca de dez trades. Alguns perdedores, outros vencedores, no total eu estava no zero a zero, até perdendo um pouco. Aí, na Gafisa, eu vi a oportunidade de recuperar o que eu tinha perdido e ainda sair com o lucro.

E o lucro com Gafisa conseguiu compensar as perdas nesses outros trades?

Até chegar no patamar de R$ 7 eu estava vendendo ações da Gafisa. Eu não vendi lá em cima – é o sonho, todo mundo quer vender no topo, mas eu não consegui fazer isso. Não sei precisar quanto eu lucrei, porque eu ainda não fechei a contabilidade para o Imposto de Renda (IR), mas eu saí com lucro e consegui abater o prejuízo que eu tinha nos outros trades. Até então, eu nunca tinha pagado nenhuma DARF (Documento de Arrecadação de Receitas Federais) na Bolsa.

Agora que sua história na Gafisa “acabou”, você pretende investir em outra empresa aberta?

Em cripto, tem uma que estou estudando bastante nos últimos dias, é a Whirl. Mas de Bolsa eu estou fugindo. Depois dessa confusão, eu até tenho algumas ações, mas é bem pouco. Eu até vendi algumas com prejuízo. Não me me dá mais ânimo.

Você se decepcionou com a Bolsa?

Sim, por conta da exposição. Eu sempre gostei de ser um dos maiores. Nos projetos de cripto que eu mais ganhei dinheiro, eu era um dos top 10 acionistas daquela cripto. Se às vezes um projeto era muito grande, como o bitcoin, que cresceu demais, eu não me interessava mais nele. Começava a procurar coisas em que eu poderia ter uma relevância maior. Eu já fui, no passado, o maior acionista de alguns tokens no mercado cripto, que hoje são bem grandes. Por exemplo, os tokens Magic, Spell, Gala e GMX. Só que nas criptos, sou anônimo.

Eu nem sabia que se você compra 5% de uma empresa de capital aberto, teu nome é notificado. Do nada eu recebi um e-mail da Gafisa falando que eu precisava notificar o mercado em até cinco dias senão seria multado. Eu estava com 6% ou 7 % da Gafisa quando eu recebi esse e-mail, perguntei como fazia isso, eles me enviaram o modelo, eu copiei, colei e retornei a eles.