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Ferrari enfrenta nova crise de liderança com demissão abrupta de CEO

Louis Camilleri decidiu renunciar ao comando da icônica marca italiana, que tem valor de mercado de 35 bilhões de euros

Ferrari enfrenta nova crise de liderança com demissão abrupta de CEO
Louis Camilleri (de terno) comemora a vitória do piloto Charles Leclerc, da Scuderia Ferrari, no circuito de Monda, Itália, em 2019 (Foto: Massimo Pinca/Reuters)
  • O CEO Louis Camilleri renunciou após ser hospitalizado por covid-19;
  • Camilleri assumiu o cargo há apenas 30 meses, após a morte de Sergio Marchionne;
  • O presidente John Elkann assumirá o cargo interinamente.

(Tommaso Ebhardt e Daniele Lepido/WP Bloomberg) – A Ferrari está enfrentando sua segunda crise de liderança em pouco tempo após o CEO Louis Camilleri renunciar abruptamente, complicando a transição da fabricante italiana de carros esportivos para a mobilidade elétrica.

O presidente John Elkann assumirá o cargo interinamente. Ele precisa encontrar um novo líder apenas 30 meses depois de escolher Camilleri para suceder Sergio Marchionne, que morreu em julho de 2018 de complicações após uma cirurgia.

Camilleri, 65, está partindo depois que teve de ser hospitalizado por covid-19. Ele está se recuperando em casa e a infecção não foi o principal motivo de sua saída, disse um porta-voz da empresa, sem dar detalhes. Camilleri também deixou o cargo de presidente da Philip Morris International Inc.

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Sua saída ocorre em uma fase difícil para a antiga unidade da Fiat Chrysler Automobiles. A pandemia do coronavírus comprimiu as vendas de automóveis no momento em que a indústria está abandonando o motor de combustão interna – uma característica fundamental dos carros Ferrari de alta potência.

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O valor de mercado da Ferrari está próximo de 35 bilhões de euros (US$ 42 bilhões). A ação da montadora italiana (RACE) acumulava quase 20% de alta no ano, até a segunda-feira, 14. O papel tem o melhor desempenho no Índice Stoxx 600 Automobiles & Parts.

Quem quer que assuma como novo CEO terá “um grande cargo”, disse Angus Tweedie, analista do Citigroup, em nota. Ele apontou para questões sobre se a empresa pode atingir suas metas de lucratividade para 2022, lançar novos modelos, incluindo o PuroSangue SUV e inserir a fabricante de supercarros para uma frota livre de emissões.

Camilleri era membro do conselho da Ferrari quando assumiu como CEO no lugar de Marchionne, que orquestrou o spin-off entre a Ferrari e a Fiat Chrysler em 2016.

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A Ferrari administrou a pandemia melhor do que o esperado, recebendo pedidos de seus supercarros de seis e sete dígitos com taxas semelhantes às do ano passado, disse a empresa em novembro.

Durante sua passagem como CEO, Camilleri supervisionou a transformação da Ferrari em uma marca de luxo totalmente desenvolvida. Ele renovou a linha da Ferrari para que pudesse continuar aumentando os preços. A empresa lançou cinco novos modelos em 2019, o que ajudou a aumentar as vendas anuais para mais de 10.000 unidades pela primeira vez.

“Louis mostrou um senso de responsabilidade inabalável garantindo a continuidade para nossa organização, enquanto guiava a Ferrari para o futuro com um plano estratégico ambicioso e de longo alcance”, disse Elkann em uma carta aos funcionários.

A Exor, empresa de investimentos da família Agnelli, controla a Ferrari com 36% dos direitos de voto e uma participação direta de 23%. A fabricante teve suas ações listadas em Nova York em 2015.

Elkann, o descendente da família Agnelli, foi escolhido para se tornar presidente da Stellantis, a empresa que iniciará suas operações no próximo ano após a combinação da Fiat Chrysler Automobiles NV com a fabricante Peugeot PSA Group.

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Desafios para a nova gestão da Ferrari

Uma questão iminente para o sucessor de Camilleri é como a Ferrari vai lidar com os regulamentos de emissões mais rígidos na União Europeia e em outros mercados. Embora a empresa tenha dito que 60% de seus modelos terão um motor híbrido até 2022, Camilleri expressou dúvidas de que a marca conseguisse se transformar em uma totalmente elétrica.

Ele criticou recentemente os regulamentos ambientais europeus que visam cortar as emissões de transporte, penalizando a venda de veículos com motores particularmente ineficientes, dizendo que eles não levam em consideração a pouca frequência com que alguns são dirigidos.

“Se você pegar uma Ferrari V-12 que percorre apenas 3.000 quilômetros por ano, provavelmente ela terá menos emissões do que um carro muito pequeno que funciona todos os dias”, disse ele durante uma conferência com investidores no mês passado.

Na Philip Morris, sua saída desencadeou um plano de sucessão ordenado que está em vigor há algum tempo, disse a empresa. O CEO da empresa de tabaco, Andre Calantzopoulos, se tornará presidente executivo pouco antes da assembleia anual de acionistas em maio, disse.

Lucio Noto, o diretor-presidente independente da empresa, atuará como presidente interino nesse ínterim. O diretor de operações Jacek Olczak sucederá Calantzopoulos como CEO quando ele assumir o cargo de presidente.

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A gigante do tabaco há muito é patrocinadora da equipe de corrida da Ferrari na Fórmula 1 , mas Camilleri não tinha experiência automotiva direta, o que o tornou uma escolha um tanto controversa para dirigir uma das marcas de carros mais importantes do mundo.

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