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Grupo Casas Bahia (BHIA3): por que o dia 3 de outubro será decisivo para as ações?

A securitizadora Opea convocou uma assembleia para decidir a antecipação de CRI no valor de R$ 400 milhões

Grupo Casas Bahia (BHIA3): por que o dia 3 de outubro será decisivo para as ações?
(Foto: Ricardo Prado/Estadão)
  • Caso haja a decisão de antecipação da dívida, os esforços para reduzir a alavancagem com o follow onw podem ter sido em vão
  • Por volta das 12h, as ações das Casas Bahia ganharam fôlego de 1,6%, cotados a R$ 0,60

As ações do Grupo Casas Bahia (BHIA3) ganharam fôlego ao longo das negociações desta terça-feira (26), mas não travaram a desvalorização de 46% acumulada desde o follow on. Os papéis da varejista encerraram o pregão com uma alta de 1,69%, sendo negociados a R$ 0,60.

No entanto, a recuperação mais efetiva da companhia na Bolsa depende de vários fatores, sendo um deles o resultado da assembleia geral, convocada pela securitizadora Opea, prevista para acontecer na próxima terça-feira (3). Segundo informações da agência Reuters, o encontro foi marcado para decidir uma eventual antecipação dos vencimentos de certificados de recebíveis imobiliários (CRI), que possuem lastro na 8ª emissão de debêntures da varejista.

+ Leia Mais: Casas Bahia (BHIA3): até quando o mercado ficará pessimista com as ações?

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A convocação da assembleia acontece após a agência de classificação de risco S&P ter rebaixado a nota da emissão de CRIs da Opea Securitizadora DE “brAA-” para “brA-“. Segundo Fernando Ferrer, analista da Empiricus Research, caso essa medida seja efetuada, a reestruturação da companhia por meio do capital levantado em follow on poderia perder a sua eficácia, já que o valor da dívida fica em torno de R$ 400 milhões.

“A eventual antecipação do vencimento desse CRI poderia abrir espaço para a antecipação de outras  dívidas da companhia”, diz o analista. Esse efeito poderia obrigar a empresa a utilizar os recursos adquiridos no follow on para o pagamento dessas dívidas que foram antecipadas e que não estavam previstas no planejamento da oferta das ações.

Se essa possibilidade acontecer, a perspectiva de entregar resultados sólidos nos próximos trimestres fica ainda mais incerta. Segundo Hulisses Dias, analistas da CNPI e mestre em finanças, o pagamento deveria acontecer em até três dias úteis após a comunicação da decisão. “Aumentam as chances da empresa pedir recuperação judicial”, afirma Dias.

Malek Zein, analista do TC, também avalia o risco de uma recuperação judicial diante do alto volume de endividamento da companhia. “A empresa possuí R$ 14 bilhões em dívidas, enquanto possui apenas R$ 800 milhões em caixa. Com os recursos captados no aumento de capital o caixa, fica em R$ 1,4 bilhão. Isso sem considerar a esperada queima de caixa ocorrida ao longo do 3T23”, ressalta.

As ações do Grupo Casas Bahia (BHIA3) são negociadas abaixo de R$ 1 desde o dia 14 de setembro quando o mercado repercutiu o follow on que arrecadou apenas R$ 622,9 milhões, enquanto a expectativa era de uma arrecadação de R$ 1 bilhão. Na época, o papel caiu 18,92% passando a valer R$ 0,90.

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O cenário macroeconômico também não está favorável para o setor. Apesar do movimento de queda da taxa de juros no Brasil, a Selic deve permanecer em patamares elevados por mais tempo. Além disso, o poder de compra do consumido ainda segue comprometido diante do alto nível de endividamento.

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