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- As ações do Grupo Casas Bahia (BHIA3), novo nome e ticker da Via (VIIA3), derreteram quase 19% nesta quinta-feira (14)
- Valendo menos de R$ 1, os ativos foram pressionados pelo follow on mal sucedido da companhia, que captou R$ 622,9 milhões. A expectativa era de R$ 1 bi
- Especialistas destacam que os problemas na varejista estão no radar há algum tempo; e podem explicar ceticismo do mercado para com as ações
A antiga Via (VIIA3) está passando por mudanças – e nem todas estão sendo bem recebidas pelo mercado. Na terça-feira (12), a companhia anunciou que estava mudando seu nome e seu ticker na Bolsa para Grupo Casas Bahia (BHIA3), em substituição ao anterior VIIA3. Mas não foi essa troca na marca que fez as ações da companhia cederem 23,73% nos acumulado dos quatro primeiros pregões desta semana.
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Somente nesta quinta-feira (14), a BHIA3 caiu expressivos 18,92%, passando a valer R$ 0,90. A desvalorização que fez o papel da varejista virar a nova “penny stock” da Bolsa foi impulsionada pela operação de follow on mal sucedida da companhia.
Com o objetivo de captar recursos e melhorar sua estrutura de capital, o Grupo Casas Bahia foi ao mercado em uma oferta pública de ações para captar R$ 1 bilhão. Só que a precificação acabou muito aquém do estimado: as ações saíram a R$ 0,80, totalizando uma emissão de R$ 622,9 milhões.
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Um resultado decepcionante e que derrubou o preço dos ativos. Como a precificação foi muito abaixo da cotação a que as ações fecharam o pregão na quarta-feira (13), de R$ 1,11, os ativos derreteram na Bolsa.
“O resultado do follow-on foi ruim, porque mostrou que há poucos investidores topando por dinheiro na Via”, destaca Flávio Conde, analista de ações da Levante Ideias de Investimento. “É realmente preocupante o futuro do grupo que já foi um dos mais admirados pelo mercado e consumidores do país.”
E engana-se quem pensa que o preço abaixo de R$ 1 pode ser uma oportunidade. Todos os especialistas ouvidos pelo E-Investidor acreditam que, dado os problemas que a companhia vem enfrentando, é melhor ficar de fora dos papéis.
“A ação abaixo de 1 mostra que o mercado está precificando toda essa complexidade de uma companhia de fundamentos difíceis e desafiadores”, afirma Hugo Queiroz, sócio da L4 Capital.
É o que o especialista classifica como “value trap” – um termo utilizado no mercado para se referir àqueles ativos cujo preço barato parece uma oportunidade para investidores que estão atrás de pechinchas na Bolsa, mas que, na verdade, podem esconder uma armadilha. “Está muito barata então teria um potencial maior. Só que a empresa não consegue entregar números para que esse potencial transpareça no preço”, explica Queiroz.
Tempos difíceis para a varejista
Não é de hoje que o mercado olha com ceticismo para as ações da ex-Via. Os papéis acumulam uma queda de 62,50% no ano, uma desvalorização muito superior do que a concorrente Magazine Luiza (MGLU3), por exemplo, que cai 5,84% em 2023.
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Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, destaca que desde o ano passado, quando o mercado ainda nem sonhava com os problemas contábeis que atingiriam a Americanas (AMER3), a antiga Via era tida como o “patinho feio” entre as varejistas.
Agora que uma das principais concorrentes no varejo praticamente saiu do radar e as atenções se voltaram à companhia, os investidores se deparam com um cenário complicado. Um ambiente de concorrência, um ambiente de juros altos e, sobretudo, uma série de prejuízos trimestrais.
“Olhando pela métrica de endividamento sobre Ebitda, o Grupo Casas Bahia está entre as piores da Bolsa, não é só do Ibovespa”, aponta Cruz. “Pode ser que daqui 10 anos a empresa tenha conseguido crescer bastante e se recuperar, mas pelo tamanho do prejuízo não é algo que ela vai conseguir resolver em 1, 2, 3 anos”.
Esse plano de fundo complexo pode justificar o baixo interesse de investidores no follow on realizado pela Casas Bahia nesta quinta-feira (14). Para Hugo Queiroz, da L4 Capital, é um sinal de como o mercado vê com ceticismo os planos de melhora na empresa.
- Veja ainda: Ações de Casas Bahia (ex-Via) desabam na Bolsa. Oportunidade ou cilada?
“Nos últimos anos, a companhia prometeu diversos caminhos, colocou vários planos estratégicos, trocou o board, reestruturou a marca. Tudo com o objetivo de entregar crescimento, melhora de margem e geração de caixa; que não aconteceu”, diz.
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O cenário macroeconômico também não jogou a favor da antiga Via. Os dois anos de juros de dois dígitos no País impactaram diretamente no modelo de negócios das varejistas, que vendem muito a prazo. Com a inflação também em alta pressionando o bolso dos consumidores, o potencial de crescimento da companhia ficou comprometido.
“Se micro não ajuda, o macro também não”, afirma Queiroz. “As margens são muito comprimidas. Daqui para a frente, se continuarmos com juros altos e inflação, esses R$ 600 mi captados só vão dar um respiro para a companhia, a não ser que ela efetivamente comece a fazer alguns ajustes na operação.”