Investidores já deixaram para trás a polêmica de Jeffrey Epstein

A recente captação de recursos da Apollo é parte de um esforço que está sendo realizado há dois anos. A empresa começou a planejar a criação de um braço de investimento de impacto em 2019, depois que empresas como KKR & Co., TPG e Bain Capital entraram em cena
A Apollo tem como meta uma taxa interna de retorno de 25% para seu fundo de impacto, de acordo com a apresentação. A empresa está vinculando 18% de sua redução de lucros ao desempenho financeiro e 2% ao cumprimento das metas de impacto social
O fundo já fechou um acordo. No início deste mês, a Apollo concordou em comprar uma participação majoritária na Reno De Medici, um dos maiores produtores de papelão reciclado da Europa

(Sabrina Willmer, WP/Bloomberg) – A reação negativa contra a Apollo Global Management Inc. por causa dos laços de Leon Black com o agressor sexual Jeffrey Epstein está enfraquecendo, com investidores fazendo fila para confiar à empresa a gestão de investimentos dedicados à responsabilidade social.

Com sede em Nova York, a empresa espera conseguir mais de US$ 500 milhões em compromissos, já que planeja finalizar sua fase inicial de captação de recursos neste mês para o Apollo Impact Mission, de acordo com pessoas familiarizadas com o tema. A Apollo pretende arrecadar até US$ 1,5 bilhão para o fundo, disseram as pessoas, que é o primeiro desse tipo para a empresa.

O sucesso da captação de recursos, de modo particular para um veículo de responsabilidade social, é um sinal de que muitos investidores da Apollo deixaram para trás a polêmica de Epstein quatro meses depois de Black renunciar ao cargo de CEO – mesmo enquanto ele continua no centro das atenções devido às alegações de abuso sexual. Alguns colocaram seus compromissos em espera enquanto a empresa avançava com uma investigação externa, que concluiu que, embora a Apollo nunca tenha feito negócios com Epstein, Black lhe pagou US$ 158 milhões por consultoria tributária e de planejamento imobiliário.

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“Continuamos tendo um forte ritmo na captação de recursos”, disse Joanna Rose, porta-voz da Apollo. O capital de terceiros está “próximo do limite da faixa anual de US$ 15 bilhões a US$ 20 bilhões e esperamos que o segundo trimestre continue consistente”.

A Apollo anunciou sua nova equipe de impacto em setembro e começou a entrar em contato com investidores sobre o fundo um mês depois, à medida que mais revelações vinham à tona quanto aos laços de Black com Epstein. Enquanto os investidores hesitavam, a Apollo suspendeu temporariamente o marketing do fundo, e essas iniciativas foram retomadas na primavera [do hemisfério norte], disse uma das pessoas, que não quis ser identificada ao falar de assuntos internos.

Black tem permanecido nas notícias desde que renunciou ao cargo de CEO da Apollo. No início deste mês, ele negou veementemente as acusações levantadas por uma ex-modelo russa chamada Guzel Ganieva de que ele a atacou, em vez de admitir um caso em um processo no Tribunal do estado de Nova York.

Sobre o fundo

A recente captação de recursos da Apollo é parte de um esforço que está sendo realizado há dois anos. A empresa começou a planejar a criação de um braço de investimento de impacto em 2019, depois que empresas como KKR & Co., TPG e Bain Capital entraram em cena.

As firmas de capital privado estão respondendo à crescente demanda por investimentos socialmente responsáveis de investidores institucionais, como pensões e doações, ao mesmo tempo que veem isso como outra forma de aumentar a receita proveniente de taxas. No ano passado, as firmas de aquisição arrecadaram quase US$ 4 bilhões para fundos de impacto, a maior parte para a estratégia desde 2017, de acordo com os dados do mercado da Preqin.

Durante uma apresentação confidencial em julho, a Apollo divulgou seu histórico de investimentos em bens sociais, destacando vários investimentos de seus principais fundos de aquisição, entre eles a rede de hospitais rurais LifePoint Health, a credora OneMain Holdings Inc. e a Apollo Education Group Inc., proprietária da Universidade de Phoenix. Todos os três estão no caminho certo para serem lucrativos para a empresa. A Bloomberg informou em maio que a Apollo estava a caminho de acumular quase US$ 1 bilhão em dividendos de seu investimento na empresa-mãe da Universidade de Phoenix, em parte por meio da venda de valiosos ativos internacionais. A Apollo tem como meta uma taxa interna de retorno de 25% para seu fundo de impacto, de acordo com a apresentação. A empresa está vinculando 18% de sua redução de lucros ao desempenho financeiro e 2% ao cumprimento das metas de impacto social.

Ela também cobrará dos investidores uma taxa de administração de 1,5%, a par com seu atual principal fundo de aquisição. Para atrair investidores, a empresa está oferecendo descontos em taxas para aqueles que aderirem ao fechamento inicial ou se comprometem com pelo menos US$ 75 milhões para o fundo.

O Apollo Impact Mission vai marcar a primeira vez que a equipe de investimento de nove pessoas trabalhou junto. A empresa contratou Marc Becker, um veterano no ramo de aquisições da empresa, e Joanna Reiss, que veio da firma de capital privado Cornell Capital, para codirigir o fundo. Lisa Hall, que preside a iniciativa de impacto, entrou em campo da Universidade de Georgetown.

O fundo já fechou um acordo. No início deste mês, a Apollo concordou em comprar uma participação majoritária na Reno De Medici, um dos maiores produtores de papelão reciclado da Europa. / TRADUÇÃO DE ROMINA CÁCIA