O que este conteúdo fez por você?
- Setor de tecnologia é definido como “novo petróleo” pelos analistas e deve fazer parte dos investimentos de quem deseja bons retornos
- Enquanto muitos segmentos derreteram, as bigtechs cresceram com o contexto imposto pela crise do novo coronavírus
- Mesmo apostando em empresas sólidas, aplicar no exterior envolve riscos, e é necessário entender perfil seu perfil
(Isadora Rupp/ Especial para o E-Investidor) – Desde que a crise de coronavírus explodiu no Brasil, a entrada de pessoas físicas na Bolsa de Valores não parou de crescer. Só em maio deste ano, o número de investidores ativos no mercado de ações foi de 2,5 milhões, um aumento de 123,8% em relação ao mesmo período do ano passado.
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Mais familiarizado com a renda variável, o investidor brasileiro que deseja diversificar a sua carteira está cada vez mais atento ao mercado no exterior.
Enquanto outros setores regrediram, as chamadas bigtechs (Google, Amazon, Apple, Tesla, Microsoft, Facebook e Netflix) se destacam não só pela valorização dos ativos, mas pelo crescimento em plena pandemia.
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“A valorização desas empresas no índice NYSE FAANG [Facebook, Apple, Amazon, Netflix e Google], mais que dobrou desde março. A alta foi de 70%, e mais de 80% nos últimos 12 meses”, diz Louise Barsi, economista e fundadora do projeto Ações Garantem Futuro.
Isso se deu, segundo ela, pelo otimismo dos investidores e pela aceleração da necessidade de digitalização por conta da pandemia. Para o head de produtos financeiros da Ágora, Felipe Peixinho, a área tech é o “novo petróleo”. “Quem não estava preparado tecnologicamente teve que correr muito atrás. Por outro lado, quem estava preparado se sobressaiu. O Jeff Bezos [fundador e CEO da Amazon] ficou cada vez mais rico. As ações estouraram e os caras viraram um hub de comércio”, afirma.
Só para se ter ideia, na segunda-feira passada (13), a Amazon teve o seu maior recorde em um pregão: os papéis chegaram a valer US$ 3.344,29.
Um dos aspectos mais interessantes das bigtechs é que essas empresas não se restringem somente ao que faziam desde o princípio: Apple e Facebook, segundo Peixinho, agora estão focadas ta plataformas de pagamento. “Elas geram coisas novas o tempo todo. O que cai no desuso, por exemplo, já é pensado em algo para substituir. É uma indústria que evolui rápido. Ser acionista de uma empresa de tecnologia é crescer junto.”
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Na análise de Walter Poladian, sócio-fundador da plataforma de investimentos Fliper, a maior vantagem é a diversificação que investir nos Estados Unidos proporciona. “Há uma simetria positiva entre elas [bigtechs]. É importante ter uma parte da carteira exposta a isso. Aqui no Brasil não temos muitas empresas de tecnologia”.
O estrategista de investimentos da Avenue Securities, William Castro Alves, concorda que acessar papéis na bolsa americana permite uma diferenciação que não se consegue em um universo fechado como o brasileiro. “Quando se fala em tecnologia e biotecnologia, as opções no Brasil são reduzidas. Investir fora te ajuda a montar um portfólio melhor preparado e não ficar refém de reformas e ministros”, diz Alves.
Porcentagem lá fora
A orientação parece repetitiva, mas todos os especialistas consultados são unânimes em frisar que o investidor precisa, sempre, analisar o seu perfil antes de tomar a decisão de deixar parte do seu patrimônio nos EUA. Para quem é extremamente avesso ao risco, a estratégia não vale a pena.
Os demais devem equilibrar as porcentagens. Investir 100% no exterior, ressalta Peixinho, é para um grupo muito restrito, uma “teoria quase impraticável”. O economista e sócio-fundador da Vitreo, George Wachsmann, gosta de fazer o que ele define como uma “conta de padeiro” para orientar o investidor: manter entre 20% e 40% do patrimônio no exterior. “Se o seu emprego, seu apartamento e gastos estão aqui, o resto fica no Brasil. Mais do que isso pode fazer sentido para algumas pessoas, mas não para todo mundo.”
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Antes de escolher os produtos, vale o alerta: o mercado de ações é um investimento de risco. Alves recorda, por exemplo, de uma baixa histórica na bolsa americana em dezembro de 2018, quando se acreditava que 2019 seria um ano de desaceleração econômica nos Estados Unidos (o que não se concretizou). A eleição presidencial, analisa a economista Louise Barsi, é outro fator de atenção. “Isso traz uma volatilidade extra aos ativos. Essas bigtechs são o tipo de empresa que chamamos de empresa de crescimento. São recomendadas para quem tem o perfil mais arrojado”.
Quais produtos existem para investir nos EUA?
BDRs: Os certificados emitidos no Brasil representam ações de uma empresa do exterior. Foi por meio das Brazilian Deposit Recipts que o investidor acessou diretamente do Brasil a bolsa americana. Felipe Peixinho, da Ágora, explica que essa modalidade está disponível apenas para investidores qualificados (ou seja, profissionais ou quem tem mais de R$ 1 milhão investido). Outro fator de atenção é que as BDRs são suscetíveis à oscilação cambial; logo, o ativo acompanha a movimentação do dólar.
Existem dois tipos de BDRs: patrocinadas (emitidas com consenso das empresas listadas no exterior) e não-patrocinadas (os bancos adquirem as ações sem o consenso delas, e são negociadas na bolsa brasileira). Importante salientar que, ao comprar BDRs, o investimento não é feito diretamente em uma empresa: quem tem a ação em si é o próprio ativo.
Bigtechs alcançadas: As sete podem ser adquiridas via BDRs (Amazon, Apple, Facebook, Google (Alphabet Inc), Netflix e Tesla).
Fundos: Outra forma é procurar, via corretora, fundos de investimentos que tenham exposição ao dólar e reúnam empresas do exterior. Felipe Peixinho, da Ágora, conta que eles colocaram no mercado recentemente um fundo exclusivo que investe somente em empresas de tecnologia nos Estados Unidos (o Schroder Tech Equity Long & Short FIC FIM IE Ágora, com gestão da britânica Schroders).
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Além da praticidade de poder acessar as empresas via corretora do Brasil, o fundo costuma ter taxa de administração mais barata. A Vitreo também conta com um fundo exclusivamente voltado à tecnologia, o Vitreo Tech Select, lançado no começo de junho e que reúne 12 empresas do setor. São quase 5,5 mil clientes e 90 milhões em patrimônio, com retorno de 20% ao mês
Bigtechs alcançadas: O investidor deve conferir quais empresas o fundo engloba. No Vitreo Tech Select, as sete bigtechs estão listadas.
ETFs: O fundo de investimento (Exchange Traded Funds) é negociado na Bolsa de Valores, como uma ação. Por meio da corretora de valores no Brasil, o investidor deve acessar o home broker e buscar o código IVVB11. Dessa forma, estará investindo no S&P 500, que é o índice de ativos das bolsas de Nova York e Nasdaq, onde estão reunidas as 500 maiores empresas dos EUA. O lote mínimo padrão é de 10 ETFs (o que custa pouco mais de R$ 1,8 mil), mas também é possível comprar via mercado fracionário (IVVB11F).
Segundo o analista de investimentos Ernani Reis, as ETFs são as mais vantajosas para o investidor brasileiro, pela praticidade e acessibilidade, já que não é necessário um capital tão alto. A taxa de corretagem também costuma ser baixa – há corretoras que inclusive não cobram o valor para esse tipo de investimento.
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Bigtechs alcançadas: As sete empresas estão no rol das companhias listadas no S&P 500.
COEs (Certificado de Ações Estruturadas): O produto, recente no mercado financeiro, compõe renda fixa e variável, e permite ao investidor acessar retorno de ativos no mundo todo; a compra é feita via plataforma da corretora de valores. “O COE é legal porque ele dá acessibilidade a ativos diferentes, e o investidor não precisa ser qualificado” explica Felipe Peixinho.
Por ser uma combinação entre renda fixa e variável, é uma opção para investidores que não encaram tão bem os riscos. “Se o cenário for de desvalorização, você não perde o dinheiro e tem o recurso devolvido”, esclarece o estrategista financeiro Marco Saravalle.
O investimento também tem prazo, e o investidor sabe exatamente quanto tempo a aplicação vai durar. Já Walter Poladian, sócio-fundador da Fliper, acha a falta de flexibilidade do produto uma desvantagem. “Se quiser sair no meio do caminho, ou o investidor não consegue ou os custos podem ser altos. Prefiro as outras alternativas”.
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Bigtechs alcançadas: É possível investir nas sete empresas via COEs.
Conta no exterior: Abrir uma conta em uma corretora de valores dos Estados Unidos é outra opção para investir no país. Já existem empresas brasileiras que têm esse braço fora do país.
Com isso, o investidor se inscreve e tem acesso a uma plataforma totalmente em português. O envio do dinheiro para a corretora é realizado via TED, com conversão do câmbio de real para dólar no próprio site.
“Se o investidor quiser mandar 500 dólares, ele consegue se tornar sócio do Google em 30 minutos”, ressalta William Castro Alves, estrategista da Avenue Securities. A empresa, sediada em Miami, foi formada por sócios brasileiros que já tinham experiência ampla no mercado. Alves explica que, para compensar o valor da corretagem (que é de no mínimo US$ 1), as ordens precisam ser de, pelo menos, US$ 100, idealmente de US$ 200.
Bigtechs alcançadas: O investidor pode escolher diretamente quais ações entre as bigtechs ele deseja comprar.
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