- A Zegna anunciou que ganharia uma listagem na Bolsa de Valores de Nova York ao se fundir com um fundo de aquisição de capital aberto conhecido como SPAC
- Durante grande parte de sua existência, a Zegna foi conhecida principalmente como uma fabricante de tecidos para roupas masculinas de primeira linha e, tempos depois, pelos ternos
- A Zegna agora administra quase 300 lojas em 80 países. E, em um sinal de otimismo sobre a retomada dos gastos do consumidor com moda, a empresa espera que suas vendas este ano cheguem perto dos níveis anteriores à pandemia
(Michael J. de la Merced e Lauren Hirsch, The New York Times) – Em 1910, a Ermenegildo Zegna foi fundada nas colinas do norte da Itália como uma fabricante familiar de tecidos de lã. Em julho, a empresa, agora uma casa de moda de luxo global, dona da marca Thom Browne, deu um grande passo em direção às bolsas de valores – por meio de uma das maiores tendências de Wall Street nos últimos anos.
Leia também
A Zegna anunciou que ganharia uma listagem na Bolsa de Valores de Nova York ao se fundir com um fundo de aquisição de capital aberto conhecido como SPAC. Espera-se que o acordo avalie a Zegna em cerca de US$ 3,2 bilhões, incluindo dívidas, e pode abrir caminho para que outros gigantes do luxo sigam o exemplo.
O negócio também é o mais recente sinal de que as grandes empresas de moda de luxo estão se preparando para ficarem ainda maiores, vendo a oportunidade de conquistar rivais e se tornarem impérios. Trata-se de uma tendência que talvez tenha sido exemplificada pela LVMH Moët Hennessy Louis Vuitton, o império da moda que nos últimos anos fechou negócios para comprar empresas como a Tiffany & Co.
Publicidade
Invista em oportunidades que combinam com seus objetivos. Faça seu cadastro na Ágora Investimentos
Essas aquisições dispararam nos últimos anos, com rivais do outro lado do oceano assumindo ambições semelhantes na construção de impérios. A Capri Holdings, até então conhecida como Michael Kors Holdings, adquiriu a casa de moda italiana Versace por US$ 2,1 bilhões em 2018. E a Tapestry, antes conhecida como Coach, comprou empresas como a Kate Spade e a Stuart Weitzman.
A indústria de luxo tem se mostrado resiliente, com os consumidores gastando com joias, roupas e outras indulgências – incluindo agora que a economia global se recupera lentamente da pandemia. As ações da LVMH, cujas marcas incluem Dior, Stella McCartney e Fenty, subiram mais de 60% este ano; as da Kering, controladora de marcas como Gucci e Saint Laurent, aumentaram 45%.
Durante grande parte de sua existência, a Zegna foi conhecida principalmente como uma fabricante de tecidos para roupas masculinas de primeira linha e, tempos depois, pelos ternos. (Ela ainda faz ternos para outras marcas de luxo, notavelmente Tom Ford). Mas, em 2018, com a compra de uma participação majoritária na grife Thom Browne, a Zegna deu início a seu próprio plano ambicioso de se tornar uma empresa de marcas de luxo.
A Zegna agora administra quase 300 lojas em 80 países. E, em um sinal de otimismo sobre a retomada dos gastos do consumidor com moda, a empresa espera que suas vendas este ano cheguem perto dos níveis anteriores à pandemia.
Publicidade
Embora a busca da Zegna por mais recursos para expandir não seja notícia nova, a maneira como ela está fazendo isso é, sim, novidade.
Ela está se fundindo com uma SPAC – formalmente conhecida como sociedade de aquisição de propósito específico, na sigla em inglês – um fundo que é levantado em bolsas de valores exclusivamente com o objetivo de se fundir com uma empresa privada e lhe proporcionar uma lista de ações.
“Continuaremos a investir em criatividade, inovação, talento e tecnologia para sustentar a posição de liderança da Zegna no mercado de luxo global”, disse Ermenegildo Zegna, CEO da empresa e neto de seu fundador, em comunicado.
Esses fundos explodiram em popularidade nos últimos dois anos por permitirem que as empresas ingressassem nos mercados de ações mais rapidamente do que por meio de uma oferta pública tradicional. (As SPACs estão cada vez mais sob o escrutínio dos reguladores nos Estados Unidos, onde a maioria desses fundos está listada).
Publicidade
O fundo que irá se fundir com a Zegna é administrado pela Investindustrial, uma empresa de investimento europeia. O negócio dará à Zegna cerca de US$ 880 milhões em dinheiro novo, ao mesmo tempo em que permitirá que a família fundadora retenha uma participação de aproximadamente 62%.
“Nosso objetivo agora é apoiar a Zegna neste novo capítulo importante de sua história e, ao mesmo tempo, abrir a oportunidade ao público de investir em uma das últimas grandes marcas de luxo independentes e icônicas”, disse Sergio Ermotti, presidente da Investindustrial SPAC, em comunicado.
O negócio deve ser fechado até o final do ano, dependendo da aprovação dos acionistas da SPAC. / TRADUÇÃO DE RENATO PRELORENTZOU
Publicidade