Média das casas de análise indica um preço justo entre R$ 7,50 e R$ 7,80 por ação da Magalu. Foto: AdobeStock
O mercado espera que o Magazine Luiza (MGLU3) apresente um lucro líquido inferior ao registrado no segundo trimestre de 2024 e margens mais apertadas. O resultado, que será divulgado nesta quinta-feira (7) após o fechamento do mercado, deve refletir o ambiente macroeconômico difícil, com juros ainda em torno de 15% ao ano, aliado a uma forte concorrência no e-commerce, com as perações das gigantes internacionais Shopee (S2EA34), Amazon (AMZO34) e Mercado Livre (MELI34).
Para o time da XP, a Magalu deve reportar um prejuízo na faixa de R$ 50 milhões. Para Danniela Eiger, head de varejo da XP, a empresa não deve apresentar crescimento de receita no atual ambiente de juros altos e inflação pressionando o poder de compra do cliente. “Ela opera em categorias sensíveis ao crédito, por isso não vemos crescimento de receita com uma leve pressão de rentabilidade caindo 20 bps (0,2%)”, diz. No 1T25 a companhia reportou um EBITDA (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) de R$ 614,7 milhões com margem EBITDA de 6,4%.
Já o BTG Pactual projeta recuo de 1% no GMV (Gross Merchandise Value) online e crescimento de apenas 1% no GMV consolidado (incluindo lojas físicas). O GMV mostra o total vendido, incluindo vendas de terceiros nos marketplaces digitais. O crescimento nas mesmas lojas (SSS) deve ser positivo, em torno de 5%, e a margem EBITDA ajustada deve alcançar 7,5%. A expectativa do banco é de estabilidade na margem bruta e leve melhora nos números operacionais em relação ao ano anterior. Já o resultado financeiro deve seguir pressionado, com impacto negativo de 5,3% sobre a receita líquida, como no 1T25.
Eiger, da XP, salienta que a inadimplência não de deve trazer grandes mudanças, pois a companhia tem sido mais restritiva na concessão de crédito, assim como todo o varejo. Uma visão compartilhada por Tales Barros, líder de renda variável da W1 Capital. “A inadimplência acima de 90 dias deve se manter abaixo de 8%, como no primeiro trimestre, o menor patamar desde 2022”, aponta.
A empresa, por outro lado, está comprometida em melhorar a operação e vem cortando custos e trabalhando de forma mais enxuta, o que melhora resultados mesmo com vendas ainda fracas. “A Magalu, diferentemente de Mercado Livre e Shopee, está muito mais focada na manutenção da margem do que em crescimento. Enquanto o Mercado Livre vem crescendo 40%, a Magalu expandiu apenas 1% ou 2%”, afirma Barros.
Diferente da análise da XP, Barros prevê dificuldades, mas não prejuízo no segundo trimestre. Ele projeta um lucro líquido ajustado entre R$ 5 milhões e R$ 7 milhões, contra cerca de R$ 20 milhões no mesmo período do ano passado. “O macro segue muito desafiador. A gente ainda está com os juros a 15% ao ano, o que encarece o crédito e reprime o consumo, especialmente no varejo de bens duráveis”, diz. Para ele, a receita líquida deve ficar praticamente estável em relação ao segundo trimestre de 2024, girando em torno de R$ 10,5 bilhões.
Concorrência e valorização de mercado
Além do ambiente macroeconômico desafiador, a concorrência continua sendo outro obstáculo. Em um relatório do BTG Pactual, publicado em julho, o setor vive uma nova fase de guerra de preços, com empresas chinesas replicando o modelo Tmall no Brasil e a Amazon reforçando incentivos a seus vendedores. O Tmall é um modelo chinês de e-commerce B2C da Alibaba, onde marcas vendem direto ao consumidor em marketplace próprio.
Do lado do valuation, a média das casas de análise indica um preço justo entre R$ 7,50 e R$ 7,80 por ação. Para Tales, uma surpresa positiva na margem poderia destravar valor no papel. “Se a margem vier bem acima do esperado, é um sinal de que a estratégia de rentabilidade está dando certo. Mas, do lado negativo, um aumento inesperado da inadimplência, acima dos 8%, pode pressionar o papel novamente”, conclui. Em maio, quando o papel valia R$ 9, o BTG sustentava recomendação de compra com preço alvo de R$ 14.
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De forma geral, a Magalu ainda enfrenta dificuldades para crescer em vendas online, dada sua exposição a categorias cíclicas como eletrônicos e eletrodomésticos. Além disso, os juros elevados impactam os resultados do seu braço financeiro, Luizacred e o alto custo de financiamento para antecipação de recebíveis ainda pesa sobre o lucro líquido da companhia.