- De acordo com os dados da Bravo Research, o porcentual corresponde às empresas listadas no índice de sustentabilidade da B3
- Apesar do alto porcentual, o quadro melhorou em comparação a 2021 quando 51% das companhias não possuíam metas de equidade de gênero
Alcançar a equidade de gênero nos altos cargos de liderança dentro das companhias de capital aberto ainda está longe de se concretizar, mesmo com as discussões avançadas sobre o tema no mercado. Segundo levantamento realizado pela Bravo Research, obtido com exclusividade pelo E-Investidor, de todas as empresas listadas no índice de sustentabilidade (ISE), da B3, 42% afirmaram que não possuem metas ou prazos para reduzir a desigualdade ou equiparar a participação de mulheres nos altos cargos de liderança.
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Apesar do porcentual elevado, o número de empresas sem projetos voltados para a desigualdade de gênero caiu. Em 2021, as companhias nesta situação correspondiam a 51% do total do ISE. Os dados são referentes às respostas enviadas pelas empresas, de forma voluntária, por meio de questionário anual do índice de sustentabilidade.
Na avaliação de Suelen Silva, head de Research da Bravo e responsável pelo levantamento dos dados, a redução porcentual das empresas sem prazos ou metas para reduzir a desigualdade de gênero mostra uma tendência das companhias em transformar as discussões sobre o tema em ações concretas, embora no caminho enfrentem uma curva de experiência.
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“As empresas estão tentando, mas há uma dificuldade de colocar em prática essa agenda”, diz Suelen. “Acredito que essas empresas estão em um processo de inicial, porque ainda estão buscando entender como funciona essa agenda na prática”, acrescenta.
A redução dos números também representa um reflexo de um movimento dos investidores em exigir uma maior divulgação e mais transparência nas informações referente às ações voltadas para ESG – sigla que remete a governança ambiental, social e corporativa, em inglês. Por outro lado, como ainda não há uma exigência efetiva ou um padrão para a transparência desses dados, os avanços vistos no mercado costumam ser menores diante do tamanho do problema.
“Há um maior número de empresas divulgando essas informações, de forma voluntária, e acreditamos que o próximo passo consiste no estabelecimento de metas. Então, na nossa visão, esse porcentual deve se reduzir”, afirma Marcela Ungaretti, head de Research da XP.
Mulheres na liderança
O retrato de uma parcela significativa de empresas sem metas ou prazos para a redução da desigualdade de gênero contribui para o avanço lento da presença de mulheres em altos cargos de liderança. Ainda de acordo com o estudo da Bravo, de todas as empresas do ISE, apenas 46% informaram que há mais de uma mulher ocupando cargos nos Conselhos de Administração. Já em relação aos cargos de diretoria, para 40% das empresas a presença feminina varia de 0% a 10% .
Outro levantamento traz uma visão mais ampla da desigualdade de gênero das empresas listadas na Bolsa brasileira. Segundo relatório da XP, com base nos dados da Teva Indice, as mulheres ocupam apenas 14,8% dos cargos em Conselhos de Administração e 12% na Diretoria. Quando o recorte se refere aos cargos de presidente-executivo (CEO), a representatividade chega a 0,67%.
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E ao comparar o desempenho das companhias com uma participação significativa de mulheres no comando, percebe-se que a presença das mulheres pode refletir em resultados melhores no médio e no longo prazos. Ainda de acordo com o relatório da XP, a “cesta” das ações das 15 companhias de capital aberto que contam com maior presença feminina no Conselho de Administração apresenta um retorno maior em relação ao Ibovespa.
Esse grupo conseguiu um desempenho em torno de 349% nas ações no acumulado de 2010 até janeiro de 2023, enquanto o principal índice da B3 entregou um retorno de 49% durante o mesmo período.
O resultado se deve à diversidade de olhares na tomada de decisão. “A diversidade de gênero traz para a empresa uma diversidade de ideias que permite às empresas serem mais inovadores, o que reflete nos seus resultados e na performance das ações”, explica Ungaretti.