A votação dos acionistas da Tesla (TSLA34) marcada para esta quinta-feira (13) pode colocar em jogo mais do que o pacote de remuneração de US$ 56 bilhões, pedido pelo CEO da empresa, Elon Musk. A presidente da companhia, Robyn Denholm, aventou a hipótese de afastamento de Musk da fabricante de carros elétricos, caso os acionistas não façam a vontade do bilionário.
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Em carta aos investidores da Tesla, Denholm afirma que o CEO não dispõe de tempo ilimitado e cita as outras empresas onde Musk poderia dedicar mais do seu tempo, no caso de um revés. “Queremos que essas ideias, essa energia e esse tempo estejam na Tesla, para o benefício de vocês, nossos proprietários. Mas isso requer respeito recíproco”, escreveu a presidente, segundo o jornal britânico The Guardian.
Na última quarta-feira (12), Musk foi ao X (antigo Twitter) para afirmar o apoio dos acionistas à suas propostas, que segundo ele estariam vencendo ‘por margens amplas’. Além do pacote de remuneração, Musk também quer que o domicílio corporativo da Tesla passe para o Texas. A vontade de trocar de Estado se deve à disputa que o bilionário travou com um juiz de Delaware, que vetou a remuneração de US$ 56 bilhões, em janeiro deste ano. O magistrado avaliou o valor como ‘insondável’.
Both Tesla shareholder resolutions are currently passing by wide margins!
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— Elon Musk (@elonmusk) June 13, 2024
Fundo da Noruega
Ainda que Musk cante vitória antes da hora, o CEO da Tesla tem contra seus anseios nada menos do que o maior fundo soberano do mundo — e um dos principais investidores da fabricante de carros elétricos. Operado pelo Norges Bank (banco central norueguês), o fundo estatal de pensões é avaliado em nada menos do que US$ 1,7 trilhão, além de figurar como o oitavo maior acionista da Tesla.
Em 2018, quando o pacote de remuneração foi aprovado pela maioria dos acionistas da Tesla, o fundo já havia se posicionado contrário ao pagamento de US$ 56 bilhões ao bilionário. Decisão que se mantém. “Permanecemos preocupados com o tamanho total do prêmio, a estrutura dada aos gatilhos de performance, diluição [da participação dos acionistas] e falta de mitigação do risco da pessoa-chave”, declarou o Norges Bank no último sábado (8).
Outro fator que pode dificultar a aprovação do pedido de Elon Musk é o risco que a disputa com o magistrado de Delaware pode acarretar, na visão dos acionistas. As ações da Tesla acumulam perdas de 23,85% em 2024 e prejuízo de 26,86% nos últimos 12 meses, negociadas a US$ 189,74. No Brasil, o BDR da empresa é vendido a R$ 32,03 e acumula desvalorizações de 16,50% em 2024 e 18,54% no acumulado de 12 meses.
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De todas as empresas que Musk controla, a Tesla é a única com capital aberto, o que garante à fabricante de carros elétricos certa vantagem e interesse especial por parte do bilionário. De modo que se afastar da companhia, em caso de derrota na votação de hoje, pode não passar de um blefe.