- Maior provedora de conteúdo on-line, a Netflix atingiu a marca de 190 milhões de inscritos
- Investimento em produções originais e destaque em premiações como Oscar e Globo de Ouro fortalecem a marca
- O modelo de negócio, no entanto, sai caro. É preciso investimento pesado em conteúdo
(Isadora Rupp/Especial para o E-Investidor) – De uma locadora online de DVD’s para se tornar o maior serviço de streaming do mundo, a Netflix levou pouco mais de 10 anos. Seu modelo de negócio, onipresente no dia a dia de milhões de pessoas pelo mundo, se expandiu a outros continentes e mercados bem diferentes dos Estados Unidos, onde surgiu em 1997 pelas mãos dos empreendedores Reed Hastings (hoje CEO da empresa) e Marc Randolph.
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Nos últimos anos, o serviço de streaming não é um mero catálogo de filmes: a estratégia foi a de criar produções originais para conquistar cada vez mais o público. Afinal, séries febre como “The Crown”, sobre a vida da coroa e da rainha Elizabeth II, “La Casa de Papel” e “Stranger Things” estão disponíveis exclusivamente no serviço. Filmes e documentários produzidos pelo streaming também vem ganhando visibilidade em grandes premiações do cinema, como o Oscar e o Globo de Ouro. Todos esses fatores fortalecem a marca e o valor das suas ações, pontua a assessora de investimentos Luciana Ikedo. “Isso consolida a estratégia”.
Fora a curadoria e criação de conteúdo competentes, já havia uma migração do cliente de TV a cabo, que pagava um valor considerável para ter acesso a um pacote de canais (nem sempre totalmente aproveitável), para serviços de streaming. Esse movimento estava em ascensão, mas foi impulsionado pela pandemia. Tanto que, no segundo trimestre de 2020, a Netflix alcançou a marca de 10 milhões de novos inscritos, quando a meta previa 8 milhões. Esse é um ativo importante: em 2019, quando a Netflix anunciou perda de assinantes nos Estados Unidos pela primeira vez desde 2011, os papéis despencaram 13%.
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A concorrência de novos serviços, como a Amazon Prime e HBO Go, tampouco afetou. “A Netflix vem fazendo isso há uma década, e conseguiu um crescimento em mercados muito interessantes, como o da Índia e Indonésia. Quando comparamos com a Amazon Prime, a audiência da Netflix era 2,4 vezes
maior pré-pandemia. Atualmente, a distância é de 3,1” diz Luciana. As ações da Netflix também alcançaram o seu recorde neste ano, quando os papéis chegaram a US$ 548,73. Em 2020, a maior queda ocorreu no dia 16 de março, acompanhando empresas de diversos setores que sofreram com o período caótico no início da pandemia nos Estados Unidos. Naquele dia, os papéis desceram para US$ 298,84. Hoje, uma ação da Netflix custa US$ 500 em média.
Dívidas
Entre as bigtechs do índice NYSE FAANG [Facebook, Apple, Amazon, Netflix e Google], a Netflix é a que tem o maior débito: seu caixa hoje é de US$ 7,15 bilhões, mas as dívidas chegam a US$ 15,8 bi. “A Netflix é um caminhão de dívidas. Ela gasta muito para financiar as produções e crescer. Mas faz parte do business. Dívida não é necessariamente ruim. É algo que ajuda a alavancar a sua operação em um cenário de taxas de juros baixa” frisa o estrategista de investimentos da Avenue Securities, William Castro Alves.
Outra ressalva ao investidor é que, a medida que os casos de covid-19 começarem a declinar e as economias dos países voltem a reabrir, a tendência natural é de uma queda de clientes em serviços como a Netflix. Ou, pelo menos, de um resultado não tão positivo. Mesmo assim, Luciana considera uma empresa interessante. “Ela é líder de mercado, tem uma estratégia bem desenhada e já mostrou que sabe executar bem esse plano”.
Tornando-se um acionista
O investidor que quer operar na bolsa americana da mesma maneira do que na B3, escolhendo diretamente as empresas nas quais quer apostar, precisa fazer isso por meio de corretoras de valores sediadas nos EUA – existem empresas brasileiras que operam no país e oferecem o serviço inteiramente em português, com conversão para o dólar diretamente na plataforma. Há ainda a possibilidade de comprar BDRs (Brazilian Deposit Recipts), certificados emitidos no Brasil que representam ações de empresas do exterior (disponível somente para profissionais ou para quem tem mais de R$ 1 milhão investidos). Fundos e ETFs também são alternativas, mas, nesses casos, há outras empresas de tecnologia inclusas no pacote.
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