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Está na hora de comprar as ações do Inter e Nubank?

As ações, que costumavam ser queridinhas, amargam uma desconfiança do mercado após quedas elevadas

Está na hora de comprar as ações do Inter e Nubank?
Inter migrou da B3 para a Nasdaq, enquanto o Nubank fez o IPO direto na NYSE. (Foto: Andrew Kelly/Reuters)
  • Quando chegaram ao mercado com a proposta de desburocratizar processos e reduzir a taxa dos serviços financeiros, os bancos digitais logo atraíram atenção
  • Agora, porém, com o cenário macroeconômico jogando, tanto Inter quanto Nubank têm grandes desafios pela frente para alcançar os grandes bancos
  • Tanto as ações quanto os BDRs das duas companhias estão bastante descontados, uma janela de oportunidade para quer visa o longo prazo

As ações do  Inter (INTR) encerraram a sexta-feira (22) cotadas a US$ 2,97, uma queda de 14,66% frente ao valor de estreia de US$ 3,48 nos Estados Unidos há um mês. O desempenho é pior do que o cravado pela concorrente Nubank em seu primeiro mês na bolsa de Nova York (NYSE).

O roxinho, porém, amargou quedas robustas de lá para cá e preocupa mais os analistas do que a estreante Inter, dizem analistas ouvidos pelo E-Investidor.

A trajetória emite um sinal de alerta para as perspectivas futuras das duas companhias, que costumavam ser “queridinhas” e hoje concentram um sentimento de desconfiança por parte dos investidores.

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Quando chegaram ao mercado com a proposta de desburocratizar processos e reduzir a taxa dos serviços financeiros, os bancos digitais atraíram atenção dos consumidores e dos players do setor bancário. Entretanto, com o cenário macroeconômico jogando contra as empresas de crescimento, tanto Inter quanto Nubank têm grandes desafios pela frente para alcançar as grandes instituições financeiras.

“O maior catalisador para empresas como Inter e Nubank no passado era o crescimento. Nesse cenário instável, a narrativa do mercado não é mais crescimento, mas rentabilidade e balanços sólidos. Agora as fintechs encontram mais dificuldade”, explica Guilherme Zanin, analista da Avenue.

Enquanto o Inter é melhor na parte de monetização da base de clientes, o Nubank tem mais usuários e uma penetração maior no mercado. Ainda assim, as duas empresas estão aquém dos “bancões”, como Itaú, Bradesco ou Banco do Brasil. “As duas precisam se provar como instituições financeiras sólidas e rentáveis e esse é o desafio para os próximos anos”, avalia o analista.

Vale lembrar, porém, que o Nubank se tornou o banco mais valioso da América Latina após o IPO, realizado em dezembro do ano passado. No fim de janeiro, a fintech perdeu o posto e deixou a lista das empresas mais valiosas. Esta reportagem mostra a trajetória dos primeiros meses do roxinho na bolsa.

Com a inflação e os juros em alta, as ações das companhias devem operar com dificuldades no curto prazo. Na visão de Mário Goulart, analista da O2Research, o investimento nos papéis não é a melhor alternativa neste momento.

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“Essas ações acabam atraindo pouca atenção de investidores nos EUA, a menos que consigam entrar em alguma cesta de ações de países emergentes”, diz Goulart. O analista explica que a alta de juros nos Estados Unidos pode obrigar países emergentes, como o Brasil, a manter suas taxas elevadas para compensar o risco de investimento. Cenário que favorece o setor bancário, mas de formas diferentes.

“Inter e Nubank são bancos focados em empréstimos para pessoa física, que tendem a ter mais inadimplência quando os juros sobem. Por outro lado, nos bancos mais tradicionais, o peso maior na carteira de empréstimo é de crédito corporativo, que tem maior facilidade de ser honrado”, pontua.

Mas tem quem enxergue o cenário com olhos mais positivos. Para Fabio Louzada, economista, analista CNPI e fundador da Eu Me Banco, por mais que a perspectiva de curto prazo continue difícil, o viés é mais positivo do que negativo. “Tudo vai depender de como as empresas irão continuar crescendo, mesmo em cenário mais recessivo. Principalmente no que tange a crédito, que será a linha mais importante para puxar o crescimento do Nubank e do Banco Inter”, diz.

O que não dá para negar é que tanto as ações quanto os BDRs das duas companhias estão bastante descontados – o que pode abrir uma janela de entrada nos papéis. “O mercado financeiro é o único local onde as pessoas veem produtos com 10%, 20% até 50% de desconto e mesmo assim tem medo de comprar. Acreditamos que essas empresas ficaram com múltiplos mais atrativos para quem acredita que elas vão ser mais relevantes no mercado no longo prazo”, diz Zanin, da Avenue.

Para o analista, a melhor forma de montar posições em Inter ou Nubank é investindo diretamente nas ações no exterior: “Quando você investe fora do Brasil, você é realmente sócio da empresa, ao contrário dos BDRs em que você não tem direito a voto, por exemplo. E o seu patrimônio está em dólar, enquanto as BDRs sofrem não só com as variações da cotação, mas também do câmbio”.

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