Em conversas com agentes do mercado, o CEO do Santander (SANB11) Brasil, Mario Leão, revelou que não descarta possibilidade de fechar o capital da empresa. A afirmação consta em relatório publicado nesta segunda-feira (16) pela Genial Investimentos e foi confirmada pelo E-Investidor. Procurado pela reportagenm, o banco não se pronunciou sobre o assunto.
No relatório, assinado por Eduardo Nishio, Nina Mirazon e Luis Degaspari, os analistas dizem que o Grupo Santander opera ativamente na compra e venda de participações de suas subsidiárias. Em 2023, a empresa fechou o capital do Santander México. Em maio, foi a vez da venda de 49% do Santander Polônia e da gestora de ativos Santander TFI ao Erste Group Bank, da Áustria.
A Genial destaca que o possível fechamento de capital do Santander pode ocorrer por múltiplos fatores. Isso porque o banco negocia a 8,5 vezes o Preço sobre Lucro (P/L) de 2024, 7,3 vezes (P/L) estimado para 2025 e 1,16 vez no Preço sobre Valor Patrimonial (P/VP) de 2025. Ou seja, a avaliação é que a ação SANB11 está barata e o banco espanhol possui fluxo financeiro suficiente para comprar todos os papéis em circulação no Brasil, tornando o negócio atraente para a empresa.
“Com as eleições presidenciais se aproximando em 2026, há expectativa de valorização das ações brasileiras, o que poderia motivar uma movimentação antecipada do controlador para evitar uma deterioração na relação de troca com minoritários”, dizem Eduardo Nishio, Nina Mirazon e Luis Degaspari, no texto.
Segundo o trio, o executivo disse ainda que mantém uma postura cautelosa em relação ao ciclo de crédito, com atenção redobrada à inadimplência, que deve seguir uma trajetória de deterioração ao longo de 2025. “O banco observou uma piora na qualidade das rolagens de empréstimos em relação a 2024, o que deve se refletir nos indicadores de calotes nos próximos trimestres — cenário alinhado à nossa visão setorial de que a perda com não pagamento dos clientes tende a se agravar este ano”, diz a Genial.
Apesar do diagnóstico de maior risco, o banco reforçou que a situação atual é significativamente mais controlada do que em 2023, período marcado por estresse elevado no empréstimo massificado, especialmente em cartões. Para os especialistas, o Santander adotou uma postura mais conservadora, com foco na redução da concessão de crédito de difícil recuperação. A medida tem como objetivo limpar o balanço de forma prudente e antecipar provisões.
“A instituição já havia revisado sua abordagem de provisionamento após o ciclo crítico de 2023, marcado por um volume elevado de renegociações — muitas delas repetidas. Em 2024, os critérios tornaram-se mais rígidos, priorizando acordos apenas mediante entrada efetiva de caixa, implicando menor tolerância e maior antecipação de perdas”, salientam os analistas.
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Embora o banco adote uma postura conservadora, a companhia continua buscando a meta de rentabilidade, medida pelo Retorno sobre o Patrimônio Líquido (ROE), de 20%. Para chegar nesse objetivo, a instituição financeira não buscará saltos de curto prazo que possam comprometer a qualidade da carteira ou a sustentabilidade dos resultados.
A equipe da Genial diz que a jornada rumo ao ROE será gradual, com foco em eficiência e rentabilidade do Santander de longo prazo. Segundo a gestão, não se espera atingir esse nível de retorno nos próximos trimestres — e talvez nem em 2026, tornando o objetivo mais factível a partir de 2027.
A Genial manteve sua recomendação de compra para o Santander (SANB11), com preço-alvo de R$ 31,80, alta de 5,47% na comparação com o fechamento de terça-feira (18), quando a ação encerrou o pregão a R$ 30,15.