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(Faiz Siddiqui/The Washington Post) – A Tesla vinha se concentrando em extrair o máximo de energia possível de suas baterias, com números de autonomia que superaram seus concorrentes no setor em dezenas de quilômetros por carga. Agora a empresa pôs o foco em um objetivo diferente: construir baterias que não apenas superem a autonomia das rivais – ou seja, até onde seus carros conseguem viajar com uma única carga – mas que durem muito mais que a vida útil dos veículos.
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É o mais recente impulso de inovação da construtora de automóveis do Vale do Silício que estabeleceu como sua meta reescrever as regras sobre os veículos elétricos, norteando-os pelo desempenho e pela ambição de uma maneira que vem inibindo os concorrentes. Mas os veículos elétricos constituem uma pequena fatia do mercado geral de automóveis e, para se expandir, a Tesla precisará reinar suprema não apenas na fabricação de veículos, mas também em sua força vital: as baterias. Elon Musk anunciou os planos da Tesla para resolver esse problema em um evento muito aguardado, o “Battery Day”, na terça-feira (23).
“Hoje, [os veículos elétricos] representam cerca de 3% dos carros vendidos globalmente”, escreveu Gene Munster, investidor e sócio-gerente da Loup Ventures, em uma análise publicada antes do evento. “A Tesla tem a oportunidade de transformar sua atual participação de 80% no mercado [de veículos elétricos] nos Estados Unidos, mais cerca de 20% na Europa e na Ásia, em um grande negócio nos próximos anos. Para ter sucesso, a empresa precisa acelerar sua produção de baterias”.
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Musk disse que nenhum desenvolvimento revelado na terça-feira “alcançará um alto volume de produção até 2022”. Mas ele também deu a entender que será necessário um grande salto na produção de baterias para alimentar os veículos que a empresa anunciou, como o Semi, a Cybertruck e o Roadster. A Tesla precisaria avançar muito em sua tecnologia de baterias para possibilitar algumas dessas ofertas, uma vez que anunciou uma autonomia de mais de 800 quilômetros para uma variante de sua picape Cybertruck. Uma autonomia dessas seria suficiente para dirigir de Washington, D.C. à cidade de Nova York e voltar.
Em contraste, a Tesla diz que seu produto de maior autonomia – o Model S – consegue viajar até 650 quilômetros com uma única carga. Os concorrentes, como a iniciante Lucid Motors, anunciaram veículos elétricos com alto consumo de energia, com autonomias que chegam a 800 quilômetros.
As baterias são um dos componentes mais complexos dos veículos elétricos, em grande medida porque seu processo de fabricação é intensivo em recursos. Uma bateria com vida útil mais longa abriria caminho para reduzir a pegada ambiental dos veículos elétricos, fazendo com que se tornassem uma proposta mais viável na escala necessária para começar a eliminar de verdade os carros de combustão interna.
Ainda assim, a mineração de metais raros como aqueles necessários para construir veículos elétricos pode expor comunidades locais a impactos ambientais significativos, entre eles a dispersão de elementos tóxicos que podem causar problemas respiratórios e doenças congênitas.
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O evento sobre a bateria foi agendado para acontecer depois de uma reunião anual de acionistas na fábrica da Tesla em Fremont, Califórnia. Um cenário incomum, feito sob medida para a era da covid-19.
Filas de carros da Tesla cheios de acionistas se alinharam no estacionamento perto do palco da apresentação. Os motoristas deram uma salva de buzinas para aplaudir quando Musk subiu ao palco e voltavam a buzinar sempre que Musk dizia algo de que gostavam.
“Basicamente, o que temos aqui é o cinema drive-in da Tesla”, disse Musk.
(Tradução de Renato Prelorentzou)
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