Criptomoedas

EUA devem aprovar ETF de bitcoin: novidade pode frustrar investidores

No entanto, o otimismo ajudou a maior criptomoeda do mundo a disparar para quase US$ 58 mil

EUA devem aprovar ETF de bitcoin: novidade pode frustrar investidores
Representação de Bitcoin empilhado como moedas (FOTO: LightFieldStudios)
  • Dada a facilidade de acesso aos mercados de criptomoedas em relação aos anos anteriores, não está claro se o lançamento de um ETF de bitcoin provocaria uma enxurrada de demanda
  • Os indivíduos já podem comprar e vender ativos digitais em bolsas de criptomoedas em todo o mundo e por meio de plataformas mais voltadas para o varejo, como PayPal e Square

(Katie Greifeld, WP Bloomberg) – O tão esperado sinal verde da agência reguladora dos Estados Unidos para um fundo de bitcoin negociado em bolsa talvez se transforme em um acontecimento que promova mais a valorização dos ativos antes da oficialização do que depois dela.

O surgimento da especulação de que a Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos (SEC, na sigla em inglês) poderia aprovar um produto apoiado em futuros o quanto antes nesta semana foi apontado como um catalisador para uma nova onda torrencial de interesse pelo bitcoin, com um prazo para a decisão se aproximando rapidamente. Defensores das criptomoedas, como Anthony Pompliano, da Morgan Creek Digital Assets, aproveitaram a ideia, tuitando que as coisas poderiam “ficar loucas”.

Outros veteranos da indústria não têm tanta certeza. Dada a facilidade de acesso aos mercados de criptomoedas em relação aos anos anteriores, não está claro se o lançamento de um ETF de bitcoin provocaria uma enxurrada de demanda, de acordo com Juthica Chou, chefe de negociação de balcão da Kraken Digital Asset Exchange.

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Os indivíduos já podem comprar e vender ativos digitais em bolsas de criptomoedas em todo o mundo e por meio de plataformas mais voltadas para o varejo, como PayPal e Square. Enquanto isso, os investidores institucionais têm sido capazes de obter exposição às criptomoedas por meio de veículos como o fundo Grayscale Bitcoin Trust – embora atormentado por descontos persistentes – há anos.

“A integração para investidores individuais, para varejo e para instituições já é muito melhor, mais segura e mais acessível do que, digamos, como eram as criptomoedas em 2017”, disse Juthica na transmissão do programa “QuickTake Stock”, da Bloomberg. “Um ETF com certeza será positivo, expandirá a variedade dos participantes que podem começar a comprar bitcoin e participar do ecossistema, mas não será tão impactante como teria sido anos atrás, porque já estamos vendo a demanda institucional.”

No entanto, o otimismo ajudou a maior criptomoeda do mundo a disparar para quase US$ 58 mil esta semana pela primeira vez desde maio. O bitcoin subiu mais de 80% desde que ficou abaixo de US$ 30 mil, no final de julho.

A velocidade da recuperação pode estar abrindo caminho para a decepção dos otimistas, com o bitcoin entrando brevemente no território de preços muito acima de seu valor real em seu índice de força relativa de 14 dias. Sem mencionar que os últimos meses foram marcados por ocorrências de altas e baixas, desde a estreia da Coinbase Global Inc. na bolsa, em abril, até o lançamento do bitcoin como moeda legal em El Salvador, em setembro.

Para Stephane Ouellette, CEO da plataforma com foco em criptomoedas FRNT Financial Inc., a aprovação do ETF seria, sem dúvida, uma boa notícia, mas estaria longe de ser um “divisor de águas” a esta altura.

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“Basicamente, não tenho certeza se isso adiciona muito acesso para investidores que estão tendo dificuldades para entrar neste espaço”, afirmou Ouellette. “Dito isso, se um ETF fosse aprovado, todas as plataformas de negociação com sede nos EUA possivelmente ofereceriam acesso à exposição de bitcoin, atualmente, apenas algumas fazem isso.”

Tem sido um longo caminho para os defensores do ETF, com Cameron e Tyler Winklevoss, os gêmeos mais conhecidos por terem acusado Mark Zuckerberg de roubar a ideia original do Facebook, apresentando a primeira solicitação de um ETF de Bitcoin em 2013.

Em agosto, o presidente da SEC, Gary Gensler, sinalizou que os formuladores de políticas talvez estivessem mais abertos a um ETF se ele fosse baseado em futuros em vez da própria criptomoeda, preparando o terreno para uma provável decisão com base em um prazo para aprovação ou rejeição de futuros baseados em aplicações de ETF.

Mesmo se aprovado, um fundo apoiado em futuros poderia limitar o impacto positivo, de acordo com Eric Balchunas, da Bloomberg Intelligence. Os ETFs vinculados a futuros “não são ideais”, dado que o ETF precisa rolar para frente os contratos futuros, o que destrói o desempenho, disse ele.

“Os investidores geralmente não gostam de derivativos e muitos consultores não gostam de derivativos”, disse Balchunas no programa “QuickTake Stock”, da Bloomberg. “Um ETF apoiado em moeda física seria um grande catalisador. Vejo isso como um catalisador muito inferior.”

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Tradução: Romina Cácia

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