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Méliuz (CASH3) em trajetória de alta. Vale a pena incluir na carteira?

Ações desempenham com alta de dois dígitos, mas especialistas alertam que pode ser transitório

Méliuz (CASH3) em trajetória de alta. Vale a pena incluir na carteira?
(Foto:Envato)
  • Nos últimos dias a Méliuz (CASH3) voltou a se destacar na Bolsa. Na sexta-feira (10), as ações da Méliuz ficaram entre as maiores altas do Ibovespa, com ganhos de 8,5% em seus papéis
  • Nesta segunda-feira (13), as ações continuaram o desempenho de alta, sendo o principal destaque do Ibovespa
  • Apesar da recente alta nos papéis, os especialistas recomendam cautela porque o setor é volátil e as ações em alta podem ser uma transitória ilusão

Desde a semana passada, as ações da Méliuz (CASH3) têm chamado a atenção na Bolsa. Na sexta-feira (10), os papéis da empresa de tecnologia ficaram entre as maiores altas do Ibovespa, com ganhos de 8,5%, cotado a R$ 5,94. Nesta segunda-feira (13), as ações continuaram o desempenho de alta, sendo o principal destaque do Ibovespa. Os papéis da Méliuz encerraram o dia a R$ 6,69, alta de 12,8%.

A Méliuz estreou na B3 em novembro de 2020 e levantou mais de R$ 629 milhões com os papéis fixados a R$ 10. No entanto, nos últimos dois meses os papéis da empresa passaram a sofrer uma desvalorização. Em agosto, a queda acumulada das ações foi de 40%. Neste mês, as ações registram queda de 12,54% e no ano valorização de 137,20%.

A recuperação do desempenho na Bolsa parece estar ligada ao movimento de desdobramento de ações, que passaram a ser negociadas na última quinta-feira (9), refletindo no salto das ações no dia seguinte. Com o desdobramento, os papéis da companhia passam a ser divididos em seis, ou seja, o valor unitário da ação fica seis vezes menor, possibilitando que investidores menores comprem os papéis. A operação não altera o capital social da empresa, mas aumenta sua liquidez.

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No relatório do segundo semestre, a Méliuz reportou o alcance de 19 milhões de contas abertas, crescimento de 87% ao ano, e 8,8 milhões de usuários ativos, crescimento de 265% ao ano. Segundo Bruno Rosolini, analista do setor de tecnologia da Genial Investimentos, após as desvalorizações dos papéis da empresa nos últimos meses, era esperado que ela voltasse a recuperar as perdas. “Essas empresas são bastante voláteis, mas como Méliuz tem entregado tudo o que prometeu no IPO com aquisições, aumento da base de clientes e produtos novos, era esperado que as ações voltassem a subir”, diz.

A Méliuz vem aumentando a sua atuação de serviços. Em maio, a empresa adquiriu o banco digital Acesso Bank por R$ 324,5 milhões, posicionando a companhia nesse segmento. “Desde o IPO, a Méliuz tinha a ideia bastante clara de que o principal negócio deles, o cashback, era arriscado e facilmente replicável, e que oferecendo apenas esse serviço as chances de crescer seriam muito pequenas. Por isso, as últimas aquisições são bastante interessantes, principalmente o Acesso Bank”, diz Fabiano Vaz, analista da Nord Research.

Para Rosolini, da Genial, a aquisição da Alter Pagamentos, empresa especializada em  negociação de criptoativos, também é bastante interessante. Segundo os especialistas, o movimento da Méliuz é em busca de se tornar um banco digital completo.

No entanto, embora a companhia tenha conseguido se diversificar e entregar o que tem prometido, ao menos no curto prazo, os desafios continuarão. Segundo Vaz, a concorrência no setor de fintechs é grande e para isso a empresa vai precisar de fôlego. Por enquanto, o especialista não recomenda o aporte nos papéis da Méliuz. “Apesar da boa gestão, os resultados operacionais ainda não justificam o preço que está sendo negociado atualmente devido aos riscos – empresa negocia múltiplos bem elevados e não apresenta crescimento tão interessante – e ainda, devido à competitividade do setor”, comenta.

Quebra de expectativas

A empresa reportou receita líquida de R$ 54,5 milhões no segundo semestre, entre abril e junho deste ano, com prejuízo consolidado de R$ 4,6 milhões. O lucro atribuído aos controladores foi de R$ 6,7 milhões, ante R$ 6,5 milhões no mesmo período de 2020. O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, na sigla em inglês) também foi negativo em R$ 7,2 milhões, e o ajustado em R$ 2,4 milhões. O aumento das despesas para R$ 62,5 milhões, ante R$ 47,4 milhões do semestre anterior, também preocupou o mercado. No dia da divulgação dos resultados, os papéis chegaram a desvalorizar mais de 14%.

Rosolini, da Genial, conta que houve uma quebra de expectativas. “O mercado estava com uma expectativa de alta, de crescimento, devido ao boom do e-commerce” diz. A Méliuz foi impactada positivamente pela pandemia e, por isso, conseguiu escalar seu modelo de negócio. “O crescimento foi robusto, mas não seria possível manter a mesma taxa de crescimento para o pós-pandemia”, avalia.

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A outra quebra de expectativa foi a projeção de elevação da taxa de juros de longo prazo. “As empresas de tecnologia amparadas em crescimento sofreram bastante com essa perspectiva”, diz.

Segundo Rosolini,, quando o investidor olha para uma empresa de tecnologia, ele precisa entender a dinâmica do setor e ter consciência que vai incorrer em maior nível de volatilidade por questões macroeconômicas e pelo desalinhamento de expectativa de curto prazo. “O que a gente não quer ver na Méliuz é a empresa perdendo ativos ou abrindo menos contas do que abre hoje”, comenta.

Apesar da recente alta nos papéis, os especialistas recomendam cautela porque o setor é volátil e as ações em alta podem ser uma ilusão transitória.

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