- A retomada do setor deve acontecer a partir do quarto trimestre deste ano
- Em breve as pessoas vão poder praticar seus hábitos de forma muito mais segura
- Existem estudos que mostram que os brasileiros vão deixar de gastar US$ 12 bi nos próximos 18 meses no Exterior
Digitalização de processos e redesenho de destinos estão entre as apostas da CVC para lidar com os desafios impostos pela pandemia da covid-19 no setor do turismo.
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Durante live no Estadão, o presidente do grupo, Leonel Andrade, explicou que a empresa líder no mercado de lazer e corporativo deixou de realizar mais de um milhão de viagens no período. Na entrevista, Leonel ainda apontou os impactos da crise no setor turístico, bem como as ações que tentam colocar a empresa de volta à rota de competitividade.
Panorama do setor pós-pandemia
“O turismo foi atingido em cheio pela pandemia, mas o setor vai continuar existindo. As pessoas vão voltar em algum momento para as suas vidas normais. A retomada vai se dar principalmente no setor doméstico no Brasil, onde a CVC é soberana. Portanto, nós estamos 100% focados em oferecer o que tem de melhor a partir do momento em que as pessoas se sintam confiantes à voltar a praticar seus hábitos de viagens.
Eu só acredito que vamos atingir níveis de 2019 daqui a dois ou três anos
Assim como os shopping centers vão mudar na retomada, haverá mudança de sinalizações, movimentos de diferentes de filas, entrada e saída e higienização. Tudo isso vai mudar também nos aeroportos. Vamos ter casos exemplares e casos a melhorar. Tenho convicção de que em breve o mundo vai estar com muito mais segurança e que as pessoas vão poder praticar seus hábitos de forma muito mais segura.”
Como será a retomada da CVC
“Acreditamos que no setor de lazer, a retomada começa a ocorrer de forma mais consistente a partir do quarto trimestre deste ano. As pessoas já estão começando a pesquisar e buscar, e provavelmente no final do ano, a gente vai ter um movimento muito mais forte. Eu só acredito que vamos atingir níveis de 2019 daqui a dois ou três anos. Isso não significa que do ponto de vista relativo, o Brasil vai estar no final do ano com movimentos domésticos na faixa de pelo menos 50% do que foi o ano passado.
Do ponto de vista corporativo, vai demorar. Este demora bastante por diversas razões e, principalmente, porque o negócio de feiras e eventos nos próximos 12 meses dificilmente terá algum movimento.”
Segurança dos passageiros será prioridade
“Os consumidores vão priorizar companhias aéreas, hotéis e destinos que estão cuidando mais da higiene. Existe uma série de iniciativas, tanto das companhias, como das operadoras de veículos, operadoras de cruzeiros e hotéis. Nós temos conversado com todo mundo e ficou muito claro que a primeira questão de prioridade para todos é higienização.
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Eu tenho convicção, por exemplo, que as companhias aéreas brasileiras vão ser muito bem cuidadosas com este assunto e já estão trabalhando muito bem nisso. Assim com as grandes redes de hotel. As diversas associações do setor de turismo têm sido muito ativas. Existe conversa com todos, inclusive a nível governamental, com as secretarias de turismo estaduais e municipais. As conversas existem e as empresas administradoras de aeroportos estão também trabalhando.”
Como ficam os preços das passagens
“O preço da passagem aérea é muito mais relacionado à competição e à procura/demanda do que qualquer outro movimento. Sempre foi assim historicamente. E a gente tem no Brasil competição forte no setor aéreo. Temos três empresas que dominam este setor e elas de fato competem muito entre si.
Do ponto de vista da CVC, quanto menor o preço da passagem aérea, mais acessível é para as pessoas voarem e, portanto, é melhor para a CVC. O mais importante para o grupo é que exista sustentabilidade. Ou seja, que as pessoas tenham segurança em fazer uma viagem confortável, tranquila, pontual, que atinja os seus objetivos e que voltem em segurança para casa.”
As próximas mudanças da CVC
“Estamos com quase todas as lojas fechadas e estamos vendendo. As pessoas estão comprando à distância e a gente opera com 14 mil agências, além das nossas lojas espalhadas pelo Brasil inteiro.
“Vamos ter conteúdo na loja física, mas a loja será móvel. Ou seja, o vendedor vai ter que ter plataforma para fechar uma venda fora da unidade. Isso tudo é o mundo digital. É uma construção muito sólida e priorizada, que já está acontecendo. Nas próximas semanas vamos ver aplicativos e as pessoas transacionando com a CVC de forma muito mais fácil. A usabilidade vai ser priorizada em todos os sentidos.”
O brasileiro finalmente vai conhecer o Brasil
“Nós imaginamos que as pessoas vão voltar com alta procura para locais domésticos, ou seja, dentro do Brasil. O país finalmente vai ser conhecido pelos brasileiros, inclusive os de alta renda. E muitos lugares de praia, campo, ambientes mais abertos, hotéis que oferecem muito espaço, de fato, livre.
Outro turismo que deve crescer é o turismo de proximidade. Por exemplo, as pessoas saírem de São Paulo e irem para Campos do Jordão para passar o final de ano, em vez de irem, como iam no passado, para para o Nordeste, Caribe ou a Europa. Esse turismo de proximidade tende a crescer bastante, e ele vai ser praticado em veículos menores, como menos pessoas.
Nós estamos desenhando tudo com os grandes destinos, com hotéis, pousadas, casas. Enfim esse tipo de negócio é o que está sendo feito agora. Nosso objetivo é chegar no final de junho com todo um endereçamento de produtos e serviços para o segundo semestre e para a retomada.”
Como ficarão os serviços de luxo
“Existem estudos que mostram que US$ 12 bilhões vão deixar de ser gastos nos próximos 12 a 18 meses por brasileiros no Exterior, e que vão ser gastos no Brasil. Isso será a classe A e B deixando de viajar por três motivos: as fronteiras vão estar fechadas ainda por um bom tempo; a alta da moeda é muito forte e boa parte dessa população vai repensar a viagem internacional por conta do dólar e o risco ainda que todo mundo vai ter por algum tempo de receio da pandemia.
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Vamos ter um movimento muito sustentável e forte da classe A conhecendo o país e usando os setores de maior luxo ou maior proximidade aqui. Desenhar um serviço de ônibus luxuoso ou algo assim vai acontecer, mas a maior parte dessas pessoas consegue se deslocar com seus próprios veículos e, em alguns casos, até com suas próprias aeronaves.
O mais importante não é o desenho do transporte, mas o desenho do destino. Hotéis, pousadas, praias, enfim, que consigam ter um serviço mais diferenciado. A gente até já tem isso no Brasil, mas ainda é muito restrito e nós vamos ter que ampliar com certeza”.