O mercado de apostas online, popularmente conhecidas como “bets“, tem crescido exponencialmente, especialmente no Brasil, impulsionada pela facilidade de acesso a plataformas online e pela crescente oferta de opções de apostas em diversos eventos. Além disso, a recente ordem de prisão de figuras públicas como a advogada Deolane Bezerra e o cantor Gusttavo Lima trouxe à tona questionamentos sobre os limites entre entretenimento, crime e investimento no Brasil.
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Conforme explicado nesta reportagem, ambos foram alvo de uma operação contra lavagem de dinheiro ligada ao jogo do bicho, realizado através de aplicativos de apostas, não diretamente relacionados às bets.
A questão fundamental levantada por especialistas como Ana Paula Hornos, educadora financeira e colunista do E-Investidor, é se as apostas nas bets podem ser consideradas uma forma legítima de investimento. Ao contrário de investimentos tradicionais que buscam retorno sustentável e planejado, as apostas são caracterizadas pela incerteza e impulsividade, atraindo indivíduos pela promessa de lucros rápidos.
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“Mas a maioria dos apostadores acaba acumulando perdas financeiras, uma vez que o sistema é projetado para beneficiar as plataformas, e não os participantes”, alerta a especialista.
Desde que foram legalizadas em 2018, as apostas online ganharam popularidade no Brasil, movimentando entre R$ 60 bilhões e R$ 100 bilhões apenas em 2023, de acordo com um levantamento da PwC. Esse valor supera significativamente os rendimentos da loteria tradicional, indicando uma mudança de comportamento entre os brasileiros ávidos por oportunidades de lucro rápido.
O volume movimentado pela loteria convencional atingiu R$ 23,4 bilhões. Para este ano, a expectativa é que o setor de apostas online chegue a um montante de R$ 130 bilhões.
Um levantamento da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo revelou que 63% dos apostadores comprometem parte significativa de sua renda com apostas online, um número alarmante que reflete o apelo e a percepção equivocada de que as bets são uma forma válida de investimento.
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Segundo a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), cerca de 20% dos apostadores consideram as bets como uma modalidade de investimento, rivalizando apenas com a poupança como destino de recursos.
Porém, Fabiano Jantalia, especialista em Direito de Jogos, ressalta que as apostas, por definição, são atividades de entretenimento e não devem ser confundidas com investimentos. “Ganhos financeiros são uma consequência possível, mas não podem ser o objetivo fim”, adverte Jantalia.
Já que a falta de garantia de retorno e a dependência da aleatoriedade e sorte são fatores que distinguem as bets das estratégias de investimento responsável, baseadas em planejamento e disciplina, cujo objetivo é gerar lucro sobre o capital aplicado. A verdadeira construção de patrimônio requer planejamento, disciplina e escolhas conscientes – algo não encontrado nesses ambientes.
Colaborou: Gabrielly Bento.
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