As negociações do Tesouro Direto foram interrompidas pelo circuit breaker duas vezes na última segunda-feira (16), em um dia marcado por históricas elevações nas taxas de retorno de títulos públicos. A volatilidade das taxas de juros fez com que o site do Tesouro Direto saísse do ar em dois momentos, pela manhã e tarde. Apenas o Tesouro Selic, além dos prefixados e indexados ao IPCA, estiveram disponíveis para negociação.
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O destaque foi o Tesouro Prefixado 2027, que superou pela primeira vez os 15% ao ano, alcançando 15,34%. Já o título com vencimento em 2031 chegou a 14,61%, também um recorde. Nos indexados ao IPCA, o Tesouro IPCA+ 2029 ofereceu 7,61% ao ano mais a variação da inflação, o maior patamar desde o início de sua negociação, em 2023.
Os rendimentos também impressionaram nos vencimentos mais longos: o Tesouro IPCA+ 2035 alcançou IPCA+ 7,08% e o 2045, 7,00%, ambos em recorde histórico. Além disso, produtos como Renda+ e Educa+ ofereceram rendimentos de até IPCA+ 7,75%, atraindo a atenção dos investidores.
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A disparada nas taxas reflete uma piora nas expectativas econômicas. Segundo o Boletim Focus, do Banco Central, divulgado nesta mesma segunda-feira, a previsão para o IPCA de 2025 subiu pela nona semana consecutiva, passando de 4,59% para 4,60%, acima do teto da meta de 4,50%. Para a taxa Selic no final de 2025, a projeção foi de 13,50% para 14%.
Outro fator que influenciou foi a recente decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), que elevou os juros em 1 ponto porcentual, para 12,25% ao ano, e indicou novos aumentos até o primeiro trimestre de 2025. Caso os planos se concretizem, a Selic poderá atingir 14,25%, maior nível desde 2016.
A situação ganhou mais tensão com as críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao patamar dos juros e o impacto da alta do câmbio. Essas declarações, aliadas à percepção de que o pacote fiscal apresentado pelo ministro Fernando Haddad é insuficiente, fizeram com que a demanda por títulos mais seguros, como os do Tesouro Direto, aumentasse significativamente.
O que é o Circuit Breaker?
O mecanismo de ‘circuit breaker’ é comumente usado para interromper negociações na B3 em momentos de quedas acentuadas. No Tesouro Direto, ele funciona como uma medida de segurança para conter a volatilidade extrema nas taxas de juros. A pausa permite que investidores reavaliem suas estratégias em um cenário de menor instabilidade.
A suspensão das operações na bolsa visa resguardar os investidores contra a instabilidade do mercado e equilibrar as ordens de compra e venda dos investidores.
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Após esse intervalo, espera-se que as quedas sejam atenuadas e que a bolsa retome suas atividades de forma regular. Contudo, é importante ressaltar que esse mecanismo pode ser acionado novamente caso a desvalorização das ações continue.
Quando o Circuit Breaker é acionado?
Existem três níveis de queda do índice Ibovespa que acionam o circuit breaker:
- Queda de 10%: quando o Ibovespa, índice que reúne as 64 principais ações da bolsa, cai 10% em relação ao fechamento do dia anterior, as negociações são interrompidas por 30 minutos, momento em que acontece o primeiro circuit breaker.
- Queda de 15%: se, após a reabertura, a queda atingir 15%, as operações são suspensas novamente, porém, dessa vez a pausa dura uma hora.
- Queda de 20%: se a desvalorização continuar e chega a 20%, o pregão é interrompido por um período definido internamente pela B3. Esse tempo de pausa é informado aos investidores posteriormente.
Como funciona o Circuit Breaker?
As corretoras e gestoras de investimentos estão constantemente de olho nos índices das Bolsas mundiais, como Nasdaq, Dow Jones e Standard & Poor’s, além de acompanhar as notícias e indicadores futuros.
Essa vigilância permite prever cenários de turbulência com antecedência, para não pegar ninguém de surpresa. “Acompanhamos o mercado em tempo real e ficamos de olho nos índices das Bolsas mundiais”, explica Andréa Abreu, head de assessoria e mesa de operações da Toro Investimentos. “As notícias e os indicadores futuros nos ajudam a prever cenários.”
Essa mensagem é comunicada de forma ágil para os demais setores da corretora. Frequentemente, os clientes que possuem uma maior exposição ao risco, devido à composição de seus portfólios, são avisados diretamente também.
Sendo assim, o circuit breaker é uma medida essencial para garantir a estabilidade e a segurança do mercado financeiro. Ao proporcionar uma pausa em momentos de extrema volatilidade, ele protege os investidores e ajuda a evitar decisões precipitadas, mantendo a integridade do mercado.
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Colaborou: Gabrielly Bento.