

Em um cenário de instabilidade crescente nos mercados internacionais, onde oscilações bruscas têm dominado os pregões, investidores buscam referências para tomar decisões mais acertadas. A filosofia de Warren Buffett, um dos maiores nomes do mercado financeiro mundial, volta a ganhar destaque como guia para atravessar períodos de incerteza.
Na última segunda-feira (21), o índice S&P 500, termômetro das principais ações norte-americanas, recuou 2,4%, pressionado por mais um embate entre o então presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell. Trump chegou a cogitar a substituição de Powell caso o Fed não reduzisse as taxas de juros, uma iniciativa sem amparo legal, segundo o próprio chefe do banco central.
Apesar do susto, o dia seguinte apresentou uma recuperação parcial, com alta superior a 1,5% nas ações no início da sessão. Ainda assim, o mercado acumulava perdas superiores a 14% em comparação ao ponto mais alto atingido em fevereiro, refletindo o clima de tensão provocado por incertezas na política econômica e nas diretrizes comerciais do governo norte-americano.
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Especialistas apontam que a falta de clareza sobre os rumos das tarifas comerciais e as pressões políticas sobre instituições independentes têm contribuído para um ambiente de investimentos volátil e imprevisível.
“Estamos tratando isso como um ambiente praticamente sem direção definida… especialmente porque não sabemos onde vão parar as tarifas”, avaliou o estrategista de investimentos Robert Haworth, em entrevista à CNBC. “Este é um mercado que está tentando encontrar um rumo — e não está chegando a muitas conclusões.”
Nesse contexto, muitos investidores se perguntam qual a melhor atitude diante do medo generalizado. É justamente nesse ponto que a estratégia de Warren Buffett se destaca: agir de forma contracíclica.
Filosofia simples, resultados duradouros
Conhecido por seu estilo conservador e visão de longo prazo, Buffett costuma repetir uma máxima que guia suas decisões: “Tenha medo quando os outros estão gananciosos, e seja ganancioso quando os outros estão com medo”. A lógica por trás disso é clara — os momentos de pânico costumam derrubar os preços das ações, criando oportunidades únicas para adquirir papéis de boas empresas a valores reduzidos.
Durante a crise de 2008, por exemplo, o investidor seguiu firme na compra de ativos mesmo em meio ao colapso financeiro global. Na época, enquanto muitos liquidavam suas posições por receio de perdas ainda maiores, Buffett ampliou sua participação em ações americanas, abandonando investimentos mais seguros, como os títulos públicos.
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A lição deixada por Buffett é valiosa principalmente para quem está construindo patrimônio no longo prazo. Segundo ele, crises são passageiras, enquanto os fundamentos das grandes companhias tendem a se fortalecer com o tempo.
Mesmo diante de choques severos, como recessões, guerras ou escândalos políticos, o mercado de capitais norte-americano se mostrou resiliente. Um exemplo citado por Buffett é o crescimento do índice Dow Jones ao longo do século 20, período em que passou de 66 pontos para mais de 11 mil, mesmo enfrentando eventos históricos de grande impacto.
Embora o atual momento ainda não reflita pânico generalizado, há sinais de preocupação entre os investidores. Para aqueles que seguem a linha de pensamento do bilionário, no entanto, essa é a hora de manter a disciplina e seguir aplicando em um portfólio diversificado, ignorando o barulho das manchetes e apostando no retorno gradual da confiança nos mercados.
Afinal, como o próprio Warren Buffett escreveu em meio à recessão de 2008: “No longo prazo, as notícias sobre o mercado de ações serão boas.”
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Colaborou: Gabrielly Bento.