Analistas da Ágora Investimentos e do Bradesco BBI afirmam que suas ações favoritas no setor de petróleo e gás são as da PetroRio (PRIO3) e da 3R Petroleum (RRRP3), em face das “diversas incertezas em torno da tese de investimento da Petrobras”. A avaliação consta do relatório Notas Curtas divulgado nesta segunda-feira (02) pela Ágora.
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“A mensagem geral parece ser que a empresa aumentará seu capex (investimentos) e diminuirá os dividendos gradualmente ao longo do tempo”, escreveram Vicente Falanga, analista de Petróleo e Gás do Bradesco BBI, e Ricardo França, analista de Investimentos da Ágora, avaliando o que foi dito nesse início do novo governo e da indicação do senador Jean Paul Prates (PT-RN) à presidência da Petrobrás.
“Um ponto chave a ser observado no curto prazo é quanto a política de pagamento da Petrobras pode ser reduzida no curto prazo”, afirmam os autores. Como o pagamento de dividendos tem sido o principal atrativo das ações da Petrobras, a redução do “payout”, ou porcentual do lucro a ser distribuído, pode diminuir o apelo dos papéis da companhia.
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A Ágora mudou recentemente sua recomendação de compra para a ação preferencial (PN) da estatal (PETR4) para “Neutro”, com preço-alvo de R$ 26,00 por papel. No meio da tarde desta segunda-feira, o papel era negociado a R$ 23,08 na B3. Os analistas afirmam que, se a Petrobras reduzir a distribuição de lucros para o mínimo de 25% previsto em lei, as ações podem cair abaixo de R$ 20,00.
“O Ebitda futuro da empresa dependerá então da política de preços de combustível, política de preços de gás, despesas de marketing, entre outros fatores. Por enquanto, vemos as ações PETR4 bem suportadas nos níveis de R$ 20 a R$ 24”, dizem os analistas. Ebitda é a sigla em inglês para “lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização”, e serve como indicador da capacidade de geração de caixa de uma empresa.
A análise parte do pressuposto que a Petrobras pode caminhar no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para diretrizes diferentes daquelas adotadas no mandato do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
As “diversas incertezas” sobre a companhia decorrem de dúvidas acerca das políticas que serão implementadas daqui para frente. Falanga e França lembram que Prates disse que a Petrobras deve “deixar de se comportar como uma herdeira rica”.
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Eles avaliam que, até agora, “as visões da nova gestão parecem apontar para as seguintes mudanças”: a estatal é vista como pagadora de dividendos excessivos, daí a analogia à “herdeira rica”; deve se tornar uma empresa integrada de energia, com liderança na transição energética e investimentos em geração eólica; deve investir na modernização de refinarias, centrada em bioenergia, e pode até construir novas; pode interromper vendas de ativos, mas honrando contratos assinados; provavelmente irá mudar política de preços; e pode implementar regulamentação mais rigorosa de estoques para evitar desabastecimento.
Ágora e Bradesco BBI acrescentam que declarações recentes do presidente Luiz Inácio Lula da Silva vão no mesmo sentido. O presidente disse que não faz sentido o Brasil importar combustíveis, fertilizantes ou plataformas de petróleo, o que pode apontar para futuras exigências de maior conteúdo nacional nos negócios da estatal.
Os analistas destacam ainda que Prates, advogado e economista, tem mais de 30 anos de experiência na área de petróleo e gás, primeiramente como consultor e depois como secretário de Energia do Estado do Rio Grande do Norte.