As ações da Ambev (ABEV3) avançam 3,5% e estão entre as maiores altas do Ibovespa após balanço do 3T25; BofA vê fraqueza nos volumes, enquanto Ativa destaca melhora na rentabilidade. (Imagem: Adobe Stock)
O lucro líquido somou R$ 4,9 bilhões, superando os R$ 3,2 bilhões esperados pela Ativa Investimentos. O resultado foi beneficiado por menores despesas com imposto de renda, mesmo diante de custos financeiros mais elevados. A receita consolidada, por sua vez, atingiu R$ 20,8 bilhões, ligeiramente abaixo do previsto pela casa.
A margem Ebitda ficou em 33,9%, avanço de 110 pontos-base em relação ao mesmo período do ano passado e acima da estimativa da Ativa, de 30,5%. Para o analista Lucas Dias, o desempenho reflete ganhos de eficiência e a melhora de rentabilidade, além do impacto positivo da venda de uma subsidiária no CAC.
“O resultado foi positivo levando em conta o ambiente fraco da indústria e o momento de recuperação da rentabilidade da companhia”, afirma Dias.
Ainda assim, ele observa que o volume consolidado recuou 6% na comparação anual, pressionado por temperaturas mais baixas no Sul e Sudeste e pela renda disponível menor.
Já o Bank of America (BofA) manteve avaliação mais cautelosa. Segundo os analistas Isabella Simonato e Julia Zaniol, a Ambev apresentou “outro conjunto fraco de resultados”, com queda de 5,7% na receita líquida e retração de 5,9% nos volumes consolidados.
O BofA destacou o desempenho mais fraco do segmento de cervejas no Brasil, com retração de 7,7% nos volumes — 2% abaixo das projeções de mercado — e perda de participação para concorrentes.
No portfólio premium, os preços por hectolitro subiram 5,7%, ajudando a compensar parte da queda em rótulos mainstream.
A Ativa manteve recomendação neutra para ABEV3 e preço-alvo de R$ 15, o que implica potencial de alta de 24,7%. O BofA também reiterou recomendação neutra, com preço-alvo de R$ 14, apontando que, embora a ação negocie com desconto frente aos pares, “não há gatilhos de alta no curto prazo”.
Segundo a XP, o Lucro Por Ação (LPA) da Ambev superou as estimativas, impulsionado pela menor alíquota efetiva de imposto pontual.
A corretora afirma que a empresa teve mais um desempenho fraco no período, impactado negativamente pelas condições climáticas adversas e pelo enfraquecimento da indústria.
“Temperaturas abaixo do normal, combinadas com uma renda disponível já pressionada, levaram a uma queda de 7,7% no volume de cerveja no Brasil”, destacam os analistas Leonardo Alencar, Pedro Fonseca e Samuel Isaak em relatório.
A fintech aponta ainda que, pelo lado positivo, os segmentos premium e cervejas sem álcool superaram os segmentos core e core-plus, e agora a Ambev lidera em todas as frentes.
“No geral, apesar da perspectiva de clima mais quente e do novo programa de recompra (208 milhões ações totalizando R$ 2,5 bilhões), vemos a Ambev sendo negociada a um exigente múltiplo de 13,9 vezes P/L considerando as fracas perspectivas de crescimento do LPA, e portanto reforçamos nossa recomendação de venda”, destacam.
Entre o otimismo pontual e a cautela estrutural, o consenso é que a Ambev (ABEV3) entregou um trimestre melhor do que o temido — mas ainda depende de um ambiente macro mais favorável e de um verão mais quente para transformar o alívio momentâneo em tendência de recuperação.