A captação líquida dos fundos de investimento foi negativa em R$ 127,9 bilhões em 2023, com maior peso dos resgates no primeiro semestre (R$ 122,3 bilhões) que no segundo semestre (R$ 5,6 bilhões). Os dados foram apresentados nesta terça-feira (9) pela Associação Brasileira de Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima).
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“Em termos de captação líquida, 2023 foi parecido com 2022. Mas o primeiro semestre foi muito mais pesado em resgates que o segundo”, disse Pedro Rudge, vice-presidente da Anbima, em coletiva nesta manhã.
Rudge destaca que o resultado do segundo semestre foi impactado pela saída líquida de R$ 74,5 bilhões em dezembro. “Foi um ponto fora da curva. Há um perfil de investidor, o setor público, que acaba fazendo movimentações concentradas na virada do ano, com saídas em dezembro e entradas em janeiro. A gente acredita que, em alguma medida, foi isso que aconteceu”, afirma o executivo.
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Entre as diferentes classes de fundos, o destaque negativo ficou com os multimercados, que tiveram captação líquida negativa em R$ 134,3 bilhões em 2023, pior que a saída de R$ 87,1 bilhões em 2022. “É uma tendência [nos multimercados] que a gente viu se acentuar nos últimos três meses”, diz Rudge. Os resgates da classe foram de R$ 16 bilhões em outubro, R$ 32,1 bilhões em novembro e R$ 32,4 bilhões em dezembro.
O executivo também diz que a volatilidade dos mercados ao longo de 2023 dificultou a rentabilidade das estratégias multimercado. Embora a maioria dos tipos de multimercado tenha ficado na média acima da valorização de 9,4% do índice de hedge funds da Anbima (IHFA), houve perda para o acumulado do CDI (13,1%).
A classe de renda fixa também contribuiu para o resultado negativo da indústria de fundos em 2023, com resgates líquidos de R$ 59,8 bilhões. Só em dezembro a saída foi de R$ 49,3 bilhões. Por outro lado, os títulos de renda fixa isentos – LCI, LCA, CRA, CRI, LIG e debêntures incentivadas – somaram captação líquida de R$ 283,9 bi até novembro, resultado da atratividade da isenção fiscal, destaca Rudge.
Para o vice-presidente da Anbima, a volatilidade de 2023 reforçou a importância da diversificação, em “não ter uma parcela relevante do patrimônio concentrada em uma única classe de ativos”. “É normal e até esperado que aconteçam oscilações, e o investidor com portfólio balanceado tende a minimizar isso”, diz.
FIPs são destaque
Os fundos de investimento em participações (FIPs) fecharam o ano como o quarto maior patrimônio líquido (PL) da indústria, com R$ 728,6 bilhões, e a maior captação líquida do setor (R$ 42,1 bilhões). Rudge menciona os movimentos concentrados, como a entrada de R$ 26,1 bilhões em dois FIPs em abril.
Evolução da indústria
O número de contas cresceu 8,4% em 2023, chegando a 37,4 milhões, conforme o consolidado da Anbima até novembro. Os fundos estruturados lideraram o aumento, com avanço de 2,2 milhões, totalizando 11,7 milhões no fim do ano. Já os fundos líquidos mantiveram a estabilidade em 25,7 milhões.
O número de fundos teve alta de 5,8%, alcançando 30.624 no fechamento de 2023. E o número de gestores subiu 8,9%, para 991 em novembro de 2023, informa a Anbima.
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