“É claro que surpresas adversas no fiscal, no mercado de trabalho e/ou no crescimento também poderiam levar o Banco Central a agir, mas nossa impressão é que, tudo mais constante, o BC preferiria deixar os juros onde eles estão, também por causa da extensão do horizonte relevante até 2024 (para evitar o risco de deixar a inflação abaixo do centro da meta)”, analisa em relatório o economista para Brasil do Barclays, Roberto Secemski.
O analista considerou a comunicação do Copom neutra, de modo geral. A manutenção da estimativa oficial para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2024 em 2,7%, no entanto, foi vista como relativamente dovish.
Embora espere que o alívio de curto prazo leve o IPCA em 12 meses a desacelerar até 7,0% no fim do ano, Secemski reforça que o arrefecimento do núcleo da inflação será bem mais lento.
“Essa dinâmica é menos suscetível a reduções de impostos, sendo que os efeitos de segunda ordem levam muito mais tempo para se materializar. Esperamos que a inflação em 12 meses do núcleo atinja um patamar de 10,5-10,6% até o fim de julho e termine o ano próxima a 9,5%, substancialmente acima do IPCA fechado”, diz o economista, que estima IPCA de 5,0% em 2023, acima do teto da meta (4,75%).