O Banco do Brasil (BBAS3) vai permitir que os clientes comparem condições e peçam a portabilidade de crédito de outros bancos usando dados obtidos via Open Finance, que é uma iniciativa do Banco Central do Brasil de permitir que as informações flutuem no sistema financeiro – por exemplo, nos aplicativos – de forma padronizada.
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A informação foi do próprio banco com exclusividade ao Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, que também explicou que o principal objetivo é acelerar e facilitar a operação dos usuários.
No entanto, de acordo com o diretor de Organização do Sistema Financeiro e Resolução do BC, Renato Gomes, em entrevista ao Broadcast, hoje ainda existem muitos entraves para que isso realmente aconteça, e o regulador vem trabalhando para que o processo se torne mais fluido justamente por meio do Open Finance.
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Essa transação, a portabilidade de crédito, permitiria que empréstimos, por exemplo, sejam transferidos de um banco para outro, em busca de melhores condições de pagamento ou menores taxas.
Na prática, os clientes que usam o aplicativo da instituição não precisariam consultar cada instituição com quem tem empréstimo para obter os dados do contrato e então preencher todas as informações das operações que pretendem fazer a portabilidade.
Isso porque, após autorização do dono dos dados, o banco seria capaz de consultar as informações diretamente de outras instituições financeiras, o que poderia tornar a experiência do cliente mais simples.
Além disso, a novidade promete ainda agilizar a efetividade do procedimento e possibilitar que as condições negociais sejam personalizadas, considerando o cliente e a operação a ser portada.
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“Com foco na educação financeira, ao simular a portabilidade do empréstimo, a solução do BB apresenta ao cliente a comparação das condições nas duas instituições, facilitando a escolha da opção mais vantajosa para ele”, comenta Marisa Reghini, vice-presidente de tecnologia e negócios digitais do BB.
“Tudo isso de forma digital e usando a infraestrutura do Open Finance. Essa é mais uma solução que materializa as vantagens do cliente aderir ao Open Finance”, acrescenta a VP do banco, que está na dianteira em produtos e serviços via Open Finance.
A novidade está em fase de testes com alguns clientes e funcionários, mas deve ser ampliada para toda a base de usuários do banco nas próximas semanas. A solução será apresentada no estande do BB do evento Febraban Tech, em São Paulo, que acontece entre os dias 27 e 29 de junho.
Apesar disso ainda não ser uma realidade, é real que mais de 70 milhões de pessoas têm dívidas e seguem dia após dia aumentando suas inadimplências. Segundo o Serasa, o cartão de crédito é responsável por 31,03% do endividamento da população – e, por consequência, da inadimplência. Por isso, confira abaixo algumas dicas para quem está neste cenário:
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Como evitar a inadimplência?
A primeira orientação de todos educadores financeiros consultados para evitar tanto o endividamento quanto a inadimplência foi a mesma: tenha um planejamento financeiro com ganhos e gastos todos os meses.
Para Marlon Glaciano, especialista em finanças e planejador financeiro, essa organização vai mais além. Segundo ele, o consumidor deve segurar suas despesas até, no máximo, 70% dos seus ganhos mensais e fugir das linhas de crédito. “É importante não ultrapassar o volume de 70% da receita mensal com as despesas. Se planeje financeiramente para a aquisição de um bem evitando tomar empréstimos ou qualquer operação financeira que gere juros. Neste momento, com taxa Selic em 13,75%, não é uma opção realizar essas transações”, disse.
Marchiori ainda completa dizendo que o ideal seria não tomar as linhas de crédito, mas caso tenha optado por esse caminho, o consumidor precisa de um planejamento para pagá-las. “Em um primeiro momento as pessoas se sentem confortáveis ao tomar o crédito, como se o problema estivesse resolvido, mas esquecem do planejamento financeiro para pagar a dívida e com as altas taxas de juros, elas entram em inadimplência”.
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Glaciano vai na mesma linha. “O cartão de crédito é um meio de pagamento e não deve ser visto como vilão. Na realidade, a falta de planejamento que se torna uma vilã nessa equação”, afirmou.
O que fazer quando já está inadimplente?
Na situação de inadimplência se encontram mais de 70 milhões de brasileiros, conforme os dados do Serasa. Marchiori destaca que a melhor saída está na renegociação. “Existe a possibilidade de renegociar essa dívida. Na renegociação dá para obter um desconto grande nos juros, nas multas e uma maior flexibilidade para aumentar o prazo de pagamento”, disse.
Buscar novas fontes de renda também pode ser uma saída. Benefícios do governo, como o Sistema de Valores a Receber (SVR) do Banco Central, o abono salarial do PIS/Pasep e a restituição Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) podem dar um desafogo ao consumidor, por mais que eles não possam ser considerados como fontes de renda constantes.
Ariane Benedito, economista especialista em mercado de capitais, explica que outras formas de conseguir fontes de renda devem ser construídas antes de utilizar o crédito. “Fazer outros trabalhos e conseguir fontes de renda alternativas ajudam a sair da inadimplência. Deixe para usar os instrumentos de financiamento, como o cartão de crédito, em último caso”, orienta.
A inadimplência na população mais pobre
De acordo com a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), na entrada do ano de 2023, a parcela da população que mais se endividou foi a que recebe até três salários-mínimos mensais. Dentro desta faixa salarial, 79,2% está endividada.
Benedito explica que a população desta faixa salarial têm mais chances de se endividar porque utilizam modalidades de crédito para itens e serviços básicos de sobrevivência. “Essas pessoas se endividam porque elas não têm os recursos necessários para manter o padrão mínimo que precisam para viver, como vestimenta, educação e contas. Elas acabam usando recursos que parecem facilitadores, como o cartão de crédito e linhas no banco”, disse.
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No entanto, Marchiori traz um outro lado do endividamento. De acordo com ele, a população das classes D e E são melhores pagadores que a população de renda superior. O motivo? Os baixos valores de inadimplemento. “As dívidas menores são mantidas sob controle muito mais facilmente que as dívidas maiores”, explicou.